Dívidas com ex-funcionários, com fornecedores e prestadores de serviço. O fechamento da rede Supermercados Soares, que abriu as portas em outubro de 2016 e encerrou as atividades de sua última unidade em julho, gerou prejuízo milionário a dezenas de pessoas. 

Com faturamento de R$ 60 milhões no ano de 2023, segundo consta no processo judicial, o negócio entrou com pedido de recuperação judicial, após problemas de gestão e um golpe aplicado por ex-funcionária.

No entanto, o empreendimento deixou para trás dezenas de pessoas lesadas. 

Uma das empresas que atendia a rede, especializada em abastecimento e reposição de mercadorias, interrompeu o atendimento às lojas em março de 2023 amargando um prejuízo que ultrapassa R$ 85 mil.

“Eles deixaram várias dívidas, não somente comigo, mas com vários outros fornecedores, clientes nossos e também funcionários. Essa dívida está em torno de R$ 8 milhões aqui em Campo Grande”, conta um dos sócios da prestadora de serviços, que prefere não ter o nome citado.

“Tentamos negociações com o proprietário, mas o mesmo não me responde. A última vez que eu consegui falar com ele foi em junho do ano passado. De lá para cá, as mensagens chegam, mas ele não responde”, conta o empresário.

A rede 

Sob o nome de “Mercado Soares” no início das atividades, a rede chegou a 6 lojas e faturamento de R$ 7 milhões mensal, contando com mais de 200 colaboradores.

O empreendimento começou como negócio familiar, com pais, os dois filhos e as duas esposas deles trabalhando na primeira unidade, aberta no Jardim Los Angeles, em Campo Grande.

Somente seis meses após a abertura da primeira loja que a primeira funcionária foi contratada, já em 2017. 

Em 2021, no entanto, o Mercado Soares cresceu de maneira estrondosa e, em junho, os proprietários inauguraram a quarta loja.

O sucesso levou, então, à abertura de outras 3 unidades entre o final daquele ano e outubro de 2022, chegando ao total de 6 unidades.

Segundo o pedido de recuperação judicial, com o crescimento exponencial acelerado, o grupo familiar passou a enfrentar dificuldades de gestão, e ainda sofreu um golpe por parte de uma de suas colaboradoras, que teria desviado cerca de R$ 400 mil da rede. 

Mudança para continuar na ativa

Um dos ex-funcionários, que trabalhou no grupo por pouco mais de 1 ano e exerceu o cargo de gerente, conta que, assim que começaram a fechar as unidades, os proprietários abriram outros negócios usando o nome de parentes para fugir das dívidas.

“Eles não têm nada no nome deles, e o pior de tudo é que vão trabalhar normalmente com outros CNPJs, devendo todos os funcionários e fornecedores”, afirma o trabalhador.

Situação na Justiça

Para o ex-funcionário, a Justiça poderia ter determinado alguma forma de pagamento assim que os processos foram tendo sentença.

No entanto, os donos da rede alegaram falência e entraram com pedido de recuperação judicial. “Apenas para ganharem um pouco mais de dinheiro e continuarem com as portas abertas”, completa.

Dessa forma, os proprietários ficaram quase um ano trabalhando normalmente após o fechamento das primeiras lojas.

“Se a justiça fosse favorável aos trabalhadores em modo geral, teria determinado uma forma de pagarem enquanto tivessem com as portas abertas”, desabafa.

O que dizem os acusados

O Midiamax entrou em contato com um dos proprietários e também com o advogado que representa o grupo. No entanto, nenhuma resposta foi concedida. O espaço segue aberto.

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