Cerca de 97 mil pessoas estavam trabalhando como motoentregadores e motoristas de aplicativo (ocupações Gig Economy que foram fenômeno na pandemia) ou mototaxistas e taxistas no final de 2021, conforme levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgado nesta terça-feira (10).

Conforme a pesquisa, a maioria são motoristas de app ou taxistas (62.842). O percentual dessa categoria no setor de transporte no Estado é de 6,6%. Gig Economy é o termo usado para caracterizar relações laborais entre funcionários e empresas que contratam mão de para realizar serviços esporádicos e sem vínculo empregatício, principalmente por meio de aplicativos.

Esses dados cobrem o período de 2016 a 2021. No ramo de entrega de produtos em moto – mais popular durante a pandemia do coronavírus devido ao isolamento social – são 28.085 motoentregadores. A categoria se tornou tão popular e estável que um ponto de apoio foi montado em Campo Grande.

Por conta da pandemia, o número de motoentregadores cresceu devido a demanda e a falta de oportunidades formais no mercado. Com o isolamento social, os estabelecimentos precisaram investir no delivery. O percentual de motoentregadores ficou em 8,7%.

Já na área de mototaxistas o percentual foi o menor apresentado: 3,3%. Conforme o Ipea, eram 6.745 trabalhadores atuando no Estado.

De motorista para motoentregadores

A falta de incentivo e subsídios por parte das empresas aliado aos aumentos no preço da fez com que o fenômeno da migração de acontecesse em Mato Grosso do Sul.

“Diminuiu muito o número de motoristas. Muitos estão indo trabalhar como motoentregador, porque compensa mais. Moto gasta muito pouco de gasolina, a manutenção é quase nada, então, não pesa no orçamento do pessoal. Muitos estão atendendo 2 ou 3 estabelecimentos em um dia como farmácias, autopeças, pizzarias e restaurantes. Se tornou um trabalho importante na pandemia”, pontuou um dos representantes dos motoristas de aplicativo, Paulo Pinheiro.

Rendimento na pandemia

As estatísticas revelam que, dentre todos os profissionais incluídos na Gig Economy, os motoristas de aplicativos e taxistas possuem o maior rendimento médio, de R$ 1,9 mil, registrado no último trimestre da série.

Esse valor era superior ao observado em meados de 2020, durante o período em que houve maior distanciamento social devido à pandemia, porém, abaixo dos R$ 2,7 mil recebidos, em média, no primeiro trimestre de 2016.

Perfil

O estudo também traça o perfil desses profissionais. Em sua maioria, são homens, pretos e pardos, com idades inferiores a 50 anos e com significativa variação de escolaridade de acordo com o grupo abordado.

Por exemplo, em relação aos mototaxistas, 60,1% não possuem ensino médio completo. Já a distribuição geográfica dos trabalhadores mostrou uma maior concentração de motoentregadores e motorista de aplicativos e taxistas na região Sudeste, enquanto o maior número de mototaxistas se concentram nas regiões Norte e do país.