Compartilhar histórias é refúgio para quem lida com a saudade de um ente desaparecido

O Dia da Pessoa Desaparecida busca humanizar as histórias de famílias e vítimas no Brasil

Jennifer Ribeiro – 30/08/2024 – 10:42

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Acolhimento pode ser afago para quem busca por um ente querido (Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

A cada 24 horas, duas pessoas desaparecem em Mato Grosso do Sul. Os dados são do Sinesp-VDE, um painel estatístico produzido pela Diretoria de Gestão e Integração de Informações do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Dos estados que compõem a região Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul apresenta os menores registros de desaparecidos em 2024. Apesar disso, só de janeiro a julho deste ano, 496 pessoas foram declaradas desaparecidas. Conforme as estatísticas, os homens maiores de 18 anos são as principais vítimas.

No Brasil, uma pessoa é considerada desaparecida, para fins legais, quando há quebra repentina da rotina e seu paradeiro é desconhecido. Quando isso acontece, mesmo fragilizadas, as famílias precisam avançar nas buscas e dedicam horas dos seus dias numa corrida angustiante contra o tempo.

Para lembrar da necessidade de destinar um olhar mais humanizado para essas pessoas e seus familiares, que lidam por meses, anos e até décadas com a falta de notícias sobre o ente, foi criado o Dia da Pessoa Desaparecida, celebrado em 30 de agosto, em memória de quem ainda não retornou para o lar.

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Programa Paradeiro

Pensando nas pessoas que são impactadas diretamente com o desaparecimento de alguém especial, a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) desenvolveu o programa Paradeiro.

No ponto de encontro, familiares e amigos de pessoas desconhecidas de reúnem para trocar experiências, minimizar o sentimento de solidão, o luto incompleto e a angústia da incerteza do paradeiro da pessoa estimada.

Conforme os organizadores do projeto, o objetivo é oferecer uma escuta qualificada e acolhimento, organizando reuniões semanais com diálogos mediados com psicóloga, gratuitamente.

Para quem tem interesse em participar do grupo de apoio, os encontros são presenciais, às sextas-feiras, das 14h às 16h, no campus da UFMS, no bloco da FACH 2, sala 2. Não é necessário se inscrever antecipadamente. Indo ao local, a pessoa já receberá o encaminhamento até a sala.

Como comunicar um desaparecimento

Quando se percebe o desaparecimento de um ente, a primeira coisa que se deve fazer é entrar em contato com a Polícia Militar por meio do número de emergência 190.

Neste momento, por mais difícil que seja controlar a emoção, é fundamental manter a calma. Dessa forma, as informações serão prestadas com mais clareza às autoridades.

Em seguida, é necessário reunir informações, documentos e fotografias da pessoa desaparecida para registrar o boletim de ocorrência.

As fotos devem ser nítidas e atuais. Informar características físicas da pessoa desaparecida, como altura, cor da pele, peso e cor dos olhos é imprescindível. Também é válido informar se a pessoa possui cicatrizes, marcas de nascença, tatuagens, piercings ou próteses.

Outra informação que deve contribuir no trabalho das autoridades é informar sobre as roupas que a pessoa usava antes de seu desaparecimento e até, se ela possui alguma doença física, mental ou emocional.

Durante o registro, as autoridades também perguntarão sobre o último local em que a pessoa foi vista, qual sua rotina e dados de suas redes sociais. Descrever o contexto do desaparecimento também pode auxiliar nas buscas. Vale pontuar que a polícia também deve ser comunicada caso a pessoa seja encontrada.

Campanha de Identificação

Até esta sexta-feira (30), acontece em Mato Grosso do Sul a Mobilização Nacional de Identificação e Busca de Pessoas Desaparecidas, cujo objetivo é coletar material genético e impressões digitais de familiares de desaparecidos.

No estado, a campanha é coordenada pela Polícia Civil, por meio da DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa) e da Polícia Científica, via IALF (Instituto de Análises Laboratoriais Forenses). A campanha terá três fases.

Conforme Josemirtes Prato, diretora do IALF, a primeira fase, que acontece até esta sexta, busca coletar amostras de DNA de familiares de desaparecidos.

Em Mato Grosso do Sul, há 15 pontos de coleta. Para realizá-la, a pessoa deve apresentar o boletim de ocorrência do desaparecimento. Vale pontuar que todo o processo é rápido e indolor.

Já a segunda etapa consiste na coleta de impressões digitais e material genético de pessoas vivas cuja identidade é desconhecida.

Todos os dados coletados serão armazenados nos Bancos Estadual e Nacional de Perfis Genéticos, que realizam o confronto automático com as amostras dos familiares de todo o país.

Por fim, será realizada a pesquisa de impressões digitais de corpos não identificados armazenadas em cada unidade federativa. Estes dados serão comparados com os registros existentes nos bancos de biometrias. Todas as informações integrarão a Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos.

Acervo Genético

O relatório mais recente da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos, divulgado em julho de 2024, aponta a existência de 19.450 perfis coletados em amostras relacionadas a casos de desaparecimento.

Desses, 8.895 são de familiares em busca de entes queridos, representando apenas 4,03% dos 220.465 cadastros registrados entre novembro de 2014 e maio de 2024. O restante inclui vestígios de crimes e identificações criminais.

Pontos de Coleta em Mato Grosso do Sul

Em todo o Mato Grosso do Sul, há 15 postos de coleta de material genético e impressões digitais localizados nos municípios de Campo Grande, Amambai, Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Costa Rica, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas. Para mais informações sobre os endereços, basta acessar o site da Polícia Civil ou procurar uma das delegacias do estado.

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