Sem manutenção, bicicletas elétricas colocam ciclistas em risco no trânsito de Campo Grande

Roda de bicicleta travou e ciclista morreu em avenida de Campo Grande

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Manutenção é crucial para evitar acidentes. (Alicce Rodrigues, Midiamax)

O acidente que resultou na morte de Kátia Silene, de 43 anos, levantou discussões sobre o uso e manutenção de bicicletas elétricas em Mato Grosso do Sul. Embora deixada de lado por muitos, a manutenção periódica, que custa cerca de R$ 40, é essencial para evitar problemas, que podem custar vidas.

Ronize Grecce é proprietária de uma loja especializada em bicicletas elétricas e explica que a manutenção nos veículos deve ocorrer mensalmente. Entretanto, nem todos seguem a orientação das lojas.

“Recomendamos uma revisão mensal para regular o freio, ver detalhes. Isso ajuda, por conta da trepidação do asfalto, já que muitos andam em ruas com buracos e terra”, explicou a empresária.

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Ronize Grecce trabalha no ramo há oito anos. (Alicce Rodrigues, Midiamax)

São revisões como essa que podem fazer com que acidentes como o sofrido por Kátia sejam evitados. A vítima faleceu após um parafuso se soltar, ela perder o controle da direção e bater a cabeça no meio-fio, após cair da bicicleta.

O valor da revisão é considerado baixo, cerca de R$ 40. Além disso, é recomendada uma revisão geral anual, essa mais cara, cerca de R$ 300. Seja pelos valores ou falta de costume, não são todos que seguem a recomendação.

Segundo familiares de Kátia, ela mantinha a manutenção de sua bicicleta em dia.

Nem revisão gratuita incentiva condutores

Mesmo não sendo regra, as lojas de Grecce oferecem uma primeira revisão gratuita. “É uma forma de incentivar a pessoa a continuar vindo nas outras revisões”, explicou.

Entretanto, nem mesmo na revisão gratuita os clientes costumam a aparecer.

“O campo-grandense não costuma revisar, metade aparece, mas os outros não aparecem mais. Tem alguns que não vão nem na primeira revisão, que é gratuita, só aparecem quando a bicicleta apresenta algum problema mais grave, um ou dois anos depois da compra”, comentou a empresária.

Enquanto conversava com a reportagem, a equipe de Grecce atendia uma cliente, que realizava a revisão de sua bicicleta, que comprou há cerca de dois anos.

Maria Conceição Pinheiro admite que não costuma levar o veículo periodicamente para o check-up, mas sempre procura os técnicos quando percebe alguma alteração na bicicleta.

“Nunca tive problema, nunca caí ou coisa do tipo. O problema é que as peças são caras, às vezes mais caras do que de uma moto”, disse a cliente.

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Maria Conceição Pinheiro afirma que valor de peças desanima. (Alicce Rodrigues, Midiamax)

Mulher morre em acidente com bicicleta elétrica

Kátia Silene, de 43 anos, morreu na manhã desta terça-feira (6), após cair e bater com a cabeça, no meio-fio, na Avenida Ernesto Geisel, em Campo Grande.

As informações passadas para o Jornal Midiamax são de que ela seguia pela avenida em uma bicicleta elétrica, quando a roda dianteira travou e ela acabou caindo na rua batendo com a cabeça no meio-feio.

Acidente com óbito aconteceu na Av. Ernesto Geisel (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Uma testemunha que presenciou o acidente acionou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

Foi feita tentativa de reanimação, mas a mulher que estava sangrando muito não resistiu e morreu.

Um capacete estava ao lado da vítima. O trânsito no local ficou em meia pista.

Empresa de bicicletas elétricas lamenta morte

A revendedora da bicicleta elétrica Gambaratto divulgou um comunicado sobre o acidente fatal, em Campo Grande.

A nota de pesar da Gambaratto Bike Shop diz que as causas do acidente ainda não foram devidamente apuradas.

“O que se tem notícia é de que a velocidade e capacete poderiam ter contribuído ao desfecho trágico e não há como se imputar nenhuma falha técnica antes da conclusão das perícias”, traz o texto enviado ao Jornal Midiamax.

A empresa ressalta ainda que os produtos comercializados são submetidos a padrões de qualidade e segurança e estão autorizados pelos órgãos reguladores. Além disso, os clientes são orientados quanto ao uso dos veículos.

“[…] após a venda presta toda a assistência de reparo e garantia a seus consumidores, bem como oferece vistorias, prazos necessários para realização de troca de peças e ainda revisões obrigatórias e programadas, visando sempre proporcionar a máxima segurança aos nossos clientes”, esclarece.

Nem tudo é bike elétrica

A diretora de atividades de trânsito do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito) de Mato Grosso do Sul, Elijane Coelho, explica que muitas pessoas fazem confusão entre bicicleta elétrica, veículo autopropelido e ciclomotor

Resolução Contran nº 996/2023 traz as definições desses veículos. No caso da bicicleta elétrica e do autopropelido não é preciso fazer o registro do veículo e nem ter CNH.

Confira a diferença:

Bicicleta elétrica

  • veículo de propulsão humana, com duas rodas;
  • provido de motor auxiliar de propulsão, com potência nominal máxima de até 1000 W (mil watts);
  • provido de sistema que garanta o funcionamento do motor somente quando o condutor pedalar (pedal assistido);
  • não dispor de acelerador ou de qualquer outro dispositivo de variação manual de potência;
  • velocidade máxima de propulsão do motor auxiliar não superior a 32 km/h (trinta e dois quilômetros por hora);

Veículo autopropelido

  • dotado de uma ou mais rodas;
  • dotado ou não de sistema de autoequilíbrio que estabiliza dinamicamente o equipamento inerentemente instável por meio de sistema de controle auxiliar composto por giroscópio e acelerômetro;
  • provido de motor de propulsão com potência nominal máxima de até 1000 W (mil watts);
  • velocidade máxima de fabricação não superior a 32 km/h (trinta e dois quilômetros por hora);
  • largura não superior a 70 cm (setenta centímetros) e distância entre eixos de até 130 cm.

Bicicleta elétrica pode andar na ciclovia?

As bicicletas elétricas geram dúvidas sobre onde podem circular. A diretora do Detran aponta que esse veículo segue a mesma norma de circulação das bicicletas convencionais, ou seja, podem andar em ciclovias, ciclofaixas ou no bordo da pista. 

“Já os autopropelidos e os cicloelétricos dependem de regulamentação municipal, então cada prefeitura deve dizer onde podem circular e em qual velocidade”, orienta.

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