Com o objetivo de ampliar a cobertura vacinal em Mato Grosso do Sul, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) instituiu o Avaq (Comitê Estadual de Microplanejamento das Atividades de Vacinação de Alta Qualidade). A resolução, publicada no DOE (Diário Oficial do Estado) desta terça-feira (5), visa cooperar com as políticas públicas para sistematização, planejamento e execução das ações de vacinação.

A criação do Comitê considera a política do e da Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul, que prioriza o resgate de altas coberturas vacinais nos programas de rotina e outras estratégias de vacinação, visando a erradicação, eliminação e controle de doenças imunopreveníveis.

Dentre as atribuições e competências do Comitê, estão o apoio à formulação e validação da agenda de trabalho anual do Microplanejamento, a capacitação de recursos humanos para a implementação das ações de imunização e a coordenação das atividades de gestão de risco e vigilância de Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação.

As ações do Comitê também serão implementadas nas escolas do Estado, com destaque para:

  • Determinação do período de execução das ações de vacinação, considerando o calendário acadêmico;
  • Planejamento conjunto com o corpo docente para o agendamento das ações;
  • Incorporação da pauta nas atividades de rotina de docentes e funcionários administrativos.

Para ampliar a vacinação em grupos étnicos, como indígenas, migrantes e demais populações vulneráveis, o Comitê pretende apoiar na criação de materiais informativos conforme as linguagens e características específicas dessas populações. Além disso, realizará atividades de mobilização social, incluindo mapeamento social e auxiliará a campanha midiática, proporcionando mensagens claras e breves.

Cobertura vacinal segue abaixo do estimado em MS

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Carteira de vacinação de deve constar imunizante da Covid-19 em 2024. (Divulgação, PMCG)

Dados do sistema Mais Saúde da SES (Secretaria de Estado de Saúde) confirmam que a maioria das vacinas segue com uma cobertura abaixo do estimado, com percentuais entre 58% e 63% do público imunizado. Confira a seguir os destaques.

BCG

O maior percentual de bebês imunizados é referente à vacina BCG, com 65% do público-alvo atingido, o que corresponde a 8.343 vacinados. Já o número de crianças com a dose em atraso é de 4.397.

A vacina BCG é de dose única e protege contra a tuberculose, doença contagiosa provocada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. A doença não afeta apenas os pulmões, mas também ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro).

Dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) complementam um cenário potencialmente caótico: foram notificados 439 casos de tuberculose e 37 óbitos em 2021. Já em 2022, o número subiu para 532 registros e 38 mortes pela doença.

Meningococo C

A vacina meningococo C protege contra a doença meningocócica, um tipo de meningite causada pelo sorogrupo C. Em , o número de crianças imunizadas é de 7.791, ou seja, 61%. Enquanto isso, 4.949 bebês seguem com a dose em atraso.

A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, podendo ser causada por bactérias, vírus, fungos e parasitas. No Brasil, a doença é considerada endêmica, sendo a modalidade bacteriana mais comum no outono e no inverno. Já as virais, na primavera e no verão.

De janeiro a setembro deste ano, 82 casos de meningite foram confirmados em Mato Grosso do Sul. Se comparado aos últimos três anos, crianças de 1 a 9 anos são as principais vítimas da doença.

O esquema vacinal é dividido com 1ª dose aos 3 meses, 2ª dose aos 5 meses e reforço aos 12 meses.

Pentavalente

Combinação de cinco vacinas individuais em uma, a pentavalente protege contra múltiplas doenças. Na Capital, a cobertura vacinal é de 58%, o que corresponde a 7.419 crianças imunizadas – 5.321 seguem com a dose atrasada.

A vacina protege contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenza – sorotipo B, contra meningite e também contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B.

Desde 2012, o PNI (Programa Nacional de Imunizações), do Ministério da Saúde, oferta a vacina pentavalente na rotina do Calendário Nacional de Vacinação. O esquema vacinal é dividido da seguinte forma: 1ª dose aos 2 meses; 2ª dose aos 4 meses; e 3ª dose aos 6 meses.

Em agosto, a Bolívia, país vizinho a Corumbá, registrou um surto de coqueluche, uma doença infecciosa aguda causada por bactérias. Com o surto no país vizinho, a doença chegou a Mato Grosso do Sul, com três casos confirmados.

Poliomielite

Outra vacina que segue com baixa cobertura e gera preocupação é a da poliomielite, que protege contra a paralisia infantil. O percentual de bebês vacinados em Campo Grande é de 58%, o que corresponde a 7.443 crianças. Já o número de crianças com a dose atrasada é de 5.297.

Em abril deste ano, um bebê indígena da cidade de Loreto, no Peru, foi diagnosticado com poliomielite. O caso gerou grande preocupação nas autoridades de saúde brasileiras devido à proximidade da fronteira do país com os estados do Amazonas e Acre.

Vale ressaltar que o último caso de poliomielite registrado no Brasil ocorreu há 34 anos. No entanto, a baixa cobertura vacinal aumenta os riscos da reintrodução da doença no país. Desde 2016, o esquema vacinal contra a poliomielite passou a ser de três doses da vacina injetável – VIP (2, 4 e 6 meses) e mais duas doses de reforço com a vacina oral bivalente – VOP (gotinha).

Hepatite B

Existem dois tipos de vacina contra B destinada a crianças com menos de um ano. A primeira deve ser aplicada nos primeiros 30 dias de vida dos bebês, na Capital, 63% do público-alvo recebeu o imunizante, 8.059 crianças. O total de bebês que não receberam a vacina é de 4.681.

As demais doses foram aplicadas em 7.419 crianças, cerca de 58% do total. Ainda restam 5.321 crianças aptas a se vacinarem em Campo Grande.

A vacina protege contra infecção do fígado (hepatite) causada pelo vírus da hepatite B, além disso, quando aplicada nas primeiras 12-24 horas após o nascimento ela é eficaz na prevenção da hepatite crônica.

O esquema vacinal se constitui de três doses, com intervalos de 30 dias da primeira para a segunda dose; e 180 dias da primeira para a terceira dose, sendo aplicada, portanto, aos 2, 4 e 6 meses de vida.

Tríplice Viral

A vacina tríplice viral protege o paciente contra três infecções causadas por vírus: sarampo, caxumba e rubéola, disponível para crianças a partir de 12 meses de vida. Em Campo Grande, a cobertura vacinal em crianças até um ano é de 63%, cerca de 7.978 vacinados. Ou seja: 4.762 crianças estão com a dose em atraso.

É considerado protegido todo indivíduo que recebeu duas doses das vacinas na vida, com intervalo mínimo de um mês, aplicadas a partir dos 12 meses.