Há cerca de dois meses, o litro da gasolina era encontrado a R$ 7,17 nas bombas em Campo Grande, mas após reajustes da Petrobras, o preço do combustível passou a ser ofertado por até R$ 4,89. Entre as categorias que mais sentiram o impacto das frequentes crescentes no valor da gasolina, está a dos motoristas de aplicativo, mas, para a categoria, gasolina mais barata não reflete em corridas vantajosas em Campo Grande.

Em fevereiro de 2021, o Midiamax publicou reportagem relatando que o valor da gasolina a R$ 5,69 e alto valor nas locações de veículos rederam muitas desistências de motoristas parceiros das plataformas. O cenário, segundo os trabalhadores, segue o mesmo desde então.

Para Fuad Salamene Neto, motorista de app, a baixa no valor da gasolina, na verdade, ainda não existe. “A gasolina está na média de R$ 5, e a desistência dos motoristas começou nessa época. Infelizmente ainda não há uma retomada. O que aconteceu foi a baixa do exagero do combustível que em menos de 3 meses chegou a R$ 7”, pontuou.

Ele ainda pontua que as corridas deixaram de ser proveitosas, pois a condição econômica não permite que o trabalhador use com maior frequência o transporte por aplicativo. “Desde maio, estamos sentindo que o passageiro está sem dinheiro antes de chegar o dia 10 do mês. Antes, isso acontecia a partir do dia 20 de cada mês, aí era depositado o vale do comércio e dava uma aquecida até o fim do mês. Hoje em dia, o final do mês foi antecipado para o dia 10”, comentou.

Segundo Fuad, os motoristas, a partir do dia 10 do mês, precisam passar mais tempo nas ruas para bater as metas. “Com os aluguéis caros, financiamento e combustível alto, não vai haver retomada, mas sim pessoas [que trabalham como motoristas parceiros] voltando para o mercado de trabalho. Hoje em dia não dá mais para fazer bico de motorista, ou vira profissional, ou só vai depreciar seu bem”, pontua.

Um motorista, de 36 anos, que prefere não ser identificado, disse à reportagem que as corridas estão um pouco mais caras aos passageiros, mas como o colega disse acima, o volume de passageiros caíram nos últimos meses. “O que deu para ver foi um pequeno reajuste no preço da corrida aos passageiros, mas a quantidade de chamadas diminuíram. A gente busca estratégias, como horário de pico com os preços dinâmicos, corridas particulares fixas, mas a verdade é que deixou de ser tão lucrativa”, disse.

Motoristas parceiros

Verificado com as empresas, não foi possível estimar em números se, de fato, houve ou não uma crescente de motoristas parceiros nos aplicativos.

Em nota, a Uber relatou ao Midiamax que não tem dados regionais, apenas globais sobre a quantidade de motoristas. E em balanço mais recente, relativo ao segundo trimestre de 2022, foi estimado um dado de crescimento de 31% no número de motoristas parceiros ativos em comparação ao mesmo período de 2021.

A 99, por sua vez, não revelou o quantitativo de motoristas em MS ou Campo Grande. “A empresa ressalta que não observou variação no número de motoristas parceiros cadastrados na plataforma, mas o aumento no volume da demanda por meio dos chamados dos passageiros. A empresa reforça que foi pioneira no segmento ao lançar, em março deste ano, um auxílio no ganho do motorista parceiro que aumenta quando a gasolina sobe”, disse.

Gasolina mais barata

Reflexo das reduções anunciadas pela Petrobras, o preço da gasolina ficou R$ 0,10 mais barato em Campo Grande no mês de agosto. Agora, entre os postos da Capital, o valor médio por litro do combustível é de R$ 5,08, com oferta que chega até a R$ 4,89.

Conforme dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), na primeira semana deste mês, o valor médio nas bombas era de R$ 5,18. De empresa para empresa, havia variação entre R$ 5,09 e R$ 5,39.

Na semana seguinte, de 7 a 13 de agosto, o preço médio teve redução tímida, de apenas R$ 0,01, passando de R$ 5,18 para R$ 5,17. O preço máximo não registou alteração, enquanto o mínimo foi para R$ 5,05.

Já na semana passada, após a Petrobras anunciar a terceira redução do ano, o preço do litro teve a maior variação do mês. Agora, segundo a ANP, o valor médio comercializado é de R$ 5,08, o mínimo de R$ 4,89 e o máximo R$ 5,29. Na Capital, o preço médio do litro do etanol segue a R$ 5,32, do diesel a R$ 6,95 e da gasolina aditivada a R$ 5,32.