Quatro alunos da Escola Estadual Teotônio Vilelac, do bairro Universitário II, em Campo Grande, nunca haviam imaginado que no Ensino Médio estariam desenvolvendo produtos cosméticos sustentáveis. Mas, graças a um projeto de pesquisa, Curie Cosmetologia Natural, desenvolvido pela Profª Dra. Daniely Ferreira de Queiroz, isso hoje é uma realidade.

A professora coordenadora do projeto – que é doutora em Química pelo IQSC/USP (Instituto de Química de São Carlos- USP) – conta que, inicialmente, tinha apenas a estrutura do laboratório. Porém, o projeto de pesquisa surgiu de verdade após a aprovação do PIC TEC 2, um programa de iniciação científica financiado pela Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul).

“No início do projeto, não dispúnhamos de equipamentos, vidrarias e muito menos de matérias-primas. Foi com o auxílio das bolsas concedida pelo programa que, aos poucos, o laboratório foi tomando corpo, foi criando identidade”, conta a professora.

Hoje, segundo ela, o cenário já é outro: a equipe já possui vários equipamentos, inúmeras matérias-primas (muitos óleos vegetais e manteigas da Amazônia e do Cerrado), bem como a paramentação dos equipamentos de proteção individual dos alunos e pesquisadores envolvidos.

Bolsista do projeto, Nathalia Moraes contou em entrevista ao Jornal Midiamax que, quando recebeu o convite da professora, achou muito incrível poder trabalhar com cosméticos.

“Eu nunca pensei em fazer cosméticos, ainda mais dentro da escola e usando cosméticos naturais. Acredito que o projeto mudou a minha vida. Eu nunca tinha pensado, mesmo, que eu queira seguir uma carreira que envolva isso, nunca tinha me visto como uma cientista. E participar do projeto me deu essa visão sobre mim”, disse.

Futuro

A professora explica que o projeto resgata jovens da periferia e os traz para dentro do laboratório, para fazê-los gostar e se interessar por ciência.

“Eu acho que eu já plantei essa sementinha na vida deles. Todos estão muito motivados a continuar, a fazer uma universidade, um curso universitário para trabalhar com ciência. Isso é ótimo e faz a educação valer a pena, a gente levantar todos os dias para ir dar aula”, relatou.

A Laíssa Borges Nunes expressa a importância da experiência. “Mostrou o lado bom da vida acadêmica, me deu mais interesse em poder me formar numa faculdade, me deu a experiência de trabalhar em um laboratório e nos processos científicos. Abriu muitas portas na minha vida e eu me sinto realizada, realmente, por estar fazendo parte dessa inovação no mundo da ciência”.

Da mesma forma, Daniel Vitoriano também diz estar realizado ao participar do projeto. “Hoje eu me vejo como um próximo cientista, e foi tudo muito lindo, principalmente, trabalhar com cosméticos do Cerrado da Amazônia, poder vivenciar pesquisa científica, poder conhecer de perto todo o método científico e trabalhar com a química dentro da escola. Acho que isso resolve a diferença, o futuro do país, está dentro das escolas públicas”, destacou.

Para a aluna Gabriela da Gama, participar desse projeto foi incrível. “Eu nunca fui muito de gostar de química, mas aceitei o convite por desafio e me surpreendi. O projeto é muito interessante e inspirador, até mesmo para mim, porque minha área é totalmente diferente da química. É motivante saber os benefícios que esse projeto nos trouxe. Aprendemos coisas que nunca aprenderíamos e vamos carregar para a vida inteira”, ressaltou.

Os trabalhos entre os alunos são divididos em duplas e todos os produtos são sustentáveis, biodegradáveis e garantimos nossas linhas 100% veganas, com matérias-primas certificadas com produtos orgânicos e sem testes em animais.

Os produtos

Linha capilar e Linha facial, sendo desenvolvidos xampu, condicionadores e máscaras capilares sólidas, além de cremes corporais e faciais, séruns com vários ativos (Vitamina C, E, A, D-pantenol, Ácido Hialurônico, entre outros), tônicos faciais e capilares, água micelar (demaquilante), lipbalm, entre outros.

Projeto

A Fundect possui uma chamada de edital para as escolas públicas, para a Escola Militar e para o Instituto Federal, de um programa chamado PICTeC. O programa é de iniciação científica e tecnológica para alunos de Ensino Médio da escola de base.