Considerada a mais populosa da Reserva Indígena Federal de Dourados, a Aldeia Jaguapiru completou 120 anos neste sábado (4). Apesar dos problemas que atravessam décadas, como a falta de água potável e moradias, os indígenas celebraram os 120 anos de fundação, com danças festivas e rituais sagrados na Casa de Reza, que já foi incendiada por intolerância religiosa.

Historicamente a Reserva Indígena de Dourados foi criada em 1917, pelo antigo SP (Serviço de Proteção ao Índio). Entretanto, há relatos de que Aldeia Jaguapiru já existia há 15 anos antes, em uma área bem mais extensa que os 3,6 hectares atuais que abriga ainda a Aldeia Bororó, com povos descendentes dos Guarani Kaiowá, com quase 20 mil habitantes.

“Este é para nós um momento sagrado, onde podemos dar graças aos espíritos do bem por estarmos conseguindo atravessar todas as dificuldades desses tempos difíceis. Além dos problemas antigos, que as autoridades não resolvem, temos que enfrentar doenças como a Covid-19 que ataca nossa gente”, conta o cacique Getúlio que comandou os rituais.

Apesar do caráter comemorativo, durante os rituais que foram abertos à comunidade e que também contou com presença da banda do Exército, com a execução do Hino Nacional, os Indígenas não pouparam críticas ao descaso por parte das autoridades federais, principalmente da Funai.

“É muito triste ter que ficar cobrando as autoridades dos nossos direitos, principalmente em um dia festivo como este. Mas precisamos dizer que os anos vão se passando e os nossos problemas continuam cada vez mais evidentes. Parece que ninguém nos enxerga. Chega de descaso, exigimos respeito”, desaba o cacique Getúlio Juca de Oliveira

Em conversa com moradores da aldeia, a reportagem do Midiamax ouviu muitas reclamações. A maior parte está ligada a ausência de representantes da Funai (Fundação Nacional do Índio). “Não aparecem por aqui antes mesmo da pandemia da Covid-19. A gente vai lá para pedir ajuda mas continuam nos ignorando”, explica uma das lideranças ouvidas.

A reportagem também entrou em contato com o escritório da Funai em Dourados, para falar das cobranças feitas pelos moradores, mas até o momento, ninguém deu retorno. Recentemente os indígenas também se reuniram com representantes da administração municipal onde encaminharam pedidos de intermediação junto ao Governo Federal para atendimento das demais da reserva.