MS 40°C: Tempo seco e calor escaldante são ‘combinação perfeita’ para hipertermia

Em Campo Grande, calor e baixa umidade relativa do ar têm exigido atenção redobrada com a saúde

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baixa umidade
(Foto: Marcos Ermínio/Midiamax)

Com o calor excessivo registrado nos últimos dias, casos de mortes por hipertermia têm se tornado cada vez mais recorrentes ao redor do mundo. Em Campo Grande, as altas temperaturas aliadas à baixa umidade relativa do ar têm exigido atenção redobrada com a saúde, em especial de crianças e idosos, considerados grupos mais vulneráveis.

A hipertermia ocorre quando o corpo atinge uma temperatura mais elevada do que a normal, levando a graves desequilíbrios. Na hipertermia, a temperatura corporal chega a ultrapassar os 40°C, que, em condições normais, varia entre 36,6°C e 37,6°C.

Segundo o médico cardiologista Guilherme Luís Bertão, ao contrário da hipotermia que é quando a temperatura do corpo se encontra abaixo dos 35°C, a hipertermia ocorre quando o corpo produz mais calor do que é capaz de dissipar.

“A hipertermia é uma condição em que o corpo humano fica excessivamente quente devido a uma falha no mecanismo de regulação da temperatura corporal”, destacou.

Por influência do fenômeno El Niño, que eleva as temperaturas e ocasiona mais chuvas, os termômetros podem ficar próximo dos 40°C em agosto. Além da hipertermia, a exposição prolongada ao calor e a baixa umidade podem levar à desidratação, insolação e exaustão pelo calor.

“Nesse tempo é comum percebermos nossa pele mais seca, nossa pressão arterial estará mais baixa, além de sintomas de tonturas, náuseas e indisposição”, destaca Guilherme Bertão.

Morte de candidato em TAF

Na última quinta-feira (3), um candidato do concurso da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Arthur Matheus Martins Rosa, morreu após passar mal e desmaiar durante a prova do TAF (Teste de Aptidão Física).

Imagens divulgadas revelaram a exaustão dos participantes diante de calor e baixa umidade do ar na Capital. Sobre o caso, o médico ressalta que quando a temperatura interna do corpo aumenta excessivamente, os processos metabólicos e as funções celulares podem ser comprometidos.

“Isso pode causar danos em órgãos vitais, como cérebro, rins e coração, podendo levar a pessoa a apresentar, por exemplo, arritmias cardíacas, com quadros de desmaios e até morte nas situações mais graves”, ressaltou.

Amigos do Parque
Atividades físicas não são recomendadas em período de baixa umidade (Foto: Chico Ribeiro)

Agosto registrou recorde de baixa umidade em Campo Grande

Em 2 de agosto, Campo Grande registrou o menor índice de umidade relativa do ar em 2023, com registro de 20%. Conforme a OMS (Organização Mundial de Saúde), a umidade do ar ideal compreende a faixa entre 50% e 80%.

Segundo a meteorologista do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima) Valesca Fernandes, os próximos dias serão ainda mais quentes e as temperaturas podem atingir os 34°C na Capital. Por isso, os cuidados devem ser redobrados.

“A recomendação é sempre umidificar os ambientes, beber bastante líquido e evitar exposição ao sol nos horários mais quentes e secos do dia”, destacou.

Com média de 29,2°C, as temperaturas máximas fecharam o mês de julho 1,7°C acima do esperado, que é de 27,5°C. A maior temperatura do mês foi de 32,2°C, registrada no dia 27 de julho.

O tempo seco favorece a ocorrência de incêndios florestais e queimadas em áreas urbanas e rurais, além de aumentar os riscos à saúde e facilitar o surgimento de doenças pulmonares como tosses, crises de rinite, sinusite e incômodos respiratórios.

Onda de calor gerou mais de 60 mil mortes na Europa

Em julho de 2022, uma onda de calor extrema registrada na Europa resultou em mais de 61 mil mortes atribuíveis ao calor, conforme pesquisa da revista Nature Medicine.

A pesquisa mostra que dentre as vítimas, a maioria era mulher, com mais de 80 anos. Entre os mais jovens, os homens morreram em taxas mais altas. Nos países mediterrâneos, onde as temperaturas costumam ser mais altas no verão, foram os que mais sofreram com os impactos do calor.

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Massa de ar seco atua no Estado. (Henrique Arakaki, Midiamax)

Aquecimento global e os impactos à saúde

Mudanças climáticas afetam a saúde de diferentes formas. Com o avanço do aquecimento global, o aumento excessivo das temperaturas têm ocorrido com frequência, principalmente nos países europeus.

Segundo a doutora em Alergia e Imunologia e coordenadora da Asbai-MS (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), Adriana Cunha Barbosa, as mudanças climáticas afetam todo o sistema imunológico.

Além das consequências diretas à saúde, as mudanças climáticas aumentam a intensidade de eventos meteorológicos extremos como longos períodos de seca, ondas de calor intensas que podem ocasionar a hipertermia.

“Esse desequilíbrio altera tudo. Teve um aumento em 1º Celsius desde 1800, isso desequilibra até a fauna e flora. No futuro as consequências serão refugiados climáticos”, explicou.

Como se proteger do calor?

Para evitar problemas de saúde a recomendação é investir em cuidados básicos:

  • Beba bastante líquido, mantenha o corpo hidratado mesmo sem sentir sede.
  • Evite desgaste físico nas horas mais secas.
  • Evite exposição ao sol nas horas mais quentes do dia.
  • Lave as mãos com frequência e evite colocá-las na boca e no nariz.
  • De preferência a frutas que contém mais líquidos, como melancia, melão e laranja.
  • Aplique soro fisiológico no nariz e nos olhos para evitar o ressecamento.
  • Hidratar a pele do rosto e do corpo, pelo menos depois do banho e na hora de deitar.
  • Usar chapéus e óculos escuros para proteger-se do sol.

Crianças e idosos exigem atenção redobrada nesse período, por isso é necessário ficar atento à hidratação. Com os termômetros nas alturas, os riscos são ainda maiores para aqueles que possuem uma fragilidade física maior, como os idosos.

Uma das principais preocupações é que, com o envelhecimento, a composição corpórea sofre alterações e isso faz com que pessoas de mais idade tenham maior dificuldade de manter a temperatura corporal, enquanto um jovem adulto tem 60% de água no corpo, o idoso tem apenas 40%.

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