Cortes nos plantões? Sesau não dá prazo para redução e transferência de pediatras em postos de saúde

Servidores de Campo Grande se revoltaram com aviso sobre mudanças; Saúde nega cortes nas equipes

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Casos de UPAs lotadas são frequentes em Campo Grande. (Foto: Henrique Arakaki/Jornal Midiamax)

A mudança nas escalas de plantões de urgência e emergência nas unidades de saúde de segue sem prazo definido pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde). As alterações nas escalas vieram à tona no fim de semana, quando avisos enviados pela secretaria de saúde a servidores geraram revolta nas redes sociais.

A pasta pretende fazer transferências de médicos entre unidades de saúde durante os turnos sob a alegação de adequar-se à demanda de atendimentos. A Sesau garante que não haverá cortes nas equipes, porém a mudança nas escalas foi recebida com preocupação pelos profissionais que atendem nas unidades de saúde e alegam sobrecarga e falta de profissionais.

Desde o último sábado (17), circulam informações que a Sesau reduziria o plantão noturno de 12 horas para 6 horas na pediatria em unidades de saúde e cortaria o número de médicos, o que impactaria diretamente no atendimento a população.

A informação veio à tona após publicação em um grupo do Facebook em que o autor alega que a prefeitura de Campo Grande determinou a redução do número de médicos nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), corte de 20% dos pediatras e o fechamento do setor de pediatria nas unidades de saúde dos bairros Tiradentes e Nova Bahia.

Vale lembrar que há dois meses a Capital viveu um surto de doenças respiratórias, o que causou colapso no atendimento nas unidades básicas de saúde.

Além disso, a imagem da C.I. (Circulação Interna) CIRC N. 4.577/SUPRIS/SESAU/2023, do dia 12 de junho, informava a redução da escala para 6 horas para todos os setores com eventual plantão, implicando o corte para enfermeiros e técnicos em enfermagem.

O documento mostra que a intenção inicial era uma mudança mais radical, o que não foi bem recebido porque implicaria na “inviabilidade dos serviços”. A mudança passaria a valer a partir de 1º de julho. 

Uma servidora disse ao Jornal Midiamax que os gestores estão chamando e comunicando a retirada do profissional do posto de trabalho. “Um descaso vergonhoso”, afirma.

Uma sugestão de escala mostra os CRSs (Centro Regional de Saúde) Tiradentes, Aero Rancho, Santa Mônica, Coophavilla e Nova Bahia sem pediatras no período noturno. Um médico afirmou que a escala foi entregue em reunião a todos os diretores clínicos e chefia das UPAs da Sesau. 

Escala plantões
Sugestão de nova escala médica que está em estudo pela Sesau. (Foto: Divulgação)

A notícia foi recebida com preocupação pelos profissionais da área da saúde, já que alegam que trabalham no limite no quadro de funcionários para uma alta demanda. 

“A grande maioria dos plantões noturnos tem em torno de 60 fichas na caixa esperando por atendimento, pacientes desde as 14h/15h aguardando no saguão. Foi solicitado diversas vezes aumento no número de profissionais”, apontou uma funcionária que trabalha no CRS Aero Rancho.

O Midiamax solicitou uma entrevista com o titular da Sesau, Sandro Benites, para esclarecer as informações, mas a pasta afirmou que no momento “não há disponibilidade” e que a Secretaria se manifestaria por meio de nota. O espaço segue aberto para manifestações. 

Sesau não dá prazo para mudanças

A Sesau afirma que a escala em que cinco unidades de saúde aparecem sem pediatras no período noturno trata-se de uma sugestão que está em estudo e que ainda não foi batido o martelo sobre a readequação dos plantões da madrugada, apesar dos profissionais já terem sido comunicados. Assim, a pasta não confirma nem a data de 1º de julho para as alterações nas escalas. 

“Desta forma, não há uma data definida para que as mudanças sejam implementadas, mesmo os servidores tendo sido comunicados desta possibilidade”, alega a Sesau.

Documento informa redução de plantões. (Foto: Divulgação)

Mesmo com os profissionais das unidades de saúde alegando sobrecarga, a pasta estuda fazer o remanejamento de profissionais dos CRSs Aero Rancho e Tiradentes que atendem durante a madrugada para fazer consultas durante o dia em outros locais, e não na mesma unidade de saúde. 

“Desta forma, a escala seria reforçada e não reduzida. A população ganharia, pois durante o período diurno a procura é maior. De madrugada, há uma redução de 80% na procura, em comparação com a manhã, tarde e noite”, afirma a pasta. 

O atendimento pediátrico deve ser mantido 24 horas em unidades de saúde com maior procura, como as UPAs Coronel Antonino, Leblon e Universitário. Por fim, o órgão da Prefeitura de Campo Grande responsável pela saúde afirma que os médicos clínicos são habilitados para atender todas as faixas-etárias, da criança ao idoso.

Sindicato da enfermagem não foi comunicado

O presidente do Sinte/PMCG (Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Enfermagem de Campo Grande), Ângelo Macedo, confirmou ao Midiamax que a categoria não foi oficialmente comunicada pela Sesau sobre o reordenamento nas escalas da enfermagem. 

Porém, ele afirma que se a informação for confirmada, a categoria deve se mobilizar contra a medida e reforça que a escala já sofreu reduções anteriores de 20 para 16 profissionais da enfermagem em algumas unidades de saúde. 

“Na verdade, é para fazer parecer que não há diminuição. O RH [Recursos Humanos] que temos hoje já se encontra com dificuldade para atender à demanda exacerbada. Eles falam de remanejar para não ter que cortar. A nós cabe o enfrentamento”, afirma. 

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