Você pode não saber o que é, mas provavelmente conhece alguém que já teve alopecia. O nome pode parecer incomum, mas trata-se de um problema que afeta mais de 40 milhões de brasileiros: a queda de cabelo. O assunto ganhou destaque nas redes sociais no início deste mês, após a influencer anunciar que estava enfrentando a doença.

Em entrevista, a influencer relatou que o problema foi desencadeado devido ao estresse que ela sofreu quando as pessoas começaram a afirmar que sua linha de era de má qualidade.

“Começaram a dizer que era um produto de péssima qualidade, pediram para eu me pronunciar, sendo que o produto não causou alergia em ninguém. Passei muito mal, desenvolvi alopecia, com buracos na cabeça e queda de cabelo”, revelou a influencer em entrevista ao Leo Dias.

Mas afinal, o que é alopecia?

A médica dermatologista Jaqueline Nazarko explica que a alopecia é um tipo de distúrbio clínico que leva à perda de cabelos ou pelos do corpo. Segundo ela, existem diferentes tipos de alopecia, sendo a mais comum a androgenética, também conhecida como calvície.

Androgenética: trata-se de uma forma de queda de cabelo determinada por genética. Tanto homens quanto mulheres podem ser afetados pelo problema, que, embora inicie na adolescência, só costuma se tornar visível após algum tempo, geralmente por volta dos 40 ou 50 anos.

Entre os sintomas mais comuns da alopecia androgenética está o afinamento dos fios. Os cabelos tornam-se mais raros, e com o tempo, o couro cabeludo fica mais visível. Nas mulheres, a região central do couro cabeludo é mais afetada, podendo haver associação com irregularidades menstruais, acne, obesidade e aumento de pelos no corpo.

Alopecia areata: popularmente conhecida como “pelada”, é uma condição caracterizada pela perda de cabelo ou pelos em áreas circulares, ou ovais do couro cabeludo, bem como em outras partes do corpo, como cílios, sobrancelhas e barba.

Segundo o Ministério da Saúde, a condição acomete de 1% a 2% da população, afetando pessoas de ambos os sexos, todas as etnias, e pode surgir em qualquer idade, embora em 60% dos casos os portadores tenham menos de 20 anos.

Fatores de risco

A alopecia pode ser desencadeada por diversos fatores, como influências genéticas, processos inflamatórios locais e doenças sistêmicas. Conforme a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), embora o estresse por si só não seja a causa do problema, há estudos que comprovam que fatores emocionais, traumas físicos e quadros infecciosos podem desencadear ou agravar o quadro.

“Dependendo do tipo de alopecia, existem alguns fatores que podem desencadear ou até mesmo piorar a queda dos fios, como a condição genética, o estresse, o uso de medicamentos, alterações hormonais, o pós-parto ou o pós-cirurgias”, explica Nazarko.

Segundo a médica, o surgimento da alopecia também pode estar associado a doenças que causam a perda de cabelos, como anemia, micoses, hiper ou hipotireoidismo, sífilis e lúpus.

Foto: Arquivo/Midiamax

Ciclo dos fios

Antes de tudo, é importante entender o ciclo de vida dos fios para compreender a alopecia, uma vez que a perda de até uma certa quantidade de cabelo diariamente é considerada normal.

Conforme o Ministério da Saúde, o ciclo de vida de cada fio de cabelo é marcado por fases de crescimento, repouso e queda. Cerca de 90% dos nossos cabelos estão na fase de crescimento. Após um breve período de repouso, em que para de crescer, o fio cai e, em seu lugar, um novo fio entra na fase de crescimento.

Portanto, uma pessoa pode perder até 100 fios de cabelo todos os dias sem risco de desenvolver calvície, devido ao processo de renovação contínua. A duração média de um fio de cabelo, do nascimento até a queda, é de cerca de um ano e meio a dois anos.

Jaqueline Nazarko ressalta que com frequência atende pacientes que se queixam da queda de cabelos em seu consultório, mas nem todos são diagnosticados com alopecia.

“É normal que uma pessoa perca de 50 a 100 fios de cabelo todos os dias devido ao ciclo de renovação contínua do folículo piloso. Distinguir a queda normal da queda acentuada é fundamental para orientar o paciente sobre os cuidados capilares”, enfatiza.

Recomendações:

Não use produtos “milagrosos” nem medicamentos por conta própria, pois pode haver efeitos adversos sérios. Procure um dermatologista ao notar que:

  • Os cabelos estão caindo mais depressa e em maior quantidade, ou caem em tufos;
  • O couro cabeludo está vermelho, coça muito ou arde;
  • A oleosidade está muito acima do normal;
  • Os sinais de caspa aparecem nas roupas e nos fios.

Tratamentos

A dermatologista Jaqueline Nazarko ressalta que o tratamento varia conforme o tipo de alopecia, sendo essencial identificar o tipo exato para direcionar o tratamento, que pode incluir o uso de medicamentos específicos via oral ou tópicos.

“Em casos de deficiências nutricionais, a ingestão de suplementos pode ser indicada. E há situações em que o implante de cabelos pode representar uma solução estética para a alopecia”, destaca.

Para a alopecia areata, o tratamento não é estritamente necessário, uma vez que a condição é benigna e tende a regredir espontaneamente. No entanto, o tratamento é recomendado, uma vez que a alopecia pode desencadear distúrbios psicológicos. Conforme o Ministério da Saúde, adultos com menos de 50% de envolvimento do couro cabeludo podem se beneficiar com a aplicação de injeções locais ou o uso de cremes.

Com a crescente preocupação com a estética, a busca por transplante capilar subiu e registrou um aumento de 152% em implantes capilares em 10 anos. A evolução dos tratamentos proporciona soluções cada vez mais naturais.

Homens são mais afetados pela calvície

Jaqueline Nazarko ressalta que alguns tipos de alopecia são mais comuns em um determinado gênero, como o caso da calvície, que afeta muito mais homens do que mulheres.

Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam que a calvície afeta cerca da metade dos homens até os 50 anos. Uma pesquisa realizada pelo portal norte-americano Statistic Brain identificou que mais de 800 mil pessoas em todo o mundo buscam tratamentos para a calvície.

“Na alopecia androgenética, a chamada calvície, os homens são mais afetados, enquanto a alopecia frontal fibrosante atinge mais as mulheres no período pós-menopausa”, explica.

No entanto, engana-se quem pensa que apenas pessoas mais velhas sofrem com a perda de cabelo. Assim como no caso de Virgínia Fonseca, existe um grande percentual de jovens, com idades entre 20 e 25 anos, que também enfrentam a queda de cabelo.

Dados da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) indicam que essa faixa etária corresponde a 25% dos brasileiros que lidam com o problema, sendo as mulheres responsáveis por 40% dos casos.

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