Com o objetivo de frear o preço da tarifa de ônibus em Campo Grande, o prefeito (PSD) declarou, na manhã desta terça-feira (4), que avalia retomar a isenção do ISS (Imposto sobre Serviços) sobre o transporte coletivo da Capital. Atualmente a alíquota cobrada é de 5%.

A porcentagem é cobrada em tese, porque, na prática, o montante não está indo para os cofres do Executivo Municipal. Isso porque desde que a Prefeitura retomou a cobrança do imposto, após seis anos de isenção, há uma ação judicial em andamento, na qual as empresas de ônibus questionam a isenção do tributo. Com lei aprovada na Casa de Leis, a retomada da cobrança foi gradual, mas como a questão foi parar na Justiça, o dinheiro está sendo depositado em juízo.

Diante deste impasse judicial, Marquinhos disse, sem estabelecer prazos, que avalia enviar à Câmara Municipal um novo projeto de isenção do ISS. Ele aproveitou para alfinetar o Governo do Estado, cobrando desta esfera a isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do óleo diesel.

“Se o Estado falar, vocês estão certos, estão transportando meus alunos, eu tenho de pagar mesmo, eu tenho que ajudar. Ao invés de fazer tanto pacote de bondades entre aspas, este é o justo. Se tira o ICMS, ele ajuda os 79 municípios”, disse Marquinhos.

Subsídio na gratuidade

Outra medida avaliada pelo Poder Municipal, segundo o prefeito, é subsidiar a gratuidade dos usuários de ônibus. Conforme a conta feita pela equipe técnica do Executivo, seriam custeados R$ 800 mil mensais, sendo R$ 300 mil dos cofres da Prefeitura e os outros R$ 500 mil seriam do abate da arrecadação do ISS.

Isenção do ISS

Em 2022, o Consórcio Guaicurus — concessionária do transporte coletivo de Campo Grande — deveria voltar a pagar 5% de ISS. Por pelo menos seis anos, o grupo ficou isento do recolhimento deste imposto, mas, em 2019, a Câmara Municipal aprovou projeto que acabava gradualmente com o benefício — em 2020, seria cobrado 1,5%, 2021, 3%, e, no próximo ano, 5%.

A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2022 já não prevê a isenção, no quadro no qual aponta a quantia que deve renunciar. São R$ 24,6 milhões que deixam de entrar no cofre municipal devido à aplicação de descontos de (Imposto Predial e Territorial Urbano) e ISS no comércio, indústria, serviços e programas sociais.

Reajuste do passe

Ainda continua o impasse entre Prefeitura Municipal de Campo Grande e Consórcio Guaicurus para definir o reajuste anual na tarifa do transporte coletivo urbano da Capital. O prefeito Marquinhos Trad (PSD) estabeleceu aumento de no máximo 5% — que deixaria a passagem em R$ 4,41 —, mas as empresas de ônibus querem aplicar alta de 21,93%, que deixaria a passagem em R$ 5,12.

De acordo com o presidente do Consórcio Guaicurus, João Rezende Filho, no último dia 30 de dezembro, foi encaminhado um ofício ao gabinete do prefeito, requerendo que seja implementado o valor tarifa técnica, de 21,93% definida pela (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande).

Na contramão, o reajuste que pode deixar o valor do passe acima dos R$ 5 foi negado pelo chefe do Executivo. Enquanto ambas as partes não entrarem em um acordo e o novo valor não for publicado no Diário Oficial, a tarifa continua a R$ 4,20.

Greve dos trabalhadores do transporte

Como se já não bastasse a queda de braço entre Prefeitura e Consórcio, por decisão unânime nesta segunda-feira (3) e com votação de menos de cinco minutos, os trabalhadores do transporte coletivo em Campo Grande deliberaram por greve, que deve iniciar na próxima sexta-feira (7). A assembleia ocorreu com cerca de 30 pessoas em frente à sede do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande (STTCU-CG).