São dezenas de estradas destruídas, pontes que foram levadas pela enxurra, inúmeras casas alagadas ainda contando os prejuízos das chuvas com volumes históricos em fevereiro de 2023, que já fizeram 9 municípios de decretar situação de emergência.

Desde o começo do mês, são diversas publicações diárias sobre a destruição que a chuvas tem deixado pelo Estado. Até então, , Porto Murtinho, Antônio João, Bela Vista, Nioaque, Tacuru, Ponta Porã, e já publicaram oficialmente as situações de calamidade.

Os decretos servem como ações de emergência para fazer intervenções em áreas afetadas pelas chuvas de forma mais ágil a fim de reverter a situação à normalidade, seja por meio da Defesa Civil ou dos órgãos municipais, a depender dos tipos de estragos.

Várias ruas foram totalmente destruídas na cidade (Foto: Divulgação Prefeitura de Ponta Porã)

Ponta Porã foi uma das primeiras e mais afetadas das cidades com grandes registros de chuva. A enxurrada levou asfalto das ruas e danificou pontes. Cerca de 30 famílias ficaram desabrigadas por alagamento, principalmente em comunidades mais carentes.

“A chuva trouxe muito estrago que com recursos próprios não tem condições de enfrentar a resolução desses problemas”, disse o prefeito Eduardo Campos (PSDB). A situação de calamidade foi reconhecida nesta semana.

O município calcula um prejuízo de cerca de R$ 15 milhões devido aos estragos causados pelas chuvas. Em 24 horas caiu 236 milímetros de chuva, volume esperado para todo o mês. Com o solo encharcado, parte da terra e do asfalto cederam na ponte sobre o córrego São João Mirim, no Bairro Estoril, deixando à mostra a base de concreto da passarela.

A Rua México, onde fica a ponte, foi interditada pela Prefeitura e moradores foram orientados a buscar rotas alternativas. Conforme a Secretaria de Obras e Urbanismo de Ponta Porã, os danos foram verificados nas seguintes áreas:

  • 3 pontes urbanas;
  • 1 Galeria no Assentamento Itamarati;
  • Diversas erosões na região urbana (principalmente nas regiões periféricas);
  • Estradas vicinais utilizadas para escoamento de grãos;
  • Diversas casas inundadas nas regiões mais baixas, com percas de móveis e danos materiais.

De acordo com o (Centro de Monitoramento do Tempo e Clima de MS), na cidade fronteiriça choveu 539,4 mm em fevereiro, sendo que a média histórica é de 161,9 mm.

Assim como a cidade da fronteira, Ivinhema teve situação de calamidade aprovada pela Alems (Assembleia Legislativa de MS), nesta quinta-feira (2). Na cidade, em chuva no dia 16 de fevereiro, casas foram alagadas, carros acabaram sendo ilhados e um morador chegou a ser arrastado pela enxurrada.

No município, o acumulado do mês passado. conforme dados do Cemtec, ficou em 278 mm – a média histórica é de 133,5 mm.

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Vilarejo debaixo d’água em Porto Murtinho (Foto: Fala Povo/Jornal Midiamax)

Aulas suspensas

A cidade de Bela Vista também decretou emergência e ainda contabiliza os estragos causados pela chuva nos últimos dias. Nesta sexta-feira (3), as aulas de escolas rurais foram suspensas pela má condição das estradas vicinais.

Cerca de 20 famílias ribeirinhas foram retiradas de casa pelo volume e enchente do rio Apa, que continua em nível alto. Segundo o prefeito, Reinaldo Miranda Benites (PSDB), os moradores foram acomodados na Casa do Atleta e outros preferiram casa de parentes.

O acumulado para o município para o mês passado ficou em 364,8 mm e a média história é de 147 mm. O rio segue em monitoramento da Defesa Civil, o excesso de chuvas fez a aferição dos últimos 30 dias chegar aos 385 mm.

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Rio Apa, que passa por vários municípios localizados na fronteira com o Paraguai (Foto: Governo do Estado)

Rios enchendo

As chuvas intensas mantêm alto o nível dos rios de Mato Grosso do Sul, que estão em estado de atenção. A Cedec (Coordenadoria Estadual de Defesa Civil) alerta para preocupação do rio Apa, água que banha vários municípios, inclusive a fronteira com o Paraguai.

Também houve registro de chuvas consideráveis em Antônio João, município onde assim como Bela Vista também está o curso do rio Apa. “Provavelmente o nível do rio Apa suba ainda mais. A previsão indica continuidade das chuvas na região”, diz Vinicius Sperling, meteorologista do Cemtec.

