Os pescadores que estão animados para jogar a linha e o anzol nas águas do Pantanal de Mato Grosso do Sul, com o fim da Piracema desde a última terça-feira (28), vão precisar esperar um pouco mais. Em algumas regiões, as condições dos rios ainda não são adequadas para pesca, seja pela qualidade da água ou pela alta dos rios.

De acordo com o proprietário do Pesqueiro Rancho Paraíso Pantanal, Rogério Iehle Walter, a expectativa de público nesta temporada seria bom, caso o rio não sofresse com a “decoada”, fenômeno que piora a qualidade da água a partir da decomposição de plantas mortas nas margens dos rios. 

“Eu tinha quatro grupos marcados e precisei desmarcar. A gente se programa por quatro meses, faz reforma contando que vai ter retorno e aí quando chega em março, acontece isso. Às vezes, a gente precisa vender alguma coisa nossa para poder honrar com os pagamentos com fornecedores e funcionários”, ele lamenta. 

O homem se mudou do interior de São Paulo para a região do Passo do Lontra há 32 anos e relembra que a última vez que viu o fenômeno “decoada” foi em 2016. “É uma situação que desestabiliza a gente, a gente trabalha com isso a vida inteira e não sabe fazer outra coisa”, afirma. 

O empresário contabiliza que o prejuízo até o momento fica em torno de R$ 50 mil, entre diárias de hospedagem, venda de iscas e aluguéis de barcos. Tudo precisou ser cancelado devido à qualidade da água, o que inviabiliza a pesca. 

“Tudo depende do rio, a gente não sabe quando a água vai melhorar e não conseguimos fazer promessas para os clientes. Porém, dificilmente a decoada some com menos de 30 ou 40 dias. No ano passado tivemos queimadas no Pantanal, agora chegou a conta dessas plantas mortas que ficaram nas margens dos rios”, avalia o homem.

Porém, Rogério conta com otimismo que a expectativa é de semanas melhores futuramente, com casa cheia e barcos voltando para as águas. No Pesqueiro Rancho Paraíso Pantanal, a diária individual varia de R$ 120 a R$ 260 por pessoa. Os grupos precisam ser compostos por, no mínimo, dez pessoas. 

Já em outro pesqueiro na região de Miranda, que preferiu não se identificar, as varas de pesca também continuam guardadas, porém com motivo diferente. O rio está cheio, o que dificulta a navegação. 

“Nós tínhamos várias reservas para agora, mas precisamos jogar para o fim do mês e início de abril porque não temos como falar para o cliente vir. A nossa expectativa é boa, a casa tá pronta esperando as pessoas e esperamos que não chova mais”, afirma o funcionário. 

Pesca volta em outras regiões

Apesar de algumas áreas do Pantanal ainda não contarem com as condições ideais para a pesca, em outras a procura é alta, o que anima os pesqueiros. 

A agenda no Hotel Pesqueiro da Cida está cheia até o fim de março. Mesmo com a alta do rio, é possível colocar os barcos na água, conta Yoshio Oliveiro Takano.

“Na verdade está faltando mão de obra. Hoje saíram 14 barcos e estamos lotados. Ainda em março temos dois eventos que reúnem só mulheres. Nesse começo de temporada, elas tem procurado mais a pesca”, ele explica. 

Ele conta que a diária de hospedagem custa R$ 160 o ano inteiro e inclui café, almoço, jantar e hospedagem. A diária do barco custa R$ 80, enquanto o aluguel do barco, motor e piloteiro custa R$ 320.

Operação Piracema

A operação Piracema no biênio 2022/2023 autuou 33 pessoas, apreendeu 511 kg de pescado e aplicou R$ 55 mil em multas. 

De acordo com a PMA (Polícia Militar Ambiental), o volume de pescado apreendido é 305% maior em relação à operação 2021/2022, quando foram capturados 126 kg.

Serviço

O Imasul e a PMA (Polícia Militar Ambiental) fizeram Cartilha do Pescador, que pode ser acessada clicando aqui.

Para emitir a Licença Digital de Pesca o interessado deve acessar o site do Imasul no endereço http://www.pescaamadora.imasul.ms.gov.br/#/login, ou através do aplicativo MS Digital disponível nas lojas de Android e iOS.