Vigilância vistoria túmulo milagroso e não encontra para análise água que fiéis bebem há anos
Cemitério se pronuncia e diz que água não sai do túmulo há 7 anos após descoberta sobre “cano”
João Ramos –
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Como prometido, a Vigilância Ambiental de Campo Grande esteve no Cemitério Santo Amaro nesta quarta-feira (26) para analisar a suposta água que sairia do túmulo da menina Fatinha, considerada milagrosa pelos fiéis que a bebem como tradição no dia de Finados há décadas.
No entanto, durante a vistoria, a equipe não encontrou água alguma para ser coletada e analisada. “Mas o relatório da visita está sendo concluído pelo setor”, informa a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau).
Consultada novamente pelo Jornal Midiamax, ao contrário da última entrevista, desta vez, uma das administradoras do Cemitério Santo Amaro afirmou ter informações a respeito da água e disse que o encanamento foi desligado há algum tempo.
“Desde 2015 que não sai água de lá, foi quando nós descobrimos que abaixo do túmulo da Fatinha passava um cano que vinha da rua e, imediatamente, mandamos cortar. Portanto, não tem água nenhuma há mais de 7 anos”, alegou a administração.
Ainda assim, a administradora não soube informar como, quando, quem instalou o encanamento, e que água os devotos beberam em todos esses anos após 2015.
“Acho impossível”, diz gestor
Já o gestor dos cemitérios públicos de Campo Grande, Marcello Fonseca, da Sisep, declara desconhecer a existência de um cano debaixo da sepultura da menina Fátima.
“As pessoas falam muita coisa, mas eu acho isso impossível, como que passaria um cano ali, por todos os outros túmulos, e vindo da rua?”, indaga.
Ao ser questionado pelo Midiamax sobre o corte da água em 2015, Marcello reitera: “Desconheço essa informação, assumi a gestão em 2019, mas, por muito tempo, os cemitérios públicos foram terceirizados. Se não me engano em 2016 voltou para a Prefeitura”, argumenta o gestor.
Sem respostas concretas
No fim das contas e com tantas informações divergentes e desencontradas, a suposta água do túmulo de Fatinha continua sendo um mistério. Além da procedência não ser oficialmente esclarecida, após 2015, quando a administração alega ter descoberto que o cano vinha da rua e que houve corte na água, fiéis continuaram visitando o jazigo e levando o líquido. Que água seria essa que só aparece no dia de Finados?
O Jornal Midiamax não conseguiu contato com o irmão da menina Fátima para tentar esclarecer a origem do líquido e do encanamento, mas o espaço segue aberto para manifestações. Quem tiver alguma informação pode entrar em contato pelo telefone disponibilizado no final desta matéria.
Túmulo milagroso
Popular ponto de concentração de fiéis e devotos em busca de milagres, a sepultura é famosa na Capital por fornecer água de uma suposta mina que existe debaixo do sepulcro da pequena Fátima Aparecida Vieira, também chamada de “Aparecidinha”.
Há mais de 40 anos, no dia de Finados, é tradição campo-grandense visitar o túmulo da garotinha que tem fama de milagreira e teria se tornado santa após morrer rezando em Campo Grande, aos 7 anos de idade.
Na data, fiéis fazem fila para encher copos, garrafas, beber e se banhar com a água que supostamente jorra debaixo da sepultura e é distribuída em torneiras e filtros de barro para os visitantes.
História do túmulo de Fatinha
Mesmo resistindo há quatro décadas, muita gente não conhece e sequer faz ideia da existência da história da santinha milagreira da Capital.
Os mais antigos contam que Fátima Aparecida Vieira, a menina Fátima, morreu ao acender uma vela enquanto rezava para Nossa Senhora. A própria família da menina confirmou a história. “Ela era uma menina de muita fé, muito devota de Nossa Senhora”, explicou a fiel Oracy Gonçalves à reportagem.
No passado, Paulo Eduardo Vieira, irmão de Fátima, relatou que a menina chegou da escola dizendo que deveria, por orientação da professora, acender uma vela à Nossa Senhora Aparecida para se sair bem em uma prova. Enquanto a família estava reunida na varanda, Fátima pediu a bênção da mãe e entrou em casa para tirar o uniforme. Em seguida, se trancou no quarto e decidiu fazer a “lição”.
De repente, os familiares começaram a ouvir gritos vindos do quarto e correram para ver o que estava acontecendo. Trancada no cômodo, Fátima não conseguiu abrir a porta e passou a chave por baixo para que a família conseguisse destrancar. Ela então teria saído correndo, com parte do corpo queimado, se ajoelhou e pediu perdão a Deus e à mãe pelo que havia feito, segundo o relato do irmão.
Fátima ficou três dias internada na Santa Casa e, apesar dos ferimentos, aparentava estar bem. Sua morte foi uma surpresa e se tornou uma das mais fortes histórias cercadas de religiosidade e misticismo na Capital sul-mato-grossense.
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