Mato Grosso do Sul tem enfrentado uma seca histórica e o pior ano dos incêndios florestais em 2024. Há dois meses o Estado tem atingido recordes em queimadas e as autoridades alertam para um trimestre ainda mais crítico, devido às condições climáticas severas. Nesse contexto, brigadistas enfrentam desafios sobre-humanos no combate às chamas.

Este cenário – considerando estiagem, baixa umidade relativa do ar e ventania – tem prejudicado a atuação de brigadistas no Pantanal, que precisam estar em alerta a todo momento, prontos para mudar estrategicamente o combate caso necessário.

Um exemplo disso é um episódio vivenciado por uma corporação da CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar de MS) na última quarta-feira (31), que foi surpreendida com a formação de um redemoinho de fogo enquanto atuava na região da Serra do Amolar.

Segundo a tenente-coronel e diretora de proteção ambiental do Corpo de Bombeiros, Tatiane Inoue, o fenômeno não é comum, mas acontece quando ventos muito intensos começam a vir de diferentes lados.

Brigadistas mudam estratégia

Na quarta (31), uma equipe de militares fazia aceiros na região da Fazenda Santa Tereza, quando o vento começou a mudar drasticamente de direção em curtos períodos.

Assim, as chamas que estavam em apenas um local se alastraram para a área em que a corporação trabalhava, exigindo que ela mudasse a estratégia de combate urgentemente.

Enquanto os militares faziam novos aceiros para impedir que o fogo atingisse outros pontos da mata, o vento voltou novamente a mudar de direção, produzindo um redemoinho de fogo. Com o risco de serem atingidos, os militares começaram a buscar uma possível rota de fuga.

“No meio do caminho iniciamos o combate direto com mochilas costais e sopradores. Tivemos o apoio do trator puxando o [caminhão] pipa e o outro fazendo aceiros para cercar o fogo”, conta o tenente Lucival Júnior, que comandava uma das equipes de brigadistas no dia.

“Ao encontrar com a guarnição comandada pelo tenente Nunes, tomamos conhecimento de que a equipe teve que retrair da posição rapidamente, pois o vento mudou de direção repentinamente, pegando-os de surpresa. Os sargentos Roque e Moisés, inclusive, tiveram que se abrigar em um açude para se proteger das chamas e da fumaça densa”, acrescenta ele.

O militar conta ainda que durante a passagem das chamas foram atacando os focos que apareciam até que conseguissem chegar à sede de uma propriedade. As chamas, por sua vez, passaram e foram rumo ao sul, em uma grande linha de fogo.

Confira o vídeo que mostra o momento em que o redemoinho ‘cerca’ a guarnição:

Previsão climática não indica mudanças significativas

Em live realizada pelo Governo do Estado, que atualizou o cenário de incêndios florestais no Pantanal em Corumbá, Valesca Fernandes, coordenadora do Cemtec (Centro de Monitoramento de Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul), apontou que o mês de agosto não será de refrescos e o período mais delicado ainda está por vir.

Isso porque, dos dias 1° a 7 de agosto, o tempo segue firme na região pantaneira, com temperaturas estáveis e acima da média, entre 34 °C a 37 °C.

A umidade relativa do ar também seguirá baixa, entre 10% a 30%. Isso, segundo Valesca, propicia um cenário de difícil enfrentamento aos incêndios florestais, até mesmo por meio de aeronaves.

Na quinta e sexta-feira da próxima semana deve haver um aumento de nebulosidade, resultado de uma frente fria que se aproxima do Estado, mas a probabilidade de chuvas é mínima na região pantaneira. Sem a previsão de chuva, a probabilidade de fogo no próximo trimestre é de alerta máxima.

Este alerta também vale para as outras regiões do Estado. As regiões central, sudeste, leste e nordeste representam níveis de atenção e observação.

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