Uma equipe monitora Porto Murtinho, que margeia o rio Paraguai, enquanto outra está em Jardim, onde passa o rio Miranda. Uma terceira equipe saiu ontem para Bela Vista, havendo ainda a possibilidade de que uma quarta frente se desloque para Antônio João – para isso, é preciso que o município solicite o apoio.

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Caminhão atolado me estrada da zona rural de Antônio João (Foto: Divulgação/ Antônio João)

Zona rural

Além da preocupação com o rio, em Antônio João, a prefeitura ainda faz reparos por conta das chuvas dos últimos 15 dias, que deixaram estragos, principalmente nas estradas da zona rural do município.

Desde meados de fevereiro, o Executivo Municipal tem enfrentado os problemas decorrentes das chuvas. A Secretaria Municipal de Obras e Serviços urbanos está dedicada em atuar na zona rural.

Devido ao grande volume de chuvas, um plano de enfrentamento foi criado e 100% das equipes e equipamentos da “Obras” estão trabalhando para garantir o transporte escolar, escoamento de produção e o deslocamento da população que reside na área.

Já a Prefeitura de Porto Murtinho declarou situação de emergência na quarta-feira (1º). Nas últimas 24h daquele dia, foram 24,8 milímetros de chuva, mas o município já vem sofrendo com volumes que ultrapassam os 80 mm há semanas.

Pontes e estradas da área rural foram destruídas. Em fevereiro, choveu o total de 180,8 mm no município, ultrapassando a média histórica de 126 mm, segundo o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e Clima de MS).

Turismo prejudicado

Cidade ponto turístico do Estado, Bonito também decretou situação de emergência na tarde de quinta-feira (2), pelo excesso de chuva entre janeiro e fevereiro. Segundo relatório da Defesa Civil Municipal, no acumulado dos dois meses já foram registrados 729,5 mm de chuva, superando em 121% a média histórica deste período, de 329 mm.

Os maiores danos foram causados em área rural, como erosões em estradas vicinais, abertura de dolinas, carreamento de sedimentos e assoreamento nos Rios Formoso, Mimoso, Anhumas/Formosinho e seus afluentes. Rios saíram dos leitos, provocando danos ao imóveis, principalmente em atrativos turísticos, um exemplo foi o caso do Parque das Cachoeiras, onde o Mimoso fragilizou pontes e houve a interdição temporária de estradas vicinais.

No Distrito Águas do Miranda e na região do Loteamento do Noé, Volta Grande e Córrego da Onça, que ficam a 70 km do núcleo urbano, houve cheia do Rio Miranda, que atingiu mais de 9,5m acima do leito na terça-feira (28), deixando 10 famílias desabrigadas e 29 famílias desalojadas, além de 20 famílias ilhadas no Loteamento do Noé.

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Córrego transbordou sobre a ponte de acesso a Gruta do Lago Azul. (Foto: Prefeitura Municipal)

Nioaque, Tacuru e Ribas

Em Ribas do Rio Pardo, pelo menos 60 famílias tiveram perdas. “Os estragos envolvem parte de casas levadas pela chuva, estragos em muros, veículos, além de muitas roupas e móveis perdidos”, detalhou o prefeito João Alfredo Danieze (Psol).

Nioaque decretou estado de emergência já que as chuvas que acumularam mais de 80 mm provocaram enxurradas, alagamentos e inundações em rios e córregos. Nesse processo, estradas e pontes foram destruídas.

O decreto, assinado pelo Prefeito Valdir Couto, cita os estragos causados pele fenômeno natural:

  • Alagamento e danificação da estrada vicinal Corredor da  Modelo
  • Deterioração e danos na estrada Corredor do Saltinho com destruição na cabeceira de ponte
  • Fazenda Guaxupé, Fazenda Buriti e, estrada do Salto, estradas vicinais de acesso aos Assentamentos Uirapuru, Santa Guilhermina, Conceição, Andalúcia, Padroeira do Brasil, Areias, Palmeira, Colônia Nova, às Aldeias Indígenas Cabeceira, Água Branca, Taboquinha e Brejão

A zona rural de Tacuru também foi um das mais afetadas pelas chuvas, principalmente porque o município está em período de colheita e escoamento da safra de soja. Segundo prefeito, Rogério Torquetti, as chuvas chegaram a deixar alguns trechos das estradas rurais tão deteriorados a ponto de ficaram quase “intransitáveis”.