A perda de vegetação nativa se acelerou na última década, depois da aprovação do Código Florestal Brasileiro, mostra uma análise inédita do MapBiomas, lançada nesta quinta-feira (31).

O estudo foi feito a partir da mais recente coleção de dados de uso e cobertura da terra, compreendendo o período entre 1985 e 2022, e mostra que o Cerrado – bioma predominante em Mato Grosso do Sul – perdeu 50% do seu território para o agronegócio. Em 1985, era um pouco mais de um terço (34%)

Além disso, o avanço da agropecuária pode ser constatado em todos os biomas brasileiros entre 1985 e 2022. A exceção fica por conta da Mata Atlântica, o bioma mais desmatado do país, onde os dois terços do território ocupados por essas atividades permaneceram estáveis nas últimas duas décadas.

Pantanal

No Pantanal, outro bioma que é símbolo natural de MS, o avanço foi de 5% para 15%. Na Amazônia, a área ocupada pelo agro saltou de 3% para 16%; no Pampa, de 29% para 44%; na Caatinga, de 33% para 40%. Nas pastagens avançaram sobre 61,4 milhões de hectares entre 1985 e 2022; a agricultura, sobre 41,9 milhões de hectares.

“O Pantanal e o Pampa são exemplos de biomas naturalmente aptos para a pecuária, pois seus campos são como pastagens naturais. Nos dois casos, o avanço da soja representa uma degradação do bioma”, alerta Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas.

As imagens de satélite mostram relação forte da dinâmica de ocupação de solo de agricultura e de pecuária. Entre 1985 e 2022, 72,7% dos 37 milhões de hectares do crescimento da área de agricultura no Brasil se deram sobre áreas já antropizadas, especialmente pastagens.

Apenas 27,3% das áreas convertidas para lavoura temporária são provenientes de vegetação nativa, com destaque para o Pampa, a fronteira da Amazônia com Cerrado e a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia)

Água no Pantanal

Os dados de água e campos alagados no bioma Pantanal chamam a atenção, segundo o estudo. Em 1985 o Pantanal tinha 47% de água e campos alagados; na última cheia, em 2018, a inundação alcançou 36% do bioma e, em 2022, apenas 12% do bioma foram mapeados como água e campos alagados.

Conforme o MapBiomas, o que esses dados mostram é que o Brasil é um país com intensa transformação do território. Essas mudanças trazem impactos significativos em temas chave para o bem estar como emissões e remoções de gases de efeito estufa, a conservação da biodiversidade e a regulação do regime de chuvas.