Diversos CTGs (Centros de Tradições Gaúchas) de Mato Grosso do Sul estão unidos para arrecadar itens para doação ao Rio Grande do Sul, diante das enchentes que estão devastando o estado. Migrantes ou filhos de migrantes gaúchos se mobilizam para levar ajuda ao estado de origem. Para voluntários do movimento, as ações mexem com a saudade e o coração.

“Para nós aqui é um motivo assim, muito emocional, porque nós gaúchos fora do estado já temos o sentimento da saudade mais aguçado do que qualquer outro que esteja lá. Aí imagine você tendo esse problema lá e sabendo que tu tem esse parente lá”, pontua João Mello, vice-presidente da Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha.

“Então a gente fica bem emocionado e sem palavras, assim, específicas para dizer o quanto, mas é bastante importante a gente saber que o sul-mato-grossense é um grande colaborador, e sentiu também no coração a mesma coisa que nós gaúchos desgarrados estamos sentindo”, compartilha.

O Jornal Midiamax contabilizou, até o momento, seis CTGs que estão arrecadando doações em MS para envio ao Sul. De acordo com o MTG-MS (Movimento Tradicionalista Gaúcho do Mato Grosso do Sul), existem 21 CTGs no estado sul-mato-grossense. O mais antigo é o CTG Farroupilha, de Campo Grande, criado em 1º de março de 1962. Abaixo, listamos os centros que são ponto de coleta ou estão organizando arrecadações em MS. 

Veja os pontos de arrecadação

  • CTG Tropeiros da Querência, em Campo Grande: Rua Miguel Sutil, 445, Vilas Boas. Horário: das 13h às 19h.
  • CTG Farroupilha, em Campo Grande: Av. Pref. Herácalito Diniz de Figueiredo, 930, Monte Castelo. Horário: das 8h às 18h.
  • CTG Nova Querência, em Maracaju: 876, Av. Perimetral Norte, 744 – Alto Maracaju.
  • CTG Querência da Saudade, em Ponta Porã: Rua Jorge Roberto Salomão, 1740, Vila Ferroviária II.
  • CTG Querência do Sul, em Dourados: Cueca supermercado, Rua Ver. Vitório Pederiva, 343, Jardim Flórida.
  • CTG Sentinela de Amambai, em Amambai: caminhão estacionado na Praça Central da cidade.

Os CTGs são uma iniciativa da sociedade civil criada com o objetivo de divulgar e manter, como o nome já diz, tradições, a cultura e o folclore gaúcho. Os centros celebram, portanto, suas heranças culturais por meio da dança, do esporte e da culinária do Rio Grande do Sul. 

Coração apertado

O comerciante gaúcho Tales Amaro, que mora em Mato Grosso do Sul há cerca de 9 anos e há 6 em Campo Grande, é uma das pessoas engajadas na campanha de arrecadação às vítimas das enchentes no Sul junto com o CTG Tropeiros da Querência. 

Natural de Pelotas, ele conta que a preocupação na região dele, agora, é com o aumento do nível da Lagoa dos Patos.

“Como lá é virada da Lagoa dos Patos, começou a encher agora, de ontem para hoje subiu bastante, então o pessoal todo lá está preocupado agora. Lá não foi a área que pegou essa enchente toda, que devastou, mas a preocupação de lá é agora, na próxima semana porque o nível da lagoa sobe, né?”, relata o empresário.

“Esse escoamento de águas, até sair no mar, passa pela minha cidade. Então muitas cidades ainda podem ser afetadas pela subida das águas da Lagoa dos Patos”, completa.

Ele conta que a mãe por pouco não acabou ilhada também. Com visita ao filho programada na semana passada, ela deixou o estado em um dos últimos voos que saíram de Porto Alegre.

“Minha mãe, inclusive, se tivesse saído um dia depois ela teria ficado ilhada lá em Porto Alegre porque ela rodou através de ônibus 290 quilômetros de Pelotas até Porto Alegre. Aí lá ela embarcou e veio. Mas o restante da família está toda lá, basicamente é só eu aqui”, compartilha Tales.

Ajuda para amenizar a dor

No entanto, ajudar deixa a angústia menor. “(O coração) com certeza fica preenchido. É o mínimo que a gente poderia fazer, não só por ser gaúcho, mas (é questão de) humanidade acima de tudo. Já estive lá na situação, acompanhando de perto enquanto morei no Rio Grande do Sul, fazendo essas doações ali, separação de material e levando até as pessoas que estavam necessitando lá nos abrigos”, lembra.

As doações serão enviadas ao Rio Grande do Sul por meio de caminhões disponibilizados por empresas que estão cedendo o transporte gratuitamente. De acordo com o empresário, há carreta disponível em Campo Grande, Dourados e Maracaju.

“Isso é muito significativo, sabendo que a ação alcança esse nível, essa proporção. E as doações não param de chegar, graças a Deus”, finaliza.