Com influência do clima e da economia, Campo Grande tem um estilo próprio de se vestir?
O Jornal Midiamax foi atrás de respostas sobre qual seria o estilo “Campo Grande Core”, que traduziria o jeitinho peculiar dos campo-grandenses se vestirem
Monique Faria –
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Se o carioca é conhecido por andar de chinelo até em shopping e o paulistano pelo apreço às camisetas polo, é bem certo que o campo-grandense também tenha seu estilo. Casual? Formal? Moda country? Afinal, o que constitui o “Campo Grande Core”, o estilo de se vestir, “a cara” dos campo-grandenses?
É o que o Jornal Midiamax buscou desvendar. Às vésperas dos 124 anos de Campo Grande, consultamos de estilistas a lojistas e até ao Chat GPT. Toda ajuda foi bem-vinda para consolidar, no fim das contas, qual o estilo dos campo-grandenses. Já fez sua aposta? A seguir, você confere o que a gente encontrou.
O primeiro consultor foi ele, o Todo-Poderoso Chat GPT, a inteligência artificial capaz de simular até conversas humanizadas com seus usuários. Para a plataforma que é apontada como o futuro das relações de trabalho, tecnológicas e até pessoais, o estilo de se vestir em Campo Grande é geralmente ‘bastante casual e relaxado’.
A justificativa estaria no clima mais quente, num contexto em que as pessoas ‘valorizam o conforto e preferem roupas que sejam mais práticas’. A inteligência artificial também elencou as características mais fortes das vestimentas do campo-grandense:
- Tecidos naturais: Roupas feitas de tecidos naturais como algodão e linho são populares por serem respiráveis e confortáveis em climas quentes.
- Estampas tropicais: Padrões florais, de folhagem e outros motivos tropicais são frequentemente vistos em roupas, adicionando um toque de alegria e estilo ao guarda-roupa.
- Acessórios: Devido à exposição ao sol, chapéus, bonés e óculos de sol são acessórios populares para proteção e estilo.
- Jeans: Calças jeans são uma opção versátil que pode ser usada durante todas as estações. Elas são frequentemente combinadas com camisetas ou blusas de manga curta.
- Cores claras: Cores claras são frequentemente escolhidas por refletirem a luz solar e ajudarem a manter a temperatura corporal mais baixa.
- Moda Country: Dado o contexto do estado de Mato Grosso do Sul, onde a cultura agropecuária é forte, elementos da moda country, como botas, cintos de couro e camisas xadrez, também podem ser vistos como parte do estilo.
Mas, será que os moradores da Capital concordam com o que diz a inteligência artificial? O Jornal Midiamax também perguntou aos empreendedores de moda na Capital, e aos próprios moradores da cidade, quais as peças e acessórios de roupa são as mais escolhidas na hora de montar um ‘look’.
Vestidinho, cores fortes e rasteirinhas
A supervisora da loja Uzze, Viviane Bravo, de 46 anos, afirma que os vestidos são os que mais saem na loja de roupas feminina, e a explicação é que a peça é mais prática para o calor, e confere uma aparência de estar bem vestida. “Os vestidos podem ser longos ou curtos, mas que sejam de tecidos leves”, afirma.
Em relação à estampa, a supervisora afirma que as mais fortes são as queridinhas da mulher campo-grandense, com cores vivas. “São estampas mais fortes, sempre coloridos demais, como um rosa forte. São cores que chegam e saem rápido”, explica.
Quanto aos sapatos mais usados pela mulher campo-grandense, os mais ‘abertos’, que deixam os pés mais livres, devido ao calor, são os mais procurados. A empresária Thaíse Vieira Lima, de 34 anos, tem uma loja de calçados no Camelódromo, e afirma que as papetes caíram no gosto das mulheres.
“Sandálias estilo rasteirinhas são os que elas mais gostam porque aqui faz muito calor. No momento, as papetes são as mais usadas”, conta.
Boné, bermuda e camisetas
Já deu para entender que, com os termômetros superando os 30°C na maior parte do ano, o estilo “Campo Grande Core” é fortemente influenciado pelo clima. No caso dos moços, a regra até que se mantém, mas com alguns ajustes.
Também vendedor do Camelódromo, Samuel Vasques detalha que o estilo masculino é marcado por dois tipos de roupas: os mais jovens usam mais bermudas estampadas, com um estilo mais descontraído, e camisetas similares a marcas que ficaram famosas, como High, Anti Social Club e Santa Cruz. Já o balzaquianos – homens acima de 30 anos – costumam comprar bonés e camisetas mais tradicionais, estilo Tommy Hilfiger e Maresia.
“Eu acho que a influência [do estilo] é mais de informações da mídia, como cantores de trap de fora. Homem é mais por estética, e não pelo clima, compram e usam jaqueta bomber no calor”, explica.
Óculos ‘juliete’, correntes douradas ou prateadas
Quanto aos acessórios mais populares, o óculos de sol é o mais requisitado, tanto pela questão da incidência solar, quanto pela estética. A proprietária de uma loja de óculos de sol também no Camelódromo, Esther Lima Alves Macedo, de 20 anos, afirma que os homens apostam mais no modelo ‘juliete’ (óculos com lentes espelhadas). As mulheres gostam de modelos com armações maiores.
“O que mais vende para o homem é o juliete, os mais coloridos mesmo. Já para mulher varia bastante. Mas elas gostam de óculos grande, quadrado ou modelo gatinho. Os homens compram mais por estética, usam até de noite, em festa, não é por causa do sol”, explica.
Outro vendedor do Camelódromo, Maicon Fuzaro, de 23 anos, explica que as correntes são acessórios muito vendidos. “Homem usa mais do que mulher. Quem tem o estilo mais country, usa a corrente de ouro, quem gosta mais de funk, usa as prateadas”, afirma.
Referência do agro no estilo country
Quando se fala no estilo do campo-grandense, muitos logo pensam no estilo Country, pela influência do agronegócio, forte na economia do estado. O estilista e sócio da marca Bocaiuva, Eduardo Inácio Alves, afirma que, pela regionalidade, algumas características específicas se sobressaem no estilo de se vestir do morador da ‘cidade morena’, como peças voltadas para o estilo country.
“A gente vê muito, ainda hoje em dia, as pessoas com camisa polo, camisa xadrez, coturnos ou bota de couro, e calça mais ajustada. Se vai a algum show, você encontra muito as pessoas com chapéu de palha, ou o próprio chapéu de cowboy. Então, a gente encontra muitas referências do sertanejo e do agro aqui no estado, mas é uma coisa muito diversificada já hoje em dia”, afirma.
A proprietária da loja de moda country New Cia, Fábia Assis, explica que o agro segue influenciando o estilo dos jovens na Capital, principalmente no pós-pandemia, quando o mercado passou a valorizar mais a produção alimentícia. Para ela, a música sertaneja também tem participação na preferência pelo estilo country, especialmente agora com o sucesso da cantora Ana Castela, adepta ao chapéu de cowboy.
“Um look completo para o estilo country inclui bota, cinto, camisa xadrez e chapéu, tanto para homem, quanto para mulher. Com cerca de mil reais, você monta um look”, afirma.
O que pensam os adolescentes da cidade?
As irmãs, Nicoli Queiroz, de 18 anos, e Gabriela Queiroz, de 14 anos, contam que o estilo feminino mais famoso entre as adolescentes é o de ‘patricinha’, composto de calça wide leg e cropped em cores neutras, ou o estilo ‘mandrake’, composto de calça cargo, tênis da marca Mizuno e camisa de time de futebol.
“Eu pego muito o 61 [linha de ônibus] no sábado à tarde, e vejo as meninas usando mais o estilo mandrake”, diz Nicoli.
Os amigos Andrey Schmitt, 17 anos, e Donny Allan, 20 anos, contaram que no estilo masculino, o mandrake também lidera entre os adolescentes, junto com o estilo skatista. “O que mais vejo entre os meninos é skatista ou mandrake. No shopping que vemos os agroboys”, explica Donny.
Para finalizar, a cereja do bolo que não pode faltar
Com a moda fortemente influenciada pelo clima e pela economia, já deu para entender que o estilo “Campo Grande Core” varia de tribo em tribo, entre gêneros e pela idade.
Mas, tem um item do guarda-roupa que circula por todas as tribos. Combinando ou não com as demais peças, ele sempre dá um jeito de aparecer, principalmente no inverno indeciso do centro-oeste. Já sabe qual é?
Bem, sabe aquele moletom que campo-grandenses vestem às 7h da manhã para ir ao trabalho ou à escola? Não é surpresa ver a peça amarrada na cintura por volta do meio-dia, quando os termômetros disparam dos 20°C para os 30°C. Seria o moletom o mais puro suco do estilo “Campo Grande Core”? Fica aí reflexão.
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