Painel online sobre o movimento grevista no IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) aponta que 67% dos servidores do instituto aderiram à iniciativa. São 69,97% docentes participando e 64,74% técnico-administrativos. A greve foi deflagrada pelo Sinasefe/MS (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica) no dia 3 de abril.

A ferramenta, criada para deixar os impactos do movimento grevista à comunidade acadêmica mais claros e de fácil entendimento, apresenta um panorama sobre a quantidade de dias letivos de reposição que serão necessários e tem seus dados atualizados automaticamente, conforme as atualizações feitas pelos campi. As informações podem ser consultadas na página Saiba mais sobre a greve

A plataforma foi desenvolvida pela Prodi (Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional) por meio do Google Data Studio, ferramenta que permite a visualização interativa de dados e criação de relatórios personalizados.

Conclusão do calendário de 2024 em 2015

Segundo o painel, o saldo de dias disponíveis para reposição de dias letivos no primeiro semestre já está negativo nos 10 campi do IFMS. “Existe a possibilidade, como já aconteceu em movimentos grevistas anteriores, de que o ano letivo de 2024 só seja concluído em 2025”, analisa Anderson Correa, um dos servidores que têm feito a interlocução entre o IFMS e o Sinasefe/MS.

A instituição não prevê suspensão do calendário acadêmico, inclusive porque há impedimento legal para a adoção dessa medida. “Suspensão no calendário acarretaria na suspensão de todos os auxílios pagos aos estudantes em situação de vulnerabilidade social, sendo que muitos usam esses recursos até para se alimentar”, completa Anderson.

Reposição de aulas

De acordo com a pró-reitora de Ensino, Cláudia Fernandes, o cronograma de reposição deve ser construído coletivamente, por meio do diálogo e colaboração com os diversos atores envolvidos no processo educacional.

Para isso, algumas questões definidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional deverão ser obrigatoriamente observadas, dentre as quais:

  • a reposição de aulas presenciais deverá ser presencial, com a presença física do estudante e do docente;
  • devem ser respeitados os 100 dias letivos por semestre;
  • deve ser reposta toda a carga horária;
  • deve ser reposto todo o conteúdo, e
  • a reposição considerará os turnos ofertados (matutino, vespertino e noturno) 

Outros aspectos devem ser considerados, de acordo com a pró-reitora. “Isso inclui considerar a disponibilidade de recursos e infraestrutura necessários para as atividades de reposição, bem como garantir que nenhum estudante seja prejudicado devido a dificuldades pessoais ou logísticas decorrentes da greve. É crucial também evitar que as famílias sejam sobrecarregadas com custos adicionais para garantir o pleno exercício do direito educacional de seus filhos”, analisa. 

Também devem ser consideradas, segundo Cláudia, questões como a divulgação efetiva dos dias e horários das aulas a serem repostas; e o transporte local, de modo a possibilitar o acesso ao campus. De acordo com a pró-reitoria, sábados e recessos não previstos em calendário anterior à greve como letivos poderão ser utilizados para reposição. 

Alterações já feitas no calendário

“No caso específico da Semana do Meio Ambiente, que ocorreria neste mês, nós fomos obrigados a alterar o cronograma do evento e os coordenadores nos campi estão tendo que reprogramar todas as atividades previstas para os meses de junho ou julho. Já a Semana de Consciência Indígena, que deveria ter sido realizada em abril, nós definimos que poderá ocorrer até o final do primeiro semestre letivo”, explica Anderson.

Além desse evento, os JIFMS (Jogos do IFMS), previsto para junho, no Campus Corumbá, deverá ser impactado. Com isso, “pode ser que o IFMS não participe das etapas regional e nacional dos Jogos dos Institutos Federais, por não ter conseguido realizar a etapa estadual. Essa é uma questão, inclusive, que está sendo avaliada pelo Conif [Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica]”, comenta.

Outra alteração necessária foi no cronograma do edital de concessão da bolsa-atleta a estudantes do IFMS. Segundo Anderson, tudo indica que será preciso prorrogar novamente o prazo para submissão de projetos.

O que diz a reitoria

“Reconhecemos o direito de greve como uma expressão legítima. No entanto, é fundamental assegurar que nossos estudantes não sejam ainda mais prejudicados.”, pontua a reitora Elaine Cassiano. 

“Estamos em busca de uma solução equilibrada que contemple tanto aulas quanto momentos de diálogos sobre as reivindicações. Respeitamos os direitos dos servidores, mas não iremos comprometer a educação dos nossos estudantes”, completa.