Todo dia ela faz tudo sempre igual… Os versos são de Chico Buarque, mas se encaixam bem no cotidiano de Antônia Neves dos Santos, que todos os dias faz tudo igual. Idosa, ela trabalha como empregada doméstica e, além da rotina exaustiva de trabalho, encara tempo de espera, lotação e empurra-empurra para se locomover no transporte público de Campo Grande. 

Diariamente, Antônia, que mora no Jardim Presidente, sai de casa às 6h para ir ao trabalho. Em torno de 5 quilômetros separam sua casa do trabalho, no Jardim Autonomista, mas dois ônibus não são suficientes para concluir seu trajeto. Ela ainda conta com uma carona da patroa, para evitar algumas quadras a pé.

“Eu pego o segundo ônibus do dia no terminal Nova Bahia para descer na avenida Ceará e ir a pé até o trabalho. Eu também preciso ficar bem atrás no ônibus, porque está sempre muito lotado e é uma loucura para conseguir descer no ponto correto”, conta ela.

Até para reclamar sobre a situação ela tem dificuldade. Sem saber ler e escrever, Antônia entrou em contato com o Jornal Midiamax via áudio no WhatsApp. Em seu relato disse que tentou reclamar dos ônibus, por telefone, com os órgãos competentes, que pediram que ela enviasse a reclamação por e-mail. 

Dificuldades do dia a dia no ônibus

“Você precisa ver a situação do Nova Bahia às 6h. É uma loucura pra subir no ônibus, um empurra-empurra, gente querendo brigar, gente ficando pra trás porque o ônibus está lotado”, relata ela sobre como começa sua rotina de todos os dias. 

Para Antônia, enfrentar tais problemas no ônibus agrava sua exaustiva rotina. Para tentar amenizar as dificuldades, ela precisa contar com a ajuda de outras pessoas. Como sua patroa com a carona da manhã e seu genro que leva ela do trabalho para casa no fim da tarde.

Ela afirma que tem “problemas nos joelhos” e passar muito tempo em pé e no movimento dos ônibus agrava as dores. “Quando acha um banco para sentar, você ganhou na mega-sena”, conta ela sobre a dificuldade de conseguir um lugar para sentar.

Em dias de jogo do Brasil na Copa do Mundo, ela diz que a espera por um ônibus é de quase duas horas, para conseguir ir para casa. E desabafa. “Estamos jogados às traças em matéria de ônibus. Eu trabalho de segunda a sábado e parece que a gente tá fazendo favor para as autoridades porque nem ouvem nossa reclamação”.

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Idosos em ônibus (Foto: Nathália Alcântara/Midiamax)

“A gente já tem idade, fica tudo doído”

Aos 70 anos, Romilda do Rosário, é dona de casa e semanalmente precisa acompanhar a filha ao CEM, no centro de Campo Grande, para exames e consultas médicas. 

“Às vezes você vai pegar ônibus e está muito cheio, não tem lugar. A gente já tem idade e fica tudo doído. Você tem que ir de pé até o terminal, aí desce e pega outro para chegar em casa”, conta ela.

Romilda conta que tem varizes internas na perna e sente muita dor. “Eu já tenho problema e ainda fico de pé. O povo do colégio não tem educação, eles não dão banco. Quando chego em casa minhas pernas estão todas doídas”, diz.

A próxima consulta da filha está marcada para as 6h e, para chegar a tempo, elas terão de acordar às 4h e sair de casa às 5h.

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Consórcio quer passagem a R$ 8

Anualmente avaliado em novembro, o Consórcio Guaicurus considera que o reajuste da passagem do transporte público de Campo Grande pode chegar a R$ 8. A negociação será debatida com a Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande) para ser válida em 2023.

Atualmente, a tarifa custa R$ 4,40 aos passageiros, mas de acordo com o diretor-executivo do consórcio, Robson Strengari, o novo preço considera diversos fatores, como a alta do combustível e INPC (Índice Nacional de Preço ao Consumidor).

A população reclama do preço e contesta a qualidade do serviço.

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