Em meio a buracos e ruas de terra, se estende um enorme terreno tomado por mato e lixo na rua Antônio Alves da Silva, no Loteamento Cristo Redentor. Do outro lado do terreno, quase imperceptível diante do matagal, está a casa de Almir Reis Ramos, 52. Quem passa por ali nem imagina que uma família inteira vive em frente àquele terreno.

Situado na região Sul de Campo Grande, o Loteamento Cristo Redentor nasceu com a promessa de trazer desenvolvimento para a região do bairro Tiradentes; contudo, hoje o local acumula problemas que vão desde a má estrutura à falta de segurança.

Para Almir Reis, morar em frente ao terreno baldio é um luta diária. Ele relata que com frequência encontra ratos e escorpiões em sua residência.

“Em 2018, isso aqui foi limpo pela última vez. As pessoas jogam lixo dia e noite, jogam restos de animais mortos. Agora está meio limpo porque eu limpei, mas é uma luta diária. A Semadur [Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano] disse que viria aqui, mas nunca veio”, destacou.

Segundo o morador, focos do mosquito Aedes aegypti também são comuns no local e recentemente um familiar foi diagnosticado com dengue, consequência da sujeira acumulada no terreno.

Em dias de chuva a situação se agrava, com as ruas tomadas por lama e buracos, moradores relatam que se sentem reféns dentro da própria casa.

“Aqui alaga tudo quando chove, não dá nem para sair de casa. Motoristas de aplicativo nunca vêm até aqui, sempre cancelam a corrida”, lamenta o morador.

Além da má estrutura, a falta de segurança é outro problema recorrente que tem gerado transtornos aos moradores da região. Almir conta que devido à altura do mato, o local é frequentemente usado como esconderijo para criminosos.

“Há poucos dias prenderam dois estupradores que estavam escondidos nesse mato. À noite fica tudo escuro, na rua até tem iluminação, mas não é suficiente. Na linha do ônibus quase todos os dias tem caso de assalto, enquanto isso a gente fica a Deus dará”, disse.

O terreno em frente à casa de Almir é de propriedade particular, por isso cabe à prefeitura de Campo Grande vistoriar e notificar o proprietário quanto à limpeza do local.

Loteamento Cristo Redentor
Escorpião encontrado pelo morador (Foto: Kísie Ainoã/Midiamax)

Mesmo onde o asfalto chega o problema se repete

Na rua Teixeira da Silva, local que foi recém pavimentado, outro terreno baldio de grandes proporções tira o sossego de moradores que precisam conviver com a insalubridade.

Cansada de todo o lixo e mato alto, Carla Cecilia Morais, moradora do bairro, relata que denunciou a situação do terreno à prefeitura. Segundo ela, foram tantas denúncias que hoje vive com receio de retaliações por parte do proprietário do local.

“Todo dia jogam lixo aqui, tem comércios que vêm lá de Afonso Pena para descartar lixo. Eu, como moradora, me sinto receosa de abordar alguém porque me sinto refém, minha casa é bem aqui na frente do terreno, todo mundo já sabe quem eu sou”, diz a moradora.

Loteamento Cristo Redentor
Loteamento Cristo Redentor (Foto: Kísie Ainoã/Midiamax)

Como denunciar um terreno baldio?

Em nota, a Semadur esclarece que realiza fiscalizações periódicas em todas as sete regiões urbanas de Campo Grande. A secretaria ressaltou que tem atuado de forma ostensiva para identificar locais que podem ser prejudiciais à população.

No caso dos terrenos baldios, após a vistoria o proprietário é notificado e a secretaria estabelece o prazo de 15 dias até que seja feita a limpeza do local. Caso o prazo não seja cumprido o proprietário pode receber uma multa que varia entre R$ 2.944,50 e R$ 11.778,00. 

Conforme a Semadur, terrenos baldios podem ser denunciados por meio dos serviços de teleatendimento da Central 156, o horário de atendimento é de segundas sexta-feira das 7h30 às 21h e aos sábados das 8h às 12h30. 

Também é possível denunciar por meio da plataforma Fala Campo Grande 156, disponível para download nas lojas de aplicativo para IOS e Android e no site: fala.campogrande.ms.gov.br, ambos disponíveis 24h por dia.