Com o fim da na terça-feira (28), comerciantes do setor de produtos de pesca já se mobilizam e estão com a expectativa nas alturas para vender. Entretanto, por conta das determinações estaduais, como normas de pesque e solte, cotas de pescado e exigência de licença ambiental para pescadores amadores, alguns acham que isso pode espantar os turistas e impactar nas vendas.

Para o sócio proprietário da Náuticos Pesca, Renan Benites, de 32 anos, as vendas dobram após o período de pesca fechada por conta da reprodução dos peixes. “Março e abril são os meses que mais vendem. Devem vender 30% a mais que no ano passado”, opina ao Jornal Midiamax.

E complementa: “Se comparar aos meses de novembro e dezembro, é 200% a mais de movimento”, diz ele, que já preparou o estoque. “A cada temporada compramos novos produtos. Hoje o mercado da pescaria é como se fosse um esporte: muitos vão para pescar pelo prazer de pescar e soltar. Acabou aquela ideia de ir e levar um monte de peixe para casa”, explica.

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Promoção de iscas (Foto: Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax)

Pesque e solte

Da mesma opinião compartilha o pescador Jefferson Margato, de 37 anos. Desde os 12 anos, ele já saía para pescar com o pai. “Antigamente existia essa cultura de matar e a cultura foi mudando. Eu pratico a pesca de lazer; pesque e solte. No máximo pegar um para comer com a família”, conta.

Ele já se prepara para a pescaria e comprou carretilha, isca artificial, vara de pescar, roupa e sapato confortável. “Os peixes devem aparecer mais. Os rios encheram. Com o Rio Paraguai cheio, os peixes conseguem subir mais em direção às nascentes. Como os rios encheram facilita a subida. O Rio Miranda, em Aquidauana, tende a ter mais peixes esse ano devido ao período chuvoso ter sido muito bom”, explica.

Turistas já começaram a chegar

Proprietária da loja Chegada do Pescador, Eliene Vilela Rodrigues, de 48 anos, conta que já começou a receber pedidos de reserva para turistas de fora. “Agora aumenta bastante as vendas. Como ficou 4 meses fechado, as expectativas são as melhores”, diz à reportagem.

“Os turistas já começaram a chegar e reservar iscas por telefone. Eles vêm de e ficam nos pesqueiros que já frequentam”, conta.

Além disso, ela espera que as vendas aumentem neste ano. “2022 não foi ruim; foi bom. Esse ano deve aumentar em 70% as vendas. Subiu muito peixe. Os rios estão bons por causa das enchentes”, opina.

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Iscas vivas (Foto: Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax)

Contraponto

Para o empresário Eduardo Pereira dos Santos, de 55 anos, os turistas estão migrando para Mato Grosso e as vendas no Ponto do Pescador não devem ser as melhores esse ano. Eduardo foi vítima de um furto de fios e perdeu todas as iscas vivas recentemente.

“A gente não espera muita coisa porque Mato Grosso continua com uma cota diferente da nossa. Lá é 5 quilos e um exemplar. Aqui é um exemplar por pessoa. O turismo tem ido para lá; acredito que 30% do turismo vai para o Mato Grosso”, diz ao Jornal Midiamax.

Segundo o (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), desde 2020 pescadores só podem levar um exemplar de peixes de espécie nativa, como pacu, pintado, cachara e jaú, por exemplo, além de cinco exemplares de piranhas, dentro das medidas mínima e máxima.

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Tanques de iscas vivas (Foto: Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax)

Se a espécie pescada estiver fora dos tamanhos permitidos, deve ser solta no local. Já a pesca do dourado segue proibida até 2024, conforme Lei 5.231 de 2019.

Com relação às espécies exóticas, não há cota e o pescador pode levar qualquer quantidade. São consideradas exóticas as espécies que não pertencem à fauna local, como o apaiari, bagre africano, black bass, carpa, peixe-rei, sardinha-de-água doce, tilápia, tucunaré, zoiudo e tambaqui.

Para Eduardo, a cota engloba o turista médio e alto, mas não o baixo. “Ele não está atrás de um troféu. Eles estão atrás de uma mistura e para refrescar a cabeça um pouco. Ele é o pescador que tem o dinheiro da gasolina, compra a minhoca e vai para o rio”, explica.

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Iscas vivas (Foto: Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax)

Pesca no Pantanal

Em algumas regiões do Pantanal de Mato Grosso do Sul, as condições dos rios ainda não são adequadas para pesca, seja pela qualidade da água ou pela alta dos rios.

De acordo com o proprietário do Pesqueiro Rancho Paraíso Pantanal, Rogério Iehle Walter, a expectativa de público nesta temporada seria bom, caso o rio não sofresse com a “dequada”, fenômeno que piora a qualidade da água a partir da decomposição de plantas mortas nas margens dos rios. 

Apesar de algumas áreas do Pantanal ainda não contarem com as condições ideais para a pesca, em outras a procura é alta, o que anima os pesqueiros.

Serviço

O Imasul e a PMA (Polícia Militar Ambiental) fizeram Cartilha do Pescador, que pode ser acessada clicando aqui.

Para emitir a Licença Digital de Pesca o interessado deve acessar o site do Imasul, neste link, ou através do aplicativo MS Digital disponível nas lojas de e iOS.