Paciente sofre com ‘pausas’ no tratamento de câncer por falta de ambulância em Campo Grande

Fernando está acamado e alega não conseguir ter frequência na quimioterapia porque ambulâncias estão sempre em manutenção. Sesau se defende e diz que só faltou uma vez

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Fernando Meira está na fase de quimioterapia para controlar a metástase (Foto: Arquivo Pessoal)

Fernando Meira, de 58 anos, é diagnosticado com câncer de próstata já em estágio de metástase. Hoje, os tumores estão espalhados pelas vértebras lombares, torácicas e na bacia. Por conta disso, o morador de Campo Grande está acamado e relata ter ‘pausas’ no tratamento devido à falta de ambulâncias da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para levá-lo até a Santa Casa. Em contrapartida, a secretaria alega que transporte só faltou um dia e que comprou ambulâncias novas para suprir demanda.

Em contato com o Jornal Midiamax, Fernando explica que faz quimioterapia desde março de 2023. Assim, a ambulância da prefeitura busca ele no bairro Itamaracá, leva para o serviço de oncologia da Santa Casa e, ao fim do tratamento, leva ele de volta à residência. No entanto, Fernando afirma que algumas situações têm atrapalhado sua constância no tratamento.

“As ambulâncias que fazem o transporte quebram com frequência, aí perdemos toda a sequência do tratamento. Cada quimioterapia é específica, se não compareço o medicamento é perdido, tenho que justificar ausência para conseguir dar continuidade. Enquanto isso o câncer só avança”, diz ele.

Fernando é paciente acamado e, devido ao câncer na região da coluna, não consegue sentar na cadeira de rodas. 

“Já perdi sessões de quimioterapia, consulta, exames. Eles [Sesau] não dão satisfação. Ficamos sabendo só que a ambulância está em manutenção, sem muitos detalhes”, pontua.

Fernando alega que passa por essa situação há um tempo até que, no mês passado, acionou a imprensa e o serviço de transporte voltou a ser formalizado, mas os problemas voltaram a ser percebidos.

“Alguns pacientes que podem vão de carona no carro da família. Outros, como os casos como o meu, perdem o medicamento, reagenda, conta com a sorte em sobreviver”.

Fernando começou a investigar a doença em outubro e passou de janeiro a fevereiro internado na Santa Casa. Em seguida, iniciou o tratamento. Mas ressalta que poderia estar muito adiantado se não fosse a “falta de transporte”.

Na terça-feira (2), por exemplo, ele afirma ter perdido a sessão de quimioterapia por este motivo.

Fernando precisa de meio de transporte adequado

O paciente ressalta, ainda, que necessita fazer o transporte com ambulância porque senão pode fraturar por completo uma ou mais vértebras, o que impossibilitaria o enxerto ósseo. “Me livraria do câncer, mas jamais voltaria a andar ou sequer sentar”, explica.

As sessões de quimioterapia de Fernando estão previstas para serem realizadas até novembro para, então, ser encaminhado ao ortopedista. Agora, sua maior intenção é seguir com o tratamento com o transporte adequado para não lesar nenhuma vértebra para que a possibilidade de voltar a andar se torne uma realidade. 

“Não houve lesões em medula, nervos e ligamentos. Portanto, se eu continuar sendo transportado adequadamente, poderei voltar a andar. Se vencermos o câncer, é claro”.

Em resposta à equipe de reportagem, a Sesau alega que comprou quatro novas ambulâncias para fazer o transporte desse grupo de pacientes. 

O que diz a Sesau

Diante da situação, o Jornal Midiamax procurou a Sesau para dar o seu posicionamento. Por meio de nota, alega que o município conta com nove carros que fazem o atendimento de pacientes em tratamento e que nova frota está sendo comprada.

“Hoje, mais de 100 pacientes são atendidos pelo serviço de transporte gratuito da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), além dos acompanhantes. A Prefeitura está finalizando o processo de aquisição de quatro ambulâncias que serão empregadas neste serviço, havendo a possibilidade de atender a demanda reprimida e as solicitações pendentes”.

Sobre o caso do Fernando, a Secretaria alega ter faltado apenas uma vez com o transporte eletivo.

“Durante todo o período em que ele está recebendo esta assistência, ele não foi atendido apenas uma vez, em razão da baixa da ambulância que fazia o transporte. No entanto, todos os pacientes são previamente comunicados. A informação é de que o paciente tinha uma consulta agendada para esta terça-feira (2), às 07h, que não foi comunicada previamente, desta forma não foi possível fazer o atendimento em tempo. Inclusive, o setor entrou em contato com ele para esclarecer o ocorrido”, se defende.

Os próximos atendimentos de Fernando estão marcados para os dias 4, 8 e 22 e Sesau afirma que já estão no cronograma para atendimento. Como ele não conseguiu comparecer à consulta de terça, o médico irá fazer avaliação no dia 4.

“Desta forma, o paciente não terá nenhum prejuízo. Esclarecemos ainda que o serviço é garantido para que ele realize o tratamento e ele requereu o transporte para uma consulta”, termina a nota da Sesau.

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