Em dois dias desde que o Jornal Midiamax noticiou que a Santa Casa serviu uma ‘torta com barata’ a uma paciente que havia acabado de dar à luz, nova denúncia mostra que o hospital serviu comida com uma mosca. ‘Novo cardápio’ tem desagradado pacientes e servidores, que relatam como está a situação na unidade de saúde.

Segundo denúncia à equipe de reportagem, o ‘achado’ ocorreu na noite de sexta-feira (31) no refeitório da Santa Casa. Lá, a pessoa serviu a comida na bandeja e, na hora de comer, viu a mosca no meio da carne ao molho.

“Essa é a falta de respeito com trabalhadores e pacientes, uma instituição de saúde nessa situação, Fora as vezes que uma comida ou outra está azeda”, afirma. Em seguida, pontua existir falta de higiene dentro da cozinha, especialmente no período da noite.

(Foto: Leitor Midiamax)

Torta com barata

Graziela Espíndola De Oliveira de Franco, de 30 anos, passou por situação parecida. Ela estava internada na Santa Casa após ter dado a luz e encontrou uma barata dentro de torta de marmita servida pelo hospital na última terça-feira (28), na hora do almoço.

Segundo a sogra da mulher, Rita de Cássia Felismino Pinto, hospital precisou liberar a entrada de comida de outros lugares e também permitiu que Graziela comesse na lanchonete do local após o ocorrido. Liberação ocorreu mediante autorização formal de nutricionista do hospital.

A família precisou se mobilizar para levar a própria comida à paciente porque a mesma se recusou a comer a alimentação fornecida pelo hospital. Vigilância Sanitária foi acionada.

barata em marmita da Santa Casa
Barata encontrada dentro de marmita oferecida pela Santa Casa (Foto: Leitor Midiamax)

Posicionamento da Santa Casa

A Santa Casa se posicionou sobre o caso da torta com barata. Na época, informou por nota que todas as atividades na instituição seguem critérios exigidos para garantir a segurança alimentar de acompanhantes, pacientes e colaboradores. A dedetização é realizada semanalmente por uma empresa terceirizada para evitar a presença de insetos na Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN).

“Em relação a infraestrutura, informamos que o hospital tem atuado com um número reduzido de profissionais. E por conta disto, há um atraso na programação de reparos nas enfermarias. Neste caso em questão, a equipe da manutenção já havia sido acionada para atendimento da Ordem de Serviço que está, neste momento, sendo executada.”

O hospital foi novamente procurado pelo Jornal Midiamax para saber posicionamento sobre o novo caso. Tendo em vista que situações semelhantes ocorreram num curto período de tempo, a equipe questionou quais as medidas estão sendo tomadas para mitigar as ocorrências de falta de higiene na alimentação. Espaço segue aberto para eventuais manifestações.

Falta de higiene em outras unidades

A Santa Casa não é o único hospital alvo do tempo tipo de reclamação. Na última semana, a qualidade da comida servida pelo HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) a pacientes e servidores também foi motivo de críticas.  

Segundo denúncias, alimentos já vieram ‘acompanhados’ de moscas, fios de cabelo e até larva. Porém, hospital chegou a rebater dizendo que ‘larva’, na verdade, se tratava de broto de feijão.

Conforme denúncia do último dia 20, pacientes alegaram terem encontrado corpos estranhos na alimentação servida pelo hospital. Pelas fotos enviadas à equipe de reportagem, é possível ver cabelo, mosca e o que seria uma possível larva mergulhada no feijão da marmita. Segundo denúncia, a comida é destinada a servidores e pacientes.

Após críticas, o hospital se pronunciou no dia 28 com um documento oficial, ao qual o Midiamax teve acesso, e relatou que larva, na verdade, se tratava de broto de feijão.

“Após análise da área técnica, restou constatado que a reclamação veiculada de suposta larva em feijão, trata-se na verdade de broto de feijão, e não corpo estranho conforme noticiado”.

Em seguida, hospital alega que tem realizado visitas técnicas na empresa terceirizada, que fornece o alimento à instituição, para garantir a qualidade dos processos de preparo, porcionamento e transporte.

Menu do dia: frango cru, mosca morta e larva

Também realizada por empresa terceirizada, a alimentação do Restaurante Universitário da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) também recebeu reclamações de estudantes. O motivo seria a comida estragada servida no refeitório.

Frango mal cozido ou queimado, mosca morta e larvas servidas como acompanhamento na salada. Esta é a condição do almoço servido no campus de Campo Grande, que pode custar até R$ 15, conforme pontuado por reportagem.

Levantamento do Midiamax, em setembro do ano passado, mostra que o bandejão é o mais caro do país.

Em uma postagem no Perfil @UFMS_Segredos, um usuário mostra uma larva encontrada no alface. “Você não está vendo que é para complementar as 140 gramas de proteína?”, ironiza uma pessoa, já que os alunos também reclamam da falta de carne, como mostrado no dia 16 de março pelo Midiamax.

Mesmo após reclamação dos estudantes sobre a qualidade das refeições, a empresa continua servindo comida mal preparada. Uma postagem no perfil @tevinaufms, de dois dias atrás, mostra uma mosca morta na carne do estrogonofe. 

“Achei uma mosca na minha carne. Aff, sinceramente não pode nem comemorar por um dia de comida boa no ru que na janta aparece isso. Fiquem atentos a comida de vocês gente”, relatou a pessoa que enviou a foto. 

Fotos de comida servida no R.U. (Foto: Reprodução Redes Sociais)

Em março, estudantes chegaram a organizar manifesto contra a falta de proteína e até aparecimento de larvas no Restaurante Universitário. Segundo acadêmicos, o descaso acontece há anos.

Midiamax solicitou uma nota para a universidade questionando sobre a qualidade da comida servida, até quando vai o contrato da empresa que administra o restaurante universitário e se há previsão de alguma penalidade, já que a reclamação sobre a qualidade da comida servida é frequente entre os estudantes.

Em resposta, a UFMS afirma que a empresa tem todos os alvarás sanitários e de funcionamento, além de contar com nutricionistas, mas não respondeu se a empresa já sofreu ou deve sofrer com eventual penalidade.