Com 180 mortes no trânsito em 3 anos, Maio Amarelo mobiliza autoescolas de Campo Grande
Segundo Agetran, principal motivo de acidentes é dirigir acima da velocidade permitida de 50km/h em Campo Grande. Autoescolas fazem ações de conscientização
Nathália Rabelo –
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Com a temática “No trânsito, escolha a vida”, a campanha Maio Amarelo segue em andamento desde o dia 2 para tratar sobre a segurança no trânsito de Campo Grande. Uma vez que a Capital registrou 180 mortes por acidente nos últimos três anos, autoescolas também se mobilizam para conscientizar a população sobre os cuidados atrás do volante.
A campanha é realizada pela Prefeitura de Campo Grande, por meio da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), em parceria com o GGIT (Gabinete de Gestão Integrada de Trânsito) e diversas outras entidades, como PM (Polícia Militar), GCM (Guarda Civil Metropolitana), Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito), PRF (Polícia Rodoviária Federal), Corpo de Bombeiros e outros.
Segundo dados do GGIT, foram notificadas 86 vítimas fatais por acidente de trânsito em Campo Grande em 2021, 76 em 2022 e 18 até o momento de 2023. Desde 2011, quando dados começaram a ser contabilizados, foram 973 vidas perdidas do trânsito na Capital. Dados são de mortes no local ou até 30 dias de internação. Diante desse cenário, autoescolas participam de ações para conscientizar novos e antigos condutores.
Bandeirinhas amarelas
Dionnes Jorge dos Santos é proprietário de três autoescolas de Campo Grande, localizadas no Bairro Universitário, no Tijuca e, por fim, no bairro Vila Coutinho, Nas três unidades, funcionários estão engajados a levar educação no trânsito à população. Umas dessas ações, inclusive, são as bandeirinhas amarelas de pano instaladas nos veículos, em alusão ao Maio Amarelo.
Conforme Dionnes, todos os anos as autoescolas ficam engajadas na campanha. “O Maio Amarelo é um movimento mundial, então é extremamente importante fazer essas ações. Esse ano estamos fazendo várias, como as bandeiras amarelas instaladas nos veículos. Todas as quartas os trabalhadores se vestem de amarelo, todas as unidades estão enfeitadas, além das ações que fazemos no dia a dia, como palestras, abordagens educativas nos semáforos e nas escolas”, destaca.
Além disso, empresas pretendem fazer evento voltado às crianças e aos pais sobre a importância de não deixar menores brincando livremente pelas ruas, uma vez que existem riscos de acidentes, como atropelamentos, e evento de encerramento no Bioparque do Pantanal marcado para o dia 31 de maio.
Principal motivo de acidentes em Campo Grande
Segundo Ivanise Rotta, gerente de Educação no Trânsito da Agetran (Agência Municipal de Trânsito), o Maio Amarelo começou em 2014, mas desde 2011 o município trabalha com o programa “Vida no Trânsito”, em que se trabalha, junto com o monitoramento internacional, ações assertivas com base nos dados de acidentes de trânsito na cidade.
“A engenharia está diretamente ligada à redução de acidentes e vítimas no trânsito. Quanto melhor a engenharia, menor o número de vítimas. Quando a gente consegue compreender o que faz com que a pessoa preserve a vida, faz a gente melhorar”, pontua.
Assim, o principal fator de risco em Campo Grande é dirigir acima da velocidade máxima de 50 quilômetros por hora nas vidas urbanas. Para Rotta, trata-se de uma velocidade de segurança.
“Se perder o controle do carro e estiver dirigindo a 50km/h, a pessoa tem chances de ficar viva. A chance de uma criança viver, por exemplo, é de 90%. Se bater numa moto, a chance do piloto é de 90%, além do motorista conseguir desviar e frear, podendo ocasionar um acidente leve. Dirigir acima de 50km/h reduz a chance de vida de 90% para 30% e assim sucessivamente”.
Outro grande desafio apontado pela especialista é a normalização de dirigir embriagado, uma questão cultural enraizada na cultura da cidade. “O campo-grandense tem que compreender que precisa dirigir sóbrio porque é inaceitável a pessoa dirigir alcoolizada e a sociedade considerar normal beber e dirigir”.
