Conselheira da ONU que apura genocídio de indígenas ouve lideranças em MS para ‘investigação’

Representante esteve em aldeia que foi palco de confronto com a polícia que terminou na morte de indígena

Priscilla Peres, Fábio Oruê – 09/05/2023 – 19:18

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Subsecretaria da ONU em aldeia de MS (Foto: Divulgação/ CIMI)

A subsecretaria da ONU (Organização das Nações Unidas), Alice Wairimu Nderitu, visitou a aldeia indígena Guapoy, em Amambai, nesta terça-feira (9), a realidade dos Guarani Kaiowá. No local, ela conversou com indígenas e acompanhou ritos da aldeia.

Além disso, a subsecretaria ouviu várias lideranças e destacou que o discurso de ódio, a desumanização, a violência e o racismo estrutural e sistêmico são elementos sempre precedentes a um processo de genocídio.

Alice é responsável pela pauta de prevenção ao genocídio e irá analisar se no Estado há indícios desse crime em curso. Agora, ela irá analisar o que apurou, ouviu e os documentos que recebeu a fim de produzir um relatório oficial sobre a situação dos povos indígenas em MS.

A aldeia Guapoy é a mesmo onde ocorreu o confronto entre o Batalhão de Choque e indígenas, que acabou na morte do indígena Vitor Fernandes.

Mato Grosso do Sul registrou um terço das mortes de indígenas do país durante os conflitos no campo no ano passado. Os dados foram apresentados no relatório da CPT (Comissão Pastoral da Terra) sobre as violências ocorridas no Brasil em 2022.

documento indica que as terras sul-mato-grossenses registraram seis das 18 mortes de indígenas do Brasil e destaca os casos de retomada dos indígenas Guarani-Kaiowá. Seis pessoas foram mortas entre maio e dezembro do ano passado. 

O número posiciona o Estado de Mato Grosso do Sul em terceiro do país que mais registrou assassinatos decorrentes de conflitos no campo. A morte de indígenas no país representa 38% do total de óbitos em violências no campo, que totalizaram 47 pessoas assassinadas em 2022. 

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