Veterinária de MS explica como deve ser banho em cães e gatos para evitar doenças e mau cheiro

Mato Grosso do Sul deve sofrer com altas temperaturas até fevereiro de 2024, o que acende alerta sobre banho e limpeza de pets

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Frequência de banho é diferente entre cães e gato. (Alexander Taoussanidis, Pixabay)

Animais de estimação, como cães e gatos, precisam de banhos com a frequência adequada para garantir saúde e conforto aos pets. Em excesso, pode retirar a oleosidade natural da pele e, consequentemente, causar coceira e deixar uma pelagem seca. Do outro lado, a falta de banho e acúmulo de sujeiras podem elevar a oleosidade e odores, aumentando o risco de infecções ou irritações na pele.

Esses cuidados se tornam especialmente importantes em períodos de altas temperaturas, que têm sido frequentes em Mato Grosso do Sul. A onda de calor deve predominar até fevereiro devido ao El Niño.

A médica veterinária e docente da Uniderp (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal), Dina Regis Aquino, de 53 anos, explica que a frequência de banhos em cães e gatos varia conforme a raça, pelagem e hábitos do pet, como brincar frequentemente na terra. 

ms veterinário
Cuidados são essenciais para evitar doenças. (Freepik)

“A pele de um cão é sua primeira linha de defesa contra estressores externos, como bactérias, alérgenos e irritantes. Manter o equilíbrio microbiano natural na pele do seu animal de estimação é essencial para protegê-la de bactérias e infecções nocivas. A higiene regular, como escovar os dentes e tomar banho, ajuda a remover sujeira”, ela explica. 

Todos os cães precisam de cuidados regulares. Isso inclui aparar as unhas dos pés, escovar a pelagem, usar ferramentas para remover a pelagem para cães com pelagem mais grossa e limpar as orelhas e dobras da pele.

A especialista aponta que alguns sinais podem indicar que o cachorro precisa de banho. Confira: 

  • Se você notar que seu cachorro tem caspa-seborréia;
  • O cachorro começa a exalar um cheiro ruim;
  • Se você notar a presença de pulgas, piolhos ou carrapatos na pelagem do seu cão;
  • Seu cachorro frequentemente esfrega as costas no chão tentando se livrar da coceira. 

Qual a frequência de banho em pet no calor?

A médica veterinária explica que a época do ano influencia a frequência do banho e produtos que serão usados.  Durante os meses quentes e úmidos do ano, muitos cães são propensos a ter pelagem gordurosa e odor canino. 

“Tomar banho demais pode causar problemas de pele, enquanto banhos pouco frequentes podem causar odores desagradáveis e problemas de higiene. Tosar ou aparar a pelagem pesada não evita o superaquecimento do pet. A pelagem de um cachorro o protege do calor e dos nocivos raios ultravioleta do sol”, alerta. 

Ida ao veterinário é importante para cuidar da saúde do pet. (AEMS)

Todos os tipos de pelagem podem ser aparadas, com exceção das raças com pelagem dupla. Contudo, o pelo nunca deve ser raspado completamente para o verão. Se decidir cortar o cabelo do animal de estimação, a dica é deixar pelo menos alguns centímetros. 

“O subpêlo é uma camada protetora. Se for aparada, a proteção será completamente danificada e também faz com que os insetos entrem facilmente já que a camada de proteção desapareceu completamente. Mantenha o cão longe do calor extremo”, afirma. 

Tosar pode interferir na capacidade de regular o calor, permitindo o máximo fluxo de ar e resfriamento. Quando a temperatura cai, isola naturalmente o animal do frio.

Gato precisa tomar banho?

Os gatos domésticos não precisam de banho como os cães. Segundo Dina Regis Aquino, os gatos cuidam de si mesmos diariamente, o que é um comportamento normal da espécie. 

Contudo, os tutores devem ajudá-los a se manterem limpos com a escovação regular dos pelos. Ela alerta que a maioria dos gatos não gosta de ser exposta à água e um banho desnecessário pode ser estressante aos felinos não acostumados. 

gato adoção
Gatos não precisam de banho como os cachorros. (Henrique Arakaki, Midiamax)

“Dar banho em gatos pode causar traumas comportamentais, que podem afetar o vínculo humano-animal e o relacionamento dono-gato. A experiência pode ser bastante traumática, principalmente em gatos adultos. A maioria dos gatos raramente precisam de banho, mas uma grande exceção são os gatos Sphynx, sem pelos. O processo de banho é mais fácil e menos estressante introduzindo-o quando o gato é jovem”, explica. 

