Em visita da Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, à região das retomadas na região Conesul de Mato Grosso do Sul, produtores rurais ressaltaram a preocupação com o próximo plantio, que, segundo eles, pode ser atrapalhados pelas ações de retomada.

Ruralista Fábio Oliveira de Araújo alega que uma “minoria está causando isso”. “Nos vizinhos tem pessoas idôneas que, até por problemas de saúde, não podem estar aqui. Por isso que nós, como vizinhos, estamos aqui representando eles”, conta ao Jornal Midiamax.

Eles explicaram que aquelas terras estavam desocupadas até a Guerra do Paraguai, que durou até 1870. Depois disso começou a ser ocupada por colonos e foi ‘regularizada’ pela reforma agrária na Era Vargas.

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Produtor rural Fábio Oliveira (Nathalia Alcântara, Jornal Midiamax)

Na área da Terra Indígena Panambi – Lagoa Rica tem mais de 12 mil hectares delimitados desde 20211. “Aqui tudo é colono nascido aqui e a grande maioria é minifúndio. Tem um ou outro que arrenda, mas a maioria tem30, 60 hectares. O pessoal quer paz. O pessoal quer plantar porque daqui 30 dias começa o plantio e como é que vai plantar?”, alega o produtor Antônio Jobim.

Desde o dia 19 de junho, o ruralista Gilmar Souza Silva está com parte da sua propriedade ocupada pelos indígenas. “A gente tinha uma convivência muito boa com nossos vizinhos indígenas. A partir do momento que colocaram que faltava apenas um documento para ser assinado; para eles terem a posse da terra; está acontecendo tudo que está acontecendo hoje”, lamenta.

Os produtores contaram que montaram uma tenda na área de conflito na sexta-feira (2) para evitar que os indígenas avançassem na retomada das terras.

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Tenda montada para evitar que indígenas avancem nas terras (Nathalia Alcântara, Jornal Midiamax)

Ministra tenta apaziguar conflito

Nesta terça, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, chegou ao Mato Grosso do Sul acompanhada de equipe, e viajaram em direção à área de conflito, apesar do clima de tensão por lá nos últimos dias.

“A gente viu situações muito graves, onde os ataques violentos estão acirrando os conflitos. A gente precisa de mediação, a nossa vinda é para promoção da segurança dos indígenas”, disse a ministra ao afirmar que fez questão de ir até a área para tentar pôr fim à violência.

Sônia Guajajara disse que ontem a comissão Guarani Kaiowá pediu investigação da Polícia Federal para apurar quem foram os mandantes dos ataques armados contra os povos indígenas.

Enquanto isso, tem conversado com o STF (Superior Tribunal Federal) para avaliar a situação da área e tentar resolver esse conflito. A Terra Indígena Panambi – Lagoa Rica é uma terra oficialmente reconhecida, identificada e delimitada com 12,1 mil hectares desde 2011. Seu processo de demarcação, contudo, está paralisado por conta de medidas que tentam instituir a tese do Marco Temporal.

Ataques à indígenas

Até sexta-feira (9), a Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica, área de conflito, deve ter 65 agentes da Força Nacional e 24 viaturas atuando na proteção dos povos indígenas. O anúncio de reforço no efetivo foi feito pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, nesta terça-feira (6), durante visita ao local de conflito.

Na área estão acampadas 126 famílias, com 18 idosos, 70 crianças (incluindo bebês) e 50 jovens menores da idade. A poucos metros, proprietários rurais montaram tendas e estão no local com caminhonetes. Representantes dos fazendeiros devem conversar com a ministra, que já ouviu os indígenas.

Major Antonio, da Força Nacional, afirma que o coordenador da missão deve chegar ainda hoje à região e pediu calma aos indígenas. “Peço uma coisa para vocês, para evitarem o conflito. Deixe que a gente cuida da segurança de vocês. Sei que querem o direito de vocês e eles também”, disse.

A situação é tensa na região há cerca de 20 dias e existem denúncias de indígenas baleados por atiradores. Um atirador chegou a ser preso pela Força Nacional e as caminhonetes dos fazendeiros foram revistadas, mas não foram encontradas armas de fogo.