Na última sexta-feira (29), a IAGRO (Agência de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul) confirmou o primeiro caso de CPE (Cria Pútrida Europeia), uma doença bacteriana que afeta as crias de abelhas-europeias.

O caso aconteceu em um apiário em Amambai, depois que um produtor rural relatou a situação à Agência. Foram colhidas amostras do favo de cria, mel, crias abertas e pupas e após os testes laboratoriais, foram confirmadas as suspeitas do homem. O resultado foi recebido no dia 19 de setembro.

Localização do foco de Cria Pútrida Europeia no MS. (Reprodução, Iagro)

O que é CPE?

A CPE (Cria Pútrida Europeia) ocorre quando abelhas nutrizes entram em contato com alimentos contaminados pela bactéria Melissococus pluton, agente causador da doença, e utilizam o mesmo insumo para alimentar as larvas.

A bactéria se aloja no intestino delas, competindo pelos nutrientes de todos os alimentos que forem consumidos. Consequência disso, as larvas começam a morrer, causando redução do peso larval. As colônias mais populosas normalmente conseguem remover todos os integrantes com sintomas da doenças antes que se torne um problema generalizado, no entanto, as de baixa população podem acabar apresentando problemas mais graves da doença.

Apesar de normalmente não causar grandes prejuízos, a Cria Pútrida Europeia pode ocorrer em todas as regiões do país.

Quais são os sintomas?

Os principais sintomas observados em casos de infecção por CPE são:

  • Favos com muitas falhas ou opérculos perfurados: a morte ocorre geralmente na fase de larva, antes que os alvéolos sejam operculados;
  • As larvas doentes ficam em posições anormais, podendo ficar contorcidas nas paredes dos alvéolos;
  • Mudança de cor das larvas que passam de branco-pérola para amarelo ou até marrom;
  • Pode apresentar cheiro pútrido ou não;
  • Quando as larvas morrem depois da operculação, aparecem opérculos escurecidos afundados e perfurados.

Higienização adequada é uma das medidas para evitar a doença

O Serviço Oficial de Defesa Sanitária recomenda algumas medidas preventivas para evitar a doença nas colônias. São elas:

  • Utilizar rainhas com genética resistente a bactéria causadora;
  • Realizar a adequada higienização das vestimentas apícolas, lavagem, desinfecção, assim como os utensílios comuns como formão e fumigadores;
  • Adquirir colmeias de origem conhecida e com documentação zoosanitária (Guia de Trânsito Animal – GTA);
  • Utilizar insumos com qualidade de procedência;
  • Conhecer a origem da suplementação energética e/ou proteica, devendo-se evitar a suplementação de abelhas nativas com o pólen e mel de abelhas do gênero Apis;
  • Submeter à quarentena em área separada antes de incorporar as novas colônias ao apiário.
  • Movimentar somente colmeias sadias e com GTA, para evitar a disseminação de doenças e possibilitar a rastreabilidade da movimentação.

E o que fazer caso haja a suspeita?

A detecção precoce da doença é fundamental para o controle da disseminação da CPE. Por isso, a Iagro orienta que, em casos de suspeitas, o produtor adote as seguintes medidas:

  • Manter atualizado o cadastro do apiário/meliponário junto ao órgão
  • Defesa Agropecuária;
  • Inspecionar regularmente as colônias quanto a integridade e aparência dos favos/discos e células de crias, observando se há presença de crias mortas, em posição anormal e quadros com cria salteada
  • Notificar imediatamente à Iagro os casos suspeitos de ocorrência da doença, para investigação e confirmação

A notificação pode ser feita presencialmente, por telefone em qualquer unidade da Iagro ou pelo canal de WhatsApp (67) 99961-9205