Campo Grande completa 10 meses sem a cobrança do estacionamento rotativo no Centro neste mês de dezembro. Sem previsão de licitação para contratação de nova empresa que substituirá a Flexpark, que administrou o serviço até março, os estacionamentos particulares têm demanda dobrada em período de movimento às vésperas das festas de fim de ano. Para os motoristas, o momento é de paciência redobrada para encontrar uma vaga.

A alta demanda para os estacionamentos é causada pela falta de rotatividade nas vagas de rua, já que sem os parquímetros, os motoristas acabam deixando os veículos por mais tempo nas vagas públicas.

Outra reclamação de consumidores que precisam ir ao Centro de carro é que lojistas e funcionários acabam estacionando na rua e ocupando vagas ao longo de todo o dia.

Além disso, obras dos corredores de ônibus em vias como a Rui Barbosa também impedem parte do estacionamento na região, assim como as obras do Reviva Campo Grande, que também abrange outras ruas da região central.

Estacionamentos lotados

Na rua Dom Aquino, quase esquina com a Calógeras, Wilmar Bulhões, de 45 anos, sentiu um aumento significativo na procura por vagas. “Aumentou, está acima do normal. Se eu deixar colocam no corredor. Coloco o cone na entrada toda hora”, disse o responsável pelo Estacionamento Dom Aquino.

No ramo desde 2012, o profissional relacionou a procura à alta demanda de fim de ano e a falta de rotatividade das vagas. “Para começar não tem lugar na rua, o meu movimento está 30% maior. Principalmente agora que é dezembro. Veio Black Friday, copa do mundo e Natal”, disse ele. No local, o valor da hora cobrada para carros é de R$ 5 e moto R$ 2.

Estacionamento na rua Dom Aquino (Foto: Ranziel Oliveira / Jornal Midiamax)

Busca por segurança

Não muito distante dali, o funcionário de um estacionamento que ocupa parte das ruas Dom Aquino, Calógeras e Marechal Cândido Mariano Rondon, também notou uma mudança de comportamento após o fim do estacionamento rotativo, o que faz com que muitas vagas fiquem ocupadas pelos mesmos carros ao longo de muitas horas.

“As vagas no centro acabaram. Além disso, muita gente está com medo de deixar o veículo na rua. Você volta e bateram no seu carro, já aconteceu com várias pessoas. Por isso, muita gente começou a deixar aqui dentro. Se bater, nós somos responsáveis”, disse o funcionário Antônio Carlos, de 50 anos.

Segundo o profissional, o aumento na procura foi de 20% após o fim do estacionamento rotativo em Campo Grande. No local, o custo por hora é de R$ 6 para motos e para carros e caminhonetes o valor é de R$ 12.

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Estacionamento que ocupa parte das ruas Dom Aquino, Calógeras e Rua Marechal Cândido Mariano Rondon (Foto: Ranziel Oliveira / Jornal Midiamax)

Aumento de 100%

Do outro lado da Rua Marechal Cândido Mariano Rondon, o Midiamax falou com o gerente de outro estacionamento, que também viu reflexos positivos com o fim do estacionamento rotativo. “O parquímetro não está funcionando e como os clientes não acham vaga na rua, eles estão vindo para cá. A procura aumentou em 100%”, disse o gerente da JB Estacionamento, Sílvio Alves, de 53 anos.

O gerente também diz que o movimento tem relação com o bom momento do comércio. “A população está vindo fazer compras e optando por mais segurança na hora de guardar o seu veículo. Temos segurança 24 horas e manobristas, além da vantagem do pagamento fracionado”, disse ele.

E concluiu. “Tem sexta e sábado que não temos vagas. Aí os manobristas começam a colocar os carros de ré no corredor”, explicou. No local, a hora para carros sai no valor de R$ 8,00 e para motos R$ 4,00.

Estacionamento na Rua Marechal Cândido Mariano Rondon (Foto: Ranziel Oliveira / Jornal Midiamax)

Nova licitação em fase de estudos

Campo Grande segue sem definição de estacionamento rotativo desde março deste ano. A Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados) informou no dia 29 de novembro, que ainda não há uma data para publicação de nova licitação de administração do serviço.

O contrato com a Flexpark foi rescindido e desde então o serviço segue desativado em ruas da Capital. Em nota, a Agereg esclareceu que a nova licitação está em fase de estudos técnicos, que estão sendo conduzidos com a máxima diligência “a fim de atingir os principais objetivos da implantação de um estacionamento rotativo, sendo estes a democratização das vagas e a dinamização das atividades econômicas”.

Em julho, a prefeita Adriane Lopes havia reforçado que a participação em licitação é livre, desde que os interessados cumpram as regras. “Licitação tem regras e se a Flexpark puder participar eu não posso fazer nada. Mas nossa equipe técnica está cuidando disso”, afirmou à época.

Flexpark tem dívida de R$ 230 mil com a prefeitura

Conforme estabelecido em contrato firmado em 2012, mensalmente a Flexpark repassava à Agetran 28,5% da arrecadação da renda bruta obtida com a venda de créditos usados por motoristas para estacionar nas ruas da Capital.

De janeiro a março deste ano, último mês de operação da empresa, a Flexpark acumulou ganhos de R$ 807,7 mil que renderiam repasse de R$ 237.124,30 ao município. A dívida, contudo, ainda não foi paga.

Na ação de execução de título movida pela prefeitura, a Agetran afirma que essa não é a primeira vez que a empresa contrai dívida com o município. Em 2017, a agência também processou a Flexpark porque a empresa devia mais de R$ 2 milhões em repasses ao município. A ação até hoje tramita em fase de recurso.