Além de combustível, preço de locação também sobe e motoristas desistem de aplicativos

Com o litro da gasolina chegando a R$ 5,69 em Mato Grosso do sul e com aumento do preço da locação de veículos, os motoristas de aplicativo que locam carros para trabalhar começaram a devolver os automóveis às locadoras em Campo Grande. Associação de motoristas avalia que a Capital perdeu 20% da frota de carros […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Com o litro da gasolina chegando a R$ 5,69 em Mato Grosso do sul e com aumento do preço da locação de veículos, os motoristas de aplicativo que locam carros para trabalhar começaram a devolver os automóveis às locadoras em Campo Grande. Associação de motoristas avalia que a Capital perdeu 20% da frota de carros disponíveis nos aplicativos após gasolina encarecer