Incêndio que destruiu 150 barracos no Mandela acende alerta em outras favelas de Campo Grande
Emaranhado de fios em ligações clandestinas faz moradores temerem nova tragédia
Karina Campos, Clayton Neves –
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O incêndio que deixou centenas de pessoas sem casa na Favela do Mandela acendeu o alerta em outras comunidades vulneráveis de Campo Grande. No Homex, com 1,5 mil pessoas e considerada a maior densidade habitacional da cidade, o medo de curto-circuito impera em quem depende da fiação elétrica clandestina. Campo Grande tem 43 favelas que abrigam cerca de 36 mil famílias, conforme levantamento da Cufa (Central Única das Favelas).
Em poucos metros entre as vielas é possível notar o emaranhado de fios, embolados e em alguns trechos na altura de uma pessoa. Segundo os moradores, explosões e estouros são frequentes, pois um fio encosta no outro e gera a condução.
Marilene dos Anjos, de 58 anos, mora com o tio em um barraco da região há seis anos. Em um dos episódios de fogo na fiação chegou a ficar cerca de três dias sem luz em casa. Ela diz que está na fila de regularização habitacional, mas até hoje não foi contemplada.
“Vi a reportagem sobre o incêndio. Só Jesus para ter misericórdia, queria que os grandões [políticos] fizessem alguma coisa por nós. Fiquei com medo, não tem como não ficar com receio. Acredito que lá começou por causa da ‘gambiarra’. Aqui sempre tem curto e pega fogo nas fiações, estoura os transmissores. Se tivéssemos condições, não vivíamos assim e teríamos uma vida mais digna”, disse.
Após saber da situação com a outra comunidade, Dhiego Pereira de Abriu, de 20 anos, conferiu as condições da fiação do barraco, onde mora com a mulher e o filho de apenas um ano.
“É uma situação bem complicada, pois penso na segurança do meu filho. Sempre tem pipoco e a energia cai muito aqui. Já disseram que iam regularizar nossa situação. A energia não liga direito nem a geladeira, tem uns estralos na fiação. A gente tem medo de acontecer igual e acabar perdendo tudo”.
O morador ainda diz que as famílias antigas construíram casas de alvenaria, entretanto, a maioria mantém a estrutura de madeira e lona, fáceis condutores de fogo.
Gilberto Soares, mora com a esposa e filho de três anos, também teme algo semelhante na região. Próximo à moradia dele, a fiação elétrica está baixa.
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