Há 136 anos, pelas mãos da Princesa Isabel, o regime escravocrata era abolido no Brasil, com a assinatura da Lei Áurea. Estima-se que, naquele momento, havia 700 mil pessoas que viviam sob essa condição e que foram libertadas.

Entretanto, as mazelas decorrentes de mais de 300 anos de opressão às populações trazidas da África não foram sanadas ou dirimidas com a abolição do regime. Desta forma, predomina um entendimento nos movimentos negros do Brasil que o dia 13 de maio não seria uma data para comemoração, mas para reflexão e ação em prol da luta antirracista.

Esta é a visão da educadora social Romilda Pizzani, que é também Coordenadora do Fórum Municipal de Cultura de Campo Grande. “Para o movimento negro, o 13 de maio é um marco emblemático que evidencia as desigualdades persistentes na sociedade brasileira. É uma oportunidade para refletir sobre como melhorar as condições de vida da população negra e promover uma verdadeira igualdade social”, disse.

Para ela, outras datas, como o 20 de novembro (Dia da Consciência Negra) e o 21 de março (Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial), são ainda mais importantes na luta contra a desigualdade racial. 

Ela ressalta que o 13 de maio não é uma data para festividades, mas sim para provocar reflexões sobre o lugar e o papel da população negra na sociedade brasileira.

“Embora historicamente associado à libertação da escravidão, o 13 de maio não trouxe benefícios significativos para os negros, e, portanto, não há motivo para comemoração. Pelo contrário, é uma oportunidade para questionar o papel e os direitos dos negros na sociedade atual”, afirma Romilda.

Neste sentido, destaca a importância de utilizar essa data para promover ações simbólicas que ressignifiquem a história e a cultura afro-brasileira, como a aprovação de leis que reconheçam e valorizem as religiões de matriz africana.

Lei municipal instituiu novo marco para negros em Campo Grande

Um exemplo é a aprovação na Câmara dos Vereadores de Campo Grande, no último dia 9, da lei que institui o Dia Municipal do Preto Velho, em proposta da vereadora Luiza Ribeiro (PT). A matéria seguiu para sanção da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP).

Caso sancionada, a lei determina que o dia 13 de maio seja também alusivo ao Preto Velho, uma linha de trabalho de entidades de umbanda. Em Campo Grande, há um monumento e praça em homenagem ao Preto Velho, localizados no bairro Jardim Paulista.