Em meio aos conflitos indígenas que acontecem em diferentes locais de Mato Grosso do Sul, mais um caso de indígena baleado foi confirmado, chegando a três casos confirmados. Segundo informações preliminares do MPI (Ministério dos Povos Indígenas), ao menos duas pessoas foram baleadas em Caarapó, entre elas, um cacique de 52 anos.

As informações foram divulgadas na tarde desta terça-feira (16), pelas redes sociais do Coletivo Terra Vermelha, após posicionamento do MPI. O Ministério confirmou que houve ao menos três ataques armados nos territórios Guarani e Kaiowá.

A reportagem solicitou mais informações juntamente ao MPI e à Sesai (Secretaria de Saúde Indígena), que esteve no local, para saber como está a saúde do indígena ferido. Não houve retorno até a publicação. O espaço permanece aberto para acréscimo de informação.

No caso de Douradina, o MPF (Ministério Público Federal) confirmou ontem (15) que dois indígenas foram feridos na Terra Indígena Panambi – Lagoa Rica. Um homem de 44 anos foi atingido por munição letal na coxa esquerda, e Celia Jorge, idosa, cuja idade não foi divulgada.

“Os proprietários rurais teriam se unido e formado um comboio com várias caminhonetes para realizar a reintegração de posse, portando fogos de artifícios e armas de munições letais e não-letais, o que teria resultado nos ferimentos que foram verificados pelo MPF”, informou o MPF em nota.

Investigações em andamento

Ainda em nota desta segunda-feira (16), o MPF informou que irá instaurar um Procedimento Investigatório Criminal para apurar as eventuais infrações penais em Douradina e Caarapó.

Na noite de domingo (14), um grupo de indígenas foi atacado na Terra Indígena Panambi – Lagoa Rica e conflito com fazendeiros acontece no local desde então.

Já a Polícia Civil de Douradina abriu uma investigação sobre o ataque ocorrido, que está sendo tratado como tentativa de esbulho possessório. Segundo o delegado Gustavo Mucci, a Polícia Militar foi até o local e ninguém foi detido na ocasião.

Acionada pelo Jornal Midiamax, a Polícia Federal informou que deu início a fase investigatória para o esclarecimento dos fatos e que acompanha o conflito no local com a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e MPF.

Reivindicação vai além de terras em Douradina

Uma onda de violência acontece em MS. Alvo da retomada desde a tarde de domingo (14), a Terra Indígena Panambi – Lagoa Rica é oficialmente reconhecida, identificada e delimitada com 12,1 mil hectares desde 2011. Seu processo de demarcação, contudo, está paralisado por conta de medidas que tentam instituir a tese do Marco Temporal.

Segundo nota da Aty Guasu, em represália à retomada, durante a tarde de domingo, os indígenas foram atacados por fazendeiros da região, que invadiram a comunidade em bando. Durante o ataque denunciado, no tekoha Guayrakamby”i, um indígena foi alvo de tiros, ficando ferido na perna.

As reivindicações dos indígenas em MS vão além da antiga busca pela retomada do território ancestral. A comunidade também objetiva a cessão da pulverização de agrotóxicos pelos produtores rurais que, segundo eles, são constantemente despejados há poucos metros das casas e nascentes da qual fazem o consumo da água.

“Após ouvir o relato da comunidade, o MPF se deslocou para a sede da propriedade rural apontada pelos indígenas como responsável pela organização do ataque e retirada. A Polícia Federal acompanhou o trabalho”, informou o MPF (Ministério Público Federal), que atua no local de conflito.

Conflitos acontecem em diferentes regiões do país

No total, foram seis atentados contra comunidades indígenas em menos de 48 horas em todo o Brasil. Além de MS, Paraná e Rio Grande do Sul também registraram casos.

Diante dos ocorridos em Douradina, os Guaranis e Kaiowás de Caarapó também retomaram uma área no domingo. Uma jovem foi atingida na perna e, até o final da tarde de domingo, encontrava-se no território, sem atendimento médico.

Este é o mesmo local que foi palco do conflito conhecido como ‘Massacre de Caarapó’. Na ocasião, o indígena Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza foi morto a tiros em 2016. Na época, homens armados e uniformizados, em dezenas de caminhonetes, invadiram o território e atiraram contra a comunidade, resultando na morte e ferimento de outras cinco pessoas.

Imagens divulgadas nas redes sociais também mostram um grupo de indígenas de Dourados se deslocando por uma estrada, com sacolas, familiares e animais de estimação, fugindo da perseguição.

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