Estatísticas de mortalidade no trânsito
O GGIT (Gabinete de Gestão Integrada de Trânsito) recolhe dados anuais dos acidentes de trânsito de Campo Grande desde 2011 e, ao longo da última década, é notória a redução no índice de mortalidade por acidentes de trânsito a partir do momento em que os dados começaram a apontar os principais registros e ações de prevenção começaram a ser realizadas.
Em 2011, 132 pessoas morreram no trânsito, enquanto em 2012 número reduziu para 126. Quatro anos depois, 2015 foi o primeiro período a reduzir número de vítimas para dois dígitos, com 96 mortes. Ao longo dos anos, número foi sendo reduzido até que a década fechou com 77 mortes anuais em 2020.
“Entre 2011 e 2020, a redução proposta foi de 50%, lembrando em números absolutos, ou seja, por pessoa. O trabalho continuou e reduziu em 46%, levando em conta o aumento da frota e da população. Mesmo assim, o número de vítimas caiu”.
Assim, a nova década proposta pela ONU é de uma redução de 50% para os anos de 2021 até 2030. Para Rotta, a tarefa mais difícil é reduzir a quantidade de acidentes graves na cidade. Diante disso, ela ressalta a importância da agilidade da equipe de socorro, além do Poder Judiciário do Brasil começar a prender quem matou pessoas no trânsito e transformar o crime de culposo para doloso.
“A pessoa [motorista] entendeu e assumiu o risco de matar […] escolha passar somente quando semáforo estiver verde, escolha dirigir sóbrio, usar cinto de segurança, a cadeirinha, escolha dar preferência para o pedestre, escolha abrir 1,5 de distância quando cruzar veículo com ciclista, escolha fazer uma travessia segura”, exalta a gerente.
Para o diretor-presidente da Agetran, Janine de Lima Bruno, as ações de conscientização são muito importantes para exercer no cidadão atos de reflexão para a cidadania. Janine ainda acrescenta que a manutenção da infraestrutura de ruas e vias são primordiais para complementar a segurança no trânsito.
“Estamos trabalhando sempre com nossas engenharias, reformulando constantemente as rotatórias para descongestionar o trânsito e fazendo implantações de sinalizações verticais e horizontais, redutores de velocidade e toda uma infraestrutura que garanta a segurança dos munícipes”.
Programação de Maio Amarelo
A campanha de Maio Amarelo começou em 2 de maio com blitz educativa em frente à Câmara Municipal de Campo Grande. Segundo Rotta, ações serão realizadas ao longo do mês. Cerca de 30 órgãos participantes do GGIT, por exemplo, abordam educação no trânsito com palestras. Confira as principais ações dos próximos dias.
10/05 – Abordagem educativa na saída para Aquidauana, na BR-262, a partir das 5h30.
13/05 – Dia D do Maio Amarelo com ações concentradas na Rua 14 de Julho das 8h às 18h. Por lá, vitrines já estão decoradas e lojistas foram indicados a explicar sobre campanha aos clientes. Além disso, haverá simulação de embriaguez e apresentação de teatro às 16h, além de ações ao longo da via na extensão da Avenida Afonso Pena até a Rua Marechal Rondon.
14/05 – No Dia das Mães, serão entregues rosas-amarelas com a mensagem: “Mãe, passe por toda a sua existência sem perder nenhum filho para o trânsito”. Primeiramente, rosas serão entregues às mães na saída da missa na Perpétuo Socorro às 11h e, às 18h, na 3ª Igreja Batista.
20/05 – GGIT, em parceria com os Correios, fará caminhada, corrida, apresentação teatral e conversas sobre educação no trânsito. Evento será aberto a toda a população a partir de 8h no Parque das Nações Indígenas.
31/05 – No encerramento do mês de maio, às 19h, a Câmara de Vereadores, por meio da Comissão de Transporte e Trânsito, vai entregar ‘Medalha Coronel Libório’ em homenagem às pessoas que se destacaram nas ações de trânsito na Capital. [Confira aqui quem foi Coronel Libório]
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