Porém, alguns gatos podem precisar de banho ocasionalmente. Felinos obesos, idosos ou com artrite podem não conseguir fazer auto limpeza. Animais de pêlo comprido e as raças sem pelo precisam de banhos para controlar o excesso de oleosidade da pele. Nesses casos, a frequência ideal seria um banho a cada 4 a 6 semanas.

Outra exceção seriam os gatos com doença de pele, como alergias e infecções fúngicas. Nesse caso, é indicado xampu medicamentoso como uma opção de tratamento. 

Contudo, caso o animal fique muito sujo, o tutor pode usar produtos tópicos para gatos, como mousse anti-séptica sem enxágue. 

Tomar banho com um xampu veterinário de alta qualidade e com pH balanceado ajudará a restaurar, proteger e manter a saúde geral da pele e da pelagem do animal de estimação. 

Um xampu medicamentoso pode contribuir para controlar e tratar infecções superficiais da pele causadas por bactérias e fungos. Já produtos com extrato de aveia e aloe vera podem ajudar a acalmar a pele com coceira, irritação e inflamação. 

Qual a frequência ideal de banho para cachorros?

cão gato adoção
Tamanho da pelagem influencia na rotina de banhos. (Henrique Arakaki, Midiamax)

Como mencionado anteriormente, a frequência ideal de banho varia conforme as especialidades do animal. 

Um médico veterinário pode fazer a indicação correta para o pet, considerando a raça, a saúde e o estilo de vida do seu cão. A maioria dos cães pode se beneficiar de um banho a cada 4 a 6 semanas, preservando os óleos naturais.

Contudo, a médica veterinária Dina Regis Aquino faz algumas indicações:

  • Cães com pelagem média a grande: um banho pode ser necessário semanalmente ou a cada quatro a seis semanas, desde que a pelagem seja mantida adequadamente entre os banhos, com escovação regular entre os banhos para manter a pelagem;
  • Raças sem pelos necessitam de banhos semanais;
  • Peles grossas ou duplas em raças (como Labrador Retrievers, Golden Retrievers, Siberian Huskies) isolam naturalmente os cães sazonalmente. O banho excessivo pode retirar muita oleosidade da pele e atrapalhar esse processo;
  • Um cão saudável, com pelagem curta e lisa e sem problemas de pele, não precisa tomar banho com frequência. Na maioria dos casos, os banhos dos cães são mais benéficos para os tutores dos animais de estimação do que para os próprios cães. A recomendação é de banho uma vez a cada dois ou três meses;
  • Cão com uma infecção de pele leve e que recebeu prescrição de xampu medicamentoso pode precisar tomar banho duas vezes por semana durante duas a três semanas;
  • Raças com pele oleosa ou que apresentam odor forte podem necessitar de banhos mais frequentes a cada duas a quatro semanas;
  • Cães com pele sensível ou seca devem tomar banho com menos frequência. A cada 6 a 8 semanas pode ser suficiente para evitar o agravamento dos problemas de pele; 
  • Cães particularmente ativos ao ar livre e que se sujam com frequência podem ser precisar de um banho a cada 2 a 3 semanas;
  • Filhotes têm pele sensível e podem não necessitar de banhos frequentes. A recomendação é usar um xampu suave específico para cachorros a cada 6 a 8 semanas.

O que é banho a seco em pet?

O banho envolve o uso de pó para secar a umidade e dispersar cheiros agradáveis para encobrir o odor. “Os banhos secos não limpam realmente. É um spray ou espuma que é esfregado ou escovado no pelo de um gato ou cachorro e não precisa de água, toalhas ou secadores barulhentos que podem estressar os animais”, explica a médica veterinária. 

O banho a seco é uma boa opção para limpar o cão após uma caminhada, mas a professora da Uniderp alerta que esse produto não substitui o banho com água. Outro alerta é que o shampoo a seco para ser humano não pode ser usado no animal de estimação, pois pode atrapalhar o equilíbrio natural da oleosidade e causar irritação na pele. 

“Pode ser usado como uma solução temporária entre os banhos ou quando o banho de água não for viável, como durante o tempo frio ou se o cão sofrer de certas condições médicas que tornem o banho de água inconveniente”, conclui. 

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