Os trabalhos de comissão criada para monitorar a falta de água em aldeias indígenas de , distante 225 quilômetros de Campo Grande, seguiram nesta semana. O grupo composto por integrantes do Governo do Estado, vereadores, empresa de abastecimento e lideranças indígenas decidiu expandir os trabalhos para todas as aldeias de Mato Grosso do Sul. Nova reunião do grupo está marcada para o dia 9 de março, em Campo Grande.

A falta de água nas aldeias, principalmente as de Dourados, é problema antigo e motivo de reclamação de indígenas há décadas. Uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) foi criada na Assembleia Legislativa há 23 anos para apurar falta de água e problemas envolvendo desnutrição dos indígenas.

Na época, a comissão visitou oito aldeias, realizou seis reuniões externas, 44 pessoas foram ouvidas e 36 diligências realizadas. No entanto, pouca coisa saiu do papel, segundo os próprios vereadores de Dourados que atualmente integram novo grupo de trabalho.

Em 2018, há 15 anos, o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) voltou a denunciar o problema, relacionando a falta de água com doenças de pele e desnutrição de crianças indígenas nas reservas de Dourados.

Recentemente, o assunto voltou à tona entre os deputados do Estado, após repercussão nacional causada pela desnutrição do povo Yanomami, em Roraima.

Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população indígenas do Brasil com 74 mil indígenas. O Estado só fica atrás do Amazonas, que possui 169 mil moradores indígenas.

Grupo de trabalho faz levantamento em Dourados (Foto: Governo de MS)

Grupo analisa pontos críticos

Um dos líderes do grupo de trabalho, o vice-governador Barbosinha (PP) disse que na última reunião feita na quinta-feira (16) os integrantes analisaram mapas e croquis sobre abastecimento de água das aldeias.

Lideranças indígenas e trabalhadores da (Secretaria Especial de Saúde Indígena), assim como do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena), também apresentaram diagnóstico dos problemas. Diante da situação, o grupo deliberou em ampliar os trabalhos para todas as aldeias de Mato Grosso do Sul.

“Nos debruçamos sobre mapas e croquis dos pontos mais críticos e surgiu, a partir dessa primeira reunião temática, a ideia de abraçar os problemas verificados não só em Dourados, mas em todas as áreas indígenas de Mato Grosso do Sul”, disse Barbosinha.

Uma nova reunião está marcada para o dia 9 de março, na (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul), responsável pelo abastecimento de água em Dourados e outras cidades do Estado. O grupo se reunirá na sede da empresa em Campo Grande.

“A ideia é ampliar o debate, chegar ao Ministério Público Federal, ao Poder Público Municipal, mas, sobretudo, envolver as comunidades das aldeias indígenas, os principais beneficiários de toda e qualquer ação que o Governo venha a realizar para tentar amenizar esse drama secular”, concluiu Barbosinha.

Percurso para buscar água na Panabinzinho é longo (Foto: Arquivo Pessoal)

Problema crônico

Em meio à pandemia, em 2020, o Jornal Midiamax visitou aldeias de Dourados e mostrou os problemas causados pela falta de água. Na época, até crianças caminhavam cerca de dois quilômetros em busca de água contaminada.

Na aldeia Panambizinho, por falta de empenho das autoridades políticas, máquina escavadeira e alguns metros de canos, mulheres e crianças chegam a caminhar quase dois quilômetros em busca da água do córrego Yju Mirim (pequena água amarela).

Quem não tem carroça e nem carriola, é obrigado a carregar os galões nas costas.

O coro de reclamações em relação à omissão da também é entoado pelas lideranças das aldeias. Na Bororó, considerada o epicentro da pandemia na Reserva Indígena, o cacique Gaudêncio Benitez também lança ‘flechas' em relação ao órgão.

“Olha seu moço pra dizer bem a verdade a última vez que vi alguém da Funai por aqui, ninguém nem sonhava com pandemia. Acho até que foi no ano passado”, afirmou indígena ao Midiamax, na época.

Confira a reportagem completa abaixo: