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Cotidiano

Com espera de até 5 meses, Campo Grande tem um endocrinologista para quase 400 pacientes

Demanda por especialista é alta, enquanto Estado enfrenta aumento de doenças ligadas ao metabolismo e hormônios
Thalya Godoy -
medico residência
Imagem ilustrativa (Freepik)

Com longas filas de espera na rede pública e particular, marcar uma consulta com endocrinologistas em pode demorar cinco meses e custar até R$ 600. Ao mesmo tempo, o Estado encara uma alta de doenças ligadas ao metabolismo e hormônios, o que evidencia a alta demanda por esses profissionais.

Nos últimos anos, os casos de diabetes em Campo Grande cresceram 66,36% e em 2022 foram registradas 372 mortes por doenças cardíacas, como infartos e AVCs. Além disso, mais da metade dos brasileiros estava com sobrepeso em 2021.

De acordo com o diretor da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), Fábio Moura, o endocrinologista é o médico responsável por cuidar de doenças endocrinológicas, alterações hormonais ou doenças metabólicas.

“Hoje, diante do aumento exponencial de doenças crônicas não transmissíveis, tais como obesidade, diabetes, dislipidemia. Talvez diabetes seja o carro chefe. O endocrinologista vai ser o profissional cada vez mais necessário. Acredito que mesmo ampliando o número de endocrinologistas não vai ser possível de dar conta da demanda”, afirma o diretor.

A Capital conta atualmente com 10 especialistas no SUS, entre seis para atendimento de adultos e quatro para crianças. A fila é longa e para conseguir agendar a primeira consulta é preciso esperar até cinco meses no caso dos mais velhos, a depender da gravidade do caso. 

Vera Lúcia dos Santos, de 47 anos, conta que esperou por uma consulta com endocrinologista pelo SUS durante seis meses e desistiu. A mulher que está na fila da cirurgia bariátrica tinha prazo para entregar os laudos e desembolsou R$ 240 por duas consultas, além de R$ 300 em exames. 

“Não dava para esperar, paguei R$ 120 e depois mais R$ 120, fora os exames”, ela recorda.

De acordo com dados da (Secretaria Municipal de Saúde), a Capital tem um médico para atender quase 400 pessoas. São 936 adultos que precisam passar por endocrinologista pela primeira vez e 1.403 que aguardam o retorno, o que resulta em uma demanda de 2.339 pacientes.

Assim, a rede pública de tem um médico para atender uma média de 389,8 adultos. 

Atendimentos em Campo Grande. (Elaborado por Madu Livramento/Jornal Midiamax)

No caso das crianças, a fila é menor, mas não menos desanimadora. Na endocrinologia pediátrica, existe uma média de tempo para agendamento de um mês para primeiras consultas e 15 dias para retornos.

No caso dos pequenos, são 122 que esperam passar pelo especialista pela primeira vez e 87 que aguardam retorno, totalizando uma demanda de 209 pessoas na fila e uma média de 52,25 pacientes por médico. 

Por que MS tem poucos endocrinologistas?

Na série histórica da Sesau, o maior número de atendimentos com endocrinologistas em Campo Grande foi na pré-pandemia, quando foram realizadas 9.480 consultas, seguido por 2022 com 7.342 atendimentos pela rede pública. 

De acordo com dados do CRM/MS (Conselho Regional de Medicina do Mato Grosso do Sul), existem 74 especialistas em Endocrinologia e Metabologia ativos no Estado. O conselho não tem dados sobre quantos profissionais atendem no setor público ou privado.

Conforme explica a presidente regional da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, médica Ana Carolina W. Xavier, Mato Grosso do Sul não tinha residência médica em endocrinologia até há pouco tempo. Somente em 2022 foi aberta uma vaga no Serviço de Endocrinologia do Hospital Universitário da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

“Para o médico se especializar em endocrinologia, ele deve fazer residência médica em Clínica médica por dois anos e depois mais dois anos em Endocrinologia. E as vagas para essa especialidade são escassas em todo o Brasil”, explica a médica.

A análise é compartilhada pelo diretor da SBEM, Fábio Moura, que explica que essa é uma residência médica nova e que até há pouco tempo era disponibilizada em poucos lugares.

“Hoje, virtualmente, a gente tem residências médicas, por exemplo, em todas as capitais do Nordeste. Mas, até 10 anos atrás só tinha basicamente em Recife, e Fortaleza. No Norte, eu acredito que nem todas as cidades tenham esses serviços. Então, além de ter um número relativamente escasso de profissionais, eles estão muito concentrados no Sul e Sudeste do País. O Centro-Oeste como no Nordeste tem um número razoável”, ele explica.

Para um médico ser especialista precisa cumprir os seguintes requisitos: ter RQE (Registro de Qualificação do Especialista), ter feito residência, fazer um curso de especialização reconhecido pela SBEM e pela AMB (Associação Médica Brasileira) e prestar a prova de título de especialista e ser aprovado.

“Se o médico não cumpre esses requisitos ele não pode ser nomeado como especialista. É necessário treinar o Clínico Geral para os casos mais simples e deixar os casos mais complicados para especialistas”, afirma Fábio Moura.

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