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Cotidiano

Mãe que perdeu o filho para a fumaça em 2020 é única brigadista mulher nos incêndios do Pantanal em 2024

A fumaça invadiu a casa de Débora e seu filho de 5 não resistiu; agora, ela trabalha diariamente e tenta salvar a vida de outras crianças
Valesca Consolaro, Dândara Genelhú -
Débora Ávila, brigadista do Prevfogo (Foto: Alicce Rodrigues)

O ano era 2020, o Pantanal de Mato Grosso do Sul estava em chamas e a biodiversidade, incluindo vegetação e animais, queimava no fogo. Além do bioma em si, pessoas também sofreram, principalmente em decorrência das fumaças, levando até algumas à morte. Um desses casos foi vivido por Débora Ávila, de 42 anos, que à época perdeu seu filho de 5 meses, em decorrência de uma parada respiratória, causada pela fumaça dos incêndios.

Agora, em 2024, o Pantanal voltou a queimar com maior intensidade e Débora é a única mulher brigadista do Prevfogo atuando no combate aos incêndios. Há seis meses, ela trabalha diariamente no controle das chamas, enquanto revive a dor que passou e tenta salvar a vida de outras crianças.

“Quando eu perdi meu filho, eu não gostava brigadistas”, lembrou. Para ela, em 2020, os profissionais haviam falhado no combate aos incêndios naquele ano. “Eu queria achar alguém culpado para poder jogar a culpa do meu filho ter falecido por conta da fumaça”, lembrou.

À época, a fumaça invadiu a região, incluindo o município de Corumbá, onde Débora vivia com seu filho. O menino nasceu com síndrome de Edward, alteração genética que pode causar problemas no funcionamento de diferentes órgãos. Ela ouviu dos médicos que a fumaça das queimadas foi um dos motivos que colocaram fim à vida do bebê.

Ela explica que sua opinião sobre os brigadista mudou após ver de perto o trabalho realizado por esses profissionais. “Hoje, para mim, os brigadistas são heróis”, disse.

Débora se inscreveu na seleção do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis), foi selecionada e passou nos testes físicos. Mostrou que poderia carregar o tubo de água nas costas e também o soprador para findar o fogo. Aprendeu até como operar a motosserra, fundamental para avançar no terreno ameaçado pelas chamas.

“Penso eu quando coloco a minha cabeça no travesseiro, muitas mães estão tendo mais dias com o filho, porque é grave isso, não é brincadeira, isso aí é muito grave. Quando a fumaça invade a cidade, tem mãe passando sufoco com o filho, com falta de ar, idosos”, destacou.

(Foto: Alicce Rodrigues)

Rotina de combate ao fogo

Débora conta que, durante os combates aos incêndios, o corpo costuma ficar muito aquecido por conta do fogo. É nesse momento que o profissional deve fazer uma pausa, para esfriar o corpo e então poder retornar ao trabalho.

Ela lembra sobre a importância de haver mais conscientização, para não cometer queimadas proibidas, principalmente em razão de como a vida das pessoas é afetada por isso.

“Fico feliz na parte de diminuir a fumaça ali, mas triste com que a pessoa não tem a conscientização do que ela está fazendo”, finalizou.

“Novo normal” do Pantanal

O presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Rodrigo Agostinho, alertou sobre as mudanças climáticas permanentes no Pantanal durante a visita do presidente Lula à Corumbá nesta quarta-feira (31).

Agostinho afirma que a seca extrema que o bioma enfrenta neste ano é resultado das mudanças climáticas sentidas mundialmente. Mato Grosso do Sul enfrenta a maior seca dos últimos 70 anos.

“A gente sabia, sim, que ia ter uma seca muito prolongada e sem sombra de dúvida daqui para frente os eventos extremos acontecerão em larga escala no mundo todo. As mudanças climáticas vieram para ficar. O que, obviamente, a gente precisa é se antecipar, melhorar nossa capacidade de resposta”, disse.

Mais de 600 mil hectares queimados

Informativo do Monitoramento de Incêndios Florestais em Mato Grosso do Sul, indica que, neste ano, houve um aumento de 2.397,8% no bioma do Pantanal em relação ao ano de 2023. A área queimada é de quase 607 mil hectares. Os dados atualizados foram divulgados na quinta-feira (25).

No Pantanal, o perigo de fogo encontra-se entre o risco “muito alto” a “extremo” e os dias entre 26 e 28 de julho podem ser os mais críticos.

Os municípios de Corumbá (86,9%), (6,7%) e (4,9%) concentram juntos 98,5% dos focos de calor no Pantanal de MS, conforme os dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

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