Os 150 trabalhadores que foram reprovados no seleção da empresa Enesa Engenharia S/A, em Ribas do Rio Pardo, vão ter o custeio da volta para as cidades de origem fornecidos para empresa, após denúncia do sindicato.

Audiência de conciliação no Ministério Público do Trabalho em Campo Grande definiu que transporte de avião até o aeroporto de destino do trabalhador. Caso o ele more em outra cidade, a Enesa também arcará com a despesa do transporte terrestre até o município, acrescido o custeio da alimentação nas hipóteses estabelecidas em norma coletiva.

Pelo acordo, representantes da empresa e de dois sindicatos envolvidos nas negociações trabalhistas deverão elaborar, em até 48 horas, uma lista com a relação dos profissionais reprovados nos testes práticos de solda aplicados pela empresa.

No relatório deve constar o valor do salário para o qual o trabalhador havia se cadastrado no aplicativo da empresa – para fins de aferição da multa correspondente ao número de dias entre a vinda e o efetivo retorno, bem como data do embarque no município de origem, data de chegada a Campo Grande e data prevista para o regresso.

Na audiência, o representante da empresa informou que a maior parte dos trabalhadores recebeu R$ 800 para custeio do retorno. Neste caso, o MPT decidiu que essa quantia será compensada do montante devido a cada profissional e, na possibilidade de o valor já ter sido total ou parcialmente aplicado na compra de passagens, estas poderão ser entregues à empresa para que busque eventual ressarcimento junto à companhia de transporte.

Hotel

Além do impasse envolvendo o retorno às cidades de origem, os trabalhadores informaram que o hotel onde estavam hospedados não oferecia cobertores e a alimentação era precária. Eles revelaram, ainda, sentirem-se coagidos em decorrência da manifestação de um coordenador da empresa, o qual teria dito que entenderia de metralhadora e fuzil, quando questionado sobre o elevado índice de reprovação no teste de solda.

Para solucionar a questão, foi determinado na audiência que a Enesa Engenharia remova todos os trabalhadores do atual hotel para outro próximo ao Aeroporto Internacional de Campo Grande. E, não havendo segurança privada no local de destino, os sindicatos providenciarão o monitoramento de segurança por meio de agentes da sua confiança, com posterior custeio pela empresa.

A Enesa Engenharia S/A ainda se comprometeu a não fornecer à tomadora de serviços Suzano – e a outras empresas – qualquer lista de trabalhadores que possa ser utilizada com o intuito de restringir futuro acesso a emprego junto às obras das companhias.

Acordo Coletivo

Por fim, a empresa deverá examinar, no prazo de 15 dias, eventual interesse em firmar termo aditivo ao Acordo Coletivo de Trabalho 2023/2024, prevendo a exclusão dos dispositivos considerados ilegítimos pelo MPT.

Se houver concordância com a proposta, o instrumento deverá ser protocolado junto ao sistema Mediador do Ministério do Trabalho e Emprego, em até 20 dias.

Denúncia

A maioria dos profissionais saiu de estados localizados nas regiões Norte e Nordeste do país para trabalhar na construção da fábrica de celulose da Suzano, em Ribas.

Eles afirmaram que a companhia recruta os trabalhadores de maneira on-line, financia o deslocamento aéreo até Mato Grosso do Sul e, ao serem reprovados no teste de solda, são retirados do alojamento temporário e obrigados a voltar à origem por meio de transporte diverso.

Pelo menos 150 trabalhadores teriam ficado, de maneira rotativa, quase 20 dias aguardando a resposta dos testes ou esperando o fornecimento de passagem para o retorno.

Resposta

Em nota, a empresa justificou que existe uma exigência de segurança que impacta diretamente na avaliação do trabalho apresentado e aprovação dele.

“Para aprovação de um candidato se faz necessário o acompanhamento dos testes laboratoriais realizados em corpos de prova. Até o resultado destes testes, hospedamos os candidatos com todas as condições cabíveis de habitação, alimentação e recursos para atendimento de suas necessidades básicas. Caso o candidato reprove na realização dos testes, conduzimos os mesmos para retorno a sua cidade de origem e realizamos o pagamento de suas despesas de acordo com o ACT 2023/2024 vigente”, disse.