O grupo que, desde sábado (11), ocupa uma área pública no bairro São Jorge da Lagoa, em Campo Grande, teve os barracos destruídos pela segunda vez na mesma semana. Nesta quarta-feira (15), equipes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e Emha (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários) estiveram no local e desmontaram o acampamento levantado por famílias que residem em uma ocupação no São Jorge da Lagoa.

As famílias receberam notificação judicial para deixar o local onde moram e, depois disso, passaram a levantar acampamento no terreno que pertence à Prefeitura. Dessa forma, na segunda-feira (13), os barracos foram desmontados e três pessoas conduzidas para a 6ª Delegacia de Polícia durante a desocupação.

Contudo, mesmo sem autorização para ficar na área, o grupo, que insiste em permanecer no local, reergueu o acampamento na terça-feira (14). Nesta tarde, os barracos foram destruídos, mais uma vez.

“Ontem nós deixamos o acampamento porque estava muito frio. Hoje de manhã quando retornamos estava tudo queimado. Limpamos, levantamos o acampamento mais uma vez e quando foi por volta das 12 horas, equipes da Guarda e da Emha vieram e destruíram tudo”, relata Angélica Luz, uma das moradoras que receberam ordem judicial para deixar o prédio que ocupa, no bairro São Jorge da Lagoa.

Apesar de ser a segunda vez que o acampamento é desmontado, o grupo insiste em ficar no local e promete levantar o acampamento mais uma vez. “Vamos montar de novo”, garante. A equipe de reportagem do Jornal Midiamax tentou falar com diretor-presidente da Emha a respeito da situação, mas não conseguiu contato. O espaço permanece aberto para manifestações.

Diretor-presidente da Emha diz que não vai aceitar novas ocupações

Na segunda-feira, o diretor-presidente da Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários, Claudio Marques, afirmou que não vai aceitar novas ocupações em Campo Grande

“Estamos tentando manter a área a buscando a ordem. Nas ocupações consolidadas, nós buscamos a regularização, mas tentativa de ocupação, não será aceita. Não vai ter invasão. Isso desorganiza todo o processo de habitação social”, afirmou.

Ele também disse que as famílias retiradas do local devem retornar para o prédio que ocupam e esperar pelo processo de regularização. Porém, não há previsão para solução dessa questão.

No local, há uma casa onde mora a faxineira Maria Gomes da Silva. À equipe do Jornal Midiamax, ela contou que a família recebeu o terreno da Prefeitura há cerca de 40 anos, quando se mudou para o local.

O diretor-presidente da Emha explicou que se trata de uma área pública e que a moradora tem permissão de uso. Por isso, não deve ser retirada de lá antes que haja uma análise da Comissão de Assuntos Fundiários para definir se ela permanecerá, ou se será destinada a uma nova moradia.

Uso de spray de pimenta durante desocupação

Famílias que estavam na área disseram à equipe do Jornal Midiamax que foram retiradas do local sob uso de força. Até mesmo, acusaram a equipe da Guarda Civil Metropolitana de disparar spray de pimenta contra eles durante a desocupação.

Equipe da Guarda Civil Metropolitana, que estava no local, negou ter usado força, ou qualquer material químico. Entretanto, um vídeo gravado, pelas pessoas que estavam no local, mostra o momento em que um dos agentes lança o spray de pimenta na direção deles.

Durante a desocupação, três pessoas foram detidas. Dois homens acabaram encaminhados diretamente para a 6ª Delegacia de Polícia. Já a mulher disse que está grávida e que não estava se sentindo bem, por isso seguiu para avaliação médica em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Assim, após receber o atendimento, ela deveria ser direcionada para a delegacia.

A equipe de reportagem do Jornal Midiamax solicitou por email posicionamento oficial sobre o uso do spray de pimenta, mas até o fechamento desta matéria, não obteve retorno. O espaço permanece aberto para manifestações.