O relógio marcava 15h20 de um sábado, 14 de março de 2020, quando veio a confirmação que o temido e desconhecido coronavírus chegara em Mato Grosso do Sul. Um homem e uma mulher, que procuraram unidades públicas de saúde em Campo Grande, eram os precursores dessa saga que, após 3 longos anos, aparentemente, já vive um capítulo mais brando.

Mas o medo do vírus mortal já tomava conta da cabeça do campo-grandense, antes mesmo das primeiras confirmações. No dia anterior, 13 de março de 2020, jovens surtaram com a informação da presença de uma infectada em uma famosa balada de Campo Grande.

A história teve início porque um campo-grandense testou positivo em São Paulo. Porém, a suspeita era que a infecção tivesse acontecido no Rio de Janeiro. No estilo CSI, stalkers foram de story em story juntado peças de um quebra-cabeça, que no final mostrou que a namorada do moço esteve com ele na cidade maravilhosa.

“Eu estava em um hotel do Rio de Janeiro, vi algumas pessoas de máscara no hotel, mas fui para festas lá”, publicou o campo-grandense. A princípio, ele acreditou que poderia ter sido infectado em uma das festas da viagem, onde estava com a namorada. Ele fez os exames no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

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Jovens começaram a vasculhar as redes atrás de evidências (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Depois, indo mais afundo na investigação, internautas descobriram que a ‘possível infectada' ainda compareceu a uma festa de formatura na Valley, em Campo Grande. Surto instaurado. Devido à repercussão, o estudante se pronunciou e afirmou que a namorada não foi infectada.

“Minha namorada não está com coronavírus. Eu pedi para ela fazer o exame só porque o meu [exame] deu positivo”, disse, na época. Mas a afirmação caiu por terra pouco mais de 24h depois.

Quem foram os primeiros confirmados em MS?

A SES (Secretaria de Estado de Saúde) confirmou no dia seguinte ao ‘surto' que a jovem de 23 anos estava sim contaminada com a . Ela procurou a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Leblon no dia 12 de março de 2020.

Ela e um homem de 31 anos, que esteve na UPA Coronel Antonino, também no dia 12, foram os primeiros casos confirmados em MS. O homem havia chegado de Londres e manteve contato com um caso positivo em São Paulo.

Na mesma data, a SES havia descartado mais 13 casos suspeitos da doença, totalizando 29 casos descartados. A primeiras notícias mais fortes sobre a circulação do coronavírus começaram a surgir entre novembro e dezembro nos noticiários internacionais.

Naquela época, foi criado o COE/MS (Centro de Operações de Emergência) com o objetivo de auxiliar na definição de diretrizes estaduais para vigilância, prevenção e controle, bem como o acompanhamento e avaliação das ações desenvolvidas pelo Governo do Estado diante do coronavírus.

Em MS, desde o dia 25 de janeiro de 2020 começam as dos casos que poderiam ser de covid-19. Apesar da narrativa hollywoodiana, a pandemia foi instaurada e até o momento já vitimou 11.016 pessoas. Já foram 607.776 casos confirmados desde 2020, segundo último boletim divulgado pela SES.

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Leito de Covid-19 na Santa Casa (Foto: Henrique Arakaki | Jornal Midiamax)

Alerta de casos de covid-19

Nas últimas três semanas, o número de pessoas hospitalizadas por covid-19 em MS mais que dobrou e reacendeu alerta para o avanço da doença. De acordo com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), o Estado foi um dos cinco do País que apresentaram aumento no índice de internações.

Análise dos últimos boletins epidemiológicos da SES (Secretaria de Estado de Saúde) comprovam a realidade. No dia 21 de fevereiro, por exemplo, eram apenas oito internações por covid-19 no Estado, cinco delas, em unidades públicas de saúde. Do total, três pacientes ocupavam leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Uma semana depois, novo balanço já listava 14 hospitalizados, quase o dobro que sete dias antes. Do total, 10 permaneciam em leitos clínicos e o restante recebendo atendimento em UTI, novamente, a maioria, 11 ao todo, estava em unidade de saúde pública.

Por fim, último boletim divulgado pela SES, em 7 de março, manteve a linha de elevação, com registro de 18 internações em Mato Grosso do Sul, mais que o dobro do que duas semanas antes.