Com salários atrasados e inúmeras contas a pagar, funcionários do frigorífico Beta Carnes, em Campo Grande, seguem em busca de respostas. Na manhã desta terça-feira (18), cerca de 80 funcionários se mobilizaram em frente à sede da empresa para reivindicar o pagamento salarial e direitos trabalhistas.

No dia 08 de julho, 160 funcionários paralisaram as atividades em protesto ao atraso salarial. Conforme os trabalhadores, o adiantamento é pago no 5º dia útil, enquanto o salário na data que deveria cair o vale. Assim, os trabalhadores estariam recebendo uma porcentagem do pagamento por escalas, causando atraso salarial.

Dias após a paralisação dos funcionários, a empresa efetuou o pagamento de metade dos trabalhadores que paralisaram os abates. Em 15 de julho, o frigorífico comunicou que o salário do restante seria pago na segunda-feira (17), contudo, o acordo não foi cumprido.

Segundo uma funcionária que trabalha desde janeiro no local, a empresa estaria em uma “bola de neve” com os pagamentos e alega estar passando por mudanças na administração.

“Prometeram que iam pagar ontem (17), mas não caiu nada. Só disseram que trocou o dono e que ele iria assumir a folha de pagamento do antigo proprietário. Mas pra mim, o antigo dono está colocando outro no lugar para poder sair de fininho e não nos pagar”, disse.

Além do atraso no salário, os funcionários cobram que a empresa pague os direitos referentes ao depósito do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) que, segundo ela, está atrasado há quatro meses.

Em meio a isso, funcionários vivem a insegurança de não saber quando terão o pagamento, que para muitos, é único sustento da família.

“Têm pais de família que já estão com a água e luz cortada por falta de pagamento. Fico indignada com tamanha covardia dos patrões, estamos ali para cobrar um dinheiro que nós suamos para conseguir”, lamenta.

Ainda conforme a funcionária, devido à gravidade da situação diversos trabalhadores tentaram pedir demissão mas foram impedidos pela empresa, que está com as atividades paralisadas.

“A empresa está paralisada e por isso não pode assinar a demissão dos funcionários. No comunicado eles avisaram que irão retomar os abates no dia 21 mas várias pessoas já falaram que não voltam para o trabalho”, explicou.

Recado na entrada no dia da paralisação (Nathália Alcântara, Midiamax)

Sindicato entrará com ação contra o frigorífico

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados de Campo Grande, Vilson Gimenes Gregório, explica que no último sábado (15), o sindicato se reuniu com representantes da empresa para definir uma data para o pagamento dos salários.

“Na reunião, a empresa garantiu que ia pagar os trabalhadores que faltavam até segunda-feira (17), mas não pagou. Por isso, o sindicato irá tomar as providências cabíveis juridicamente. Estamos preparando uma ação e vamos ingressar contra a empresa”, informou.

Na ação, o Sindicato entendeu que a empresa agiu de forma discriminatória ao pagar somente uma parte dos funcionários.

“Vamos entrar com uma ação contra a empresa pela falta de pagamento do restante dos trabalhadores e por estar fora do prazo estabelecido de cinco dias úteis”, explicou.

A reportagem tentou contato com os Recursos Humanos da empresa mas não obteve retorno. O espaço segue aberto para um posicionamento.