Luana Martins, 28 anos, mãe de três filhos, é uma das 150 pessoas que perdeu completamente o lar em incêndio na Favela do Mandela, nesta quinta-feira (16), no bairro Izabel Garden, em Campo Grande. Ela resume o sentimento das dezenas de pessoas que amanheceram sem casa nesta sexta-feira: “a gente não quer favela, a gente quer moradia”.

A jovem é mãe de três filhos, de 2, 7 e 9 anos, e vivia desde o início da formação da favela, há mais de 7 anos. Desde as primeiras horas desta sexta, ela usa uma enxada para remexer a terra repleta de entulhos queimados, é tudo o que restou da casa onde ela morava com as crianças.

Ela conta que estava fazendo o almoço quando o fogo teve início, pouco depois das 11 horas da manhã. Acompanhada do filho mais novo, Luana só teve tempo de “arrastar” o menino para fora de casa, como ela relata, e correr para salvar a vida.

“Foi muito rápido, questão de minutos nós perdemos tudo. Não deu tempo de salvar nada além da nossa vida. Foi uma cena de terror, até agora não sai da minha cabeça”, conta, desolada.

A jovem explica que tudo o que juntou em uma vida foi consumido pelo incêndio. Geladeira, roupas, brinquedo das crianças, móveis, o que era tudo para ela, virou cinzas.

“Meus filhos só estão com a roupa do corpo, não conseguimos salvar nada de material. Limpando aqui, parece que eu estou vendo tudo que a gente tinha, é muito triste”, disse.

Diante das informações iniciais da prefeitura de que as famílias podem se reassentadas em um terreno ao lado da favela, a moradora dispara: “A gente não quer favela, a gente quer moradia, uma casa digna que possa ficar bem, sem preocupação de chuva, fogo e vento. Acho que é o que a gente merecia porque já passamos por tanta coisa por aqui, sempre com a esperança de ter uma casa. Agora nem barraco para morar a gente tem mais”, conclui.

Luana remexe com enxada o que restou da própria casa (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Força-tarefa para recuperar casas

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse na noite desta quinta-feira que as famílias que perderam tudo no incêndio devem ter prioridade no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

Temporariamente, a prefeitura de Campo Grande montou 11 tendas, com auxílio do Exército e da GCM (Guarda Civil Metropolitana) para abrigar as pessoas que perderam tudo. Pelo menos mais 15 abrigos temporários serão erguidos nesta sexta.

Escolas e abrigos foram disponibilizados para as famílias, mas a maioria preferiu passar a noite perto do que conseguiu salvar e com medo de não poder acessar novamente o espaço onde viveu mais de 7 anos.

Equipes da agência de habitação da prefeitura e da secretaria de Obras seguem estudos para uma definição para onde irão definitivamente as famílias da Favela do Mandela. Segundo a prefeita Adriane Lopes (Patriota), pelo menos 100 famílias das 250 que integram a comunidade já estavam em cadastro à espera de uma casa popular.

Quer ajudar as famílias do Mandela?

Se você quer ajudar as famílias que perderam tudo, confira como:

Cufa (Central Única das Favelas)

As doações podem ser entregues nos seguintes endereços: Rua Livino Godoi, 710, bairro São Conrado ou Rua Salamanca, 133, bairro Bonança. Mais informações: 67 9181-8142 ou nas redes sociais.

Projeto Sorriso Feliz

Doações podem ser entregues na Rua Anita Garibaldi, 296 ou no PIX 52.816.282/0001-01. Mais informações 67 9623-3163 ou nas redes sociais.

CRAS

De acordo com a prefeitura, doações podem ser feitas diretamente nos Cras (Centro de Referência de Assistência Social). O mais próximo da comunidade é o Cras Estrela do Sul, localizado na Av. Pref. Heráclito Diniz de Figueiredo, s/n – Conj. Res. Estrela do Sul.

FAC (Fundo de Apoio à Comunidade)

Avenida Fabio Zahran, 6.000, Vila Carvalho
Informações: 67 2020-1361