Pular para o conteúdo
Cotidiano

Centro de Altas Habilidades é acolhimento e ‘luz’ para mais de 240 alunos superdotados de MS

Referência nacional no atendimento às crianças com altas habilidades, Ceam/AHS oferece espaço seguro para que superdotados se expressem e aprimorem conhecimento
Priscilla Peres -
Oficinas de artes (Foto: Nathália Alcântara/Midiamax)

Mato Grosso do Sul tem mais de 240 ‘pequenos gênios’ matriculados no Ceam/AHS (Centro Estadual de Atendimento Multidisciplinar para Altas Habilidades/Superdotação). Essas crianças e adolescentes com altas habilidades são aquelas popularmente conhecidas por superdotados, tendo como principal característica a inteligência acima da média para a idade.

Diferente do que possa parecer, a vida desses pequenos notáveis não é fácil. Há geralmente um longo caminho de dúvida, exclusão, bullying e sofrimentos até o diagnóstico e a chegada ao Centro de Altas Habilidade. Neste longo percurso, as dificuldades são enfrentadas pelas crianças e também pela família que não sabe como lidar com as situações.

Toda a escola é decorada com arte produzida pelos alunos (Foto: Nathália Alcântara/Midiamax)

O Ceam/AHS funciona como um enriquecimento curricular nas áreas em que o aluno tem interesse. É gerido pelo Governo do Estado e, portanto, totalmente gratuito. No contraturno das aulas os alunos podem participar de 48 em 12 áreas específicas de conhecimento, que vão desde artes até ciências.

A escola atende alunos desde os três até os 18 anos e tem um projeto para atender egressos. Os alunos de participam das aulas presencialmente, mas também há estudantes no interior que têm aulas remotas.

Centro é oásis de inclusão e conhecimento

Eliane é gerente do Ceam e de um superdotado. (Foto: Nathália Alcântara/Midiamax)

“Na terceira vez em que meu filho veio na aula ele entrou no carro e disse que se eu tirasse ele do Ceam ele morreria. E foi ali que eu entendi a importância do centro de altas habilidades”, a frase é de Eliane Morais Fraulob, mãe de uma criança superdotada e que anos depois desse episódio se tornou gerente pedagógica do Ceam/AHS.

Ela conta que já era quando descobriu as altas habilidades do filho, o que não os impediu de enfrentar as mesmas dificuldades dos demais pais. Como gerente da unidade, mais do que conhecimento, ela proporciona empatia aos pais e alunos que por ali passam.

“Aqui as crianças descobrem que não são estranhos, descobrem seus pares e crescem. O atendimento dá para essas crianças a identidade de quem eles são e potencializa suas habilidades acadêmicas”, explica Eliane Fraulob.

Mãe de uma criança de 7 anos com altas habilidades e também professora, Amanda Reginald explica que o Ceam/AHS oferece todo o suporte em relação às crianças. “No centro a criança superdotada ela decola, porque ela vai poder ir fundo na área de conhecimento que ela domina”, explica ela, que também tem altas habilidades.

Equipe de “olheiros” atua em escolas estaduais

Apesar de muito inteligentes, os superdotados nem sempre lidam bem com o potencial que detêm. A psicóloga do Ceam/AHS, Norma Elisa Graldi, explica que na maioria das vezes as crianças com altas habilidades sabem que são diferentes, mas se sentem fora do contexto, justamente por não saberem onde se encaixam.

Psicóloga Norma explica implicações na vida das crianças com altas habilidades. (Foto: Nathália Alcântara/Midiamax)

“Existem dois extremos. Um quando essa criança aparece muito na escola e dá problema por ser insubordinado ou quando ele reprimi o conhecimento e não aparece nada e se prejudica. Faz parte também da escola ajudar a identificar no dia a adia, os superdotados”, destaca a psicóloga.

Para ajudar esses alunos, o Ceam mantém uma equipe interdisciplinar que percorre escolas estaduais para identificar crianças com altas habilidades. “É geralmente o professor que identifica esse aluno no dia a dia das aulas. Trabalhamos para levar conhecimento aos diretores e professores, para cada vez mais poder ajudar essas crianças”, explica a psicóloga.

O diagnóstico de altas habilidades passa por várias avaliações do Ceam/AHS e, depois de matriculados, também há acompanhamento para pais e responsáveis. “Fazemos encontros de pais para que eles possam conversar e também se identificar. A inclusão aqui também é deles”, destaca Norma Elisa Graldi.

Alunos relatam mudança de vida com a escola

A vida dos superdotados que frequentam o Ceam/AHS pode ser dividida entre antes e depois das aulas no Centro. Isso porque é ali que se encontram com outros iguais e se sentem livres para se expressar.

“Mudou muito em relação a minha autoestima, porque escola para mim é muito importante e aqui pude potencializar o que eu já sabia, que é a arte”, diz a pequena Maria Isabel Teizeira, 14 anos, superdotada com mais conhecimento em arte.

Já Agnes Escobar, 15 anos, relata histórico de bullyng e confusão sobre quem era. “Eu não entendia direito meus sentimentos, sofria na escola por ser muito estudiosa e depois da identificação mudou muita coisa. Agora eu tenho esse acompanhamento e quero seguir carreira de astrobiologia”, conta.

Depois de diagnosticada com altas habilidades, Agnes passou a olhar melhor em volta, nos amigos e percebeu que Guilherme Ribeiro, 16, tinha as mesmas características que ela. “Sempre tive alguma afinidade com a atividade acadêmica. Se situar com outras pessoas que têm altas habilidades é uma forma melhor de se enxergar no mundo. Agora consigo lidar melhor com as pessoas”, conta Guilherme, que também é aluno do Ceam/AHS.

Confira vídeo sobre o Centro de Altas Habilidades de Mato Grosso do Sul

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Durante chuva forte em Campo Grande, asfalto cede e abre ‘cratera’ na Avenida Mato Grosso

Bebê que teve 90% do corpo queimado após chapa de bife explodir morre na Santa Casa

Com alerta em todo o Estado, chuva forte atinge Campo Grande e deixa ruas alagadas

Tatuador que ficou cego após ser atingido por soda cáustica é preso por violência doméstica

Notícias mais lidas agora

Menino de 4 anos morre após tomar remédio controlado do pai em Campo Grande

Pedágios

Pedágio em rodovias da região leste de MS fica 4,83% mais caro a partir do dia 11 de fevereiro

Vítimas temem suposta pressão para abafar denúncias contra ‘fotógrafo de ricos’ em Campo Grande

Morto por engano: Trabalhador de usina foi executado a tiros no lugar do filho em MS

Últimas Notícias

Política

‘CPI do Consórcio Guaicurus’ chega a 10 assinaturas e já pode tramitar na Câmara

Presidente da Câmara, Papy (PSDB) não assinou pedido da CPI após defender mais dinheiro público para empresas de ônibus em Campo Grande

Cotidiano

Decisão de Trump de taxar aço pode afetar exportação de US$ 123 milhões de MS

Só em 2024, Mato Grosso do Sul exportou 123 milhões de dólares em ferro fundido para os EUA

Transparência

MPMS autoriza que ação contra ex-PGJ por atuação em concurso vá ao STJ

Ação pode anular etapa de concurso por participação inconstitucional de Magno

Política

Catan nega preconceito após Kemp pedir respeito à professora trans

Fantasia de ‘Barbie’ da professora não foi considerada exagerada por outros deputados