Problema crônico: Há 11 anos, Via Park também era inundada e situação ainda se repete em 2023
Ernesto Geisel também é conhecida pelos alagamentos em dias de chuvas fortes
Fábio Oruê –
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A situação é sempre a mesma: chove muito em um curto período de tempo, os córregos transbordam e alagam as ruas e avenidas de Campo Grande. Há anos o mesmo roteiro é visto pelos campo-grandenses, os principais prejudicados nesta história.
Alguns pontos, inclusive, são famosos pelos alagamentos dignos das produções que se propõem a retratar desastres naturais. Avenida Ernesto Geisel – nas rotatórias com a Rachid Neder e Euler de Azevedo – e Avenida Nelly Martins Coelho, próximo da Afonso Pena, são os locais mais críticos.
Inclusive, cerca de 11 anos atrás, em 25 de janeiro de 2012, uma chuva forte alagou a Via Park e a Afonso Pena, em fato que nunca havia se visto tantos estragos. Por conta da rapidez com que a chuva chegou, muitos carros foram arrastados.
As obras para conter enchentes já estavam prontas, mas a barragem de contenção não resistiu. Segundo dados meteorológicos da época, choveu 91 milímetros em três horas neste dia. Depois dessa chuva, foi feito um plano diretor de drenagem, mas com estudos só para o córrego Prosa.
Em 2018, situação semelhante aconteceu. Mas foi na Ernesto que o cenário foi mais grave: o asfalto foi arrancado, o guard rail foi danificado e sobrou muita lama e galhos de árvores no local. Em fevereiro de 2020, na Ernesto com Rachid, o asfalto, que havia sido recém-colocado, foi arrancado na rotatória pela correnteza.
Problema crônico
Nesta quarta-feira (4), chuva torrencial causou novamente alagamentos nos pontos citados. O fato mostra o problema crônico enfrentado pelo poder público, que ultrapassa gestões (Nelson Trad Filho, Alcides Bernal, Gilmar Olarte, Marquinhos Trad e agora Adriane Lopes), e que há anos não tem uma solução definitiva.
Problema inclusive, que coloca a vida de moradores em risco. Hoje mesmo, na rotatória da Ernesto com a Euler, um motorista ficou preso dentro do carro no meio na enxurrada. O veículo apagou enquanto tentava atravessar o cruzamento alagado.
O mesmo aconteceu na Nelly Martins, onde o alagamento tomou conta da avenida após o Sóter transbordar e chegar até as imediações da Afonso Pena. Conforme o Corpo de Bombeiros, o motorista do Ford Ka não queria sair do carro, com medo de que a água levasse o veículo. Porém, os militares explicaram que ele acabaria indo junto, caso a enxurrada carregasse o carro.
Solução definitiva?
A chuva esperada para janeiro todo é, historicamente, 231 mm, segundo o Cemtec-MS (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima). Em apenas 12h choveu 68% do esperado. A previsão que ainda deverá ocorrer mais chuvas torrenciais na Capital até o fim de semana.
Conforme o secretário da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), Rudi Fiorese, é difícil falar em uma solução definitiva para os problemas de alagamento. “A chuva de hoje foi muito acima do normal […] então, é um volume muito grande e sistema nenhum de drenagem, de nenhuma cidade, é feito para essas chuvas atípicas; até porque seria um custo astronômico se fosse fazer um sistema dimensionado para isso”, diz ele ao Jornal Midiamax.
Fiorese ainda lembra que o município possui legislação de drenagem nas residências. “Obriga aos proprietários a fazer reservação dentro do seu imóvel. Dependendo do tamanho [do imóvel], a legislação define o volume que tem que ser reservados e solta da drenagem pública um volume menor”, explica.
De acordo com o secretário, a Sisep está fazendo uma bacia de contenção no córrego Reveillon e uma outra barragem, que estava assoreada, será reativada no Parque do Sóter. “A solução nessas regiões onde já estão totalmente ou quase totalmente ocupadas, o caminho são as execuções dessas barragens de redução de vazão”, conclui.
Contrato paralisado
A Prefeitura paralisou contrato de R$ 3,1 milhões, que inclui o projeto de controle das enchentes no fundo do vale do Córrego Segredo e Rio Anhanduí. Dos R$ 3.109.818,37 firmados no início do contrato, a prefeitura já empenhou R$ 2.500.000,00.
Entretanto, a empresa ainda não executou R$ 1.256.072,66. Segundo Fiorese, a paralisação ocorre, pois a empresa entregou o projeto básico e agora a Sisep deverá analisar o material entregue.
Chuva surpreendeu até meteorologia
Vinicius Sperling, do Cemtec-MS, disse que, em avaliações climáticas anteriores, a meteorologia já previa um intenso volume de chuva para Campo Grande. Porém, chuva registrada nesta quarta-feira (4) surpreendeu.
“Na previsão que enviamos segunda-feira era bem claro os altos acumulados de chuva na quarta-feira. Informamos algo acima de 50 mm/24 horas, mas Campo Grande foi fora do padrão”, disse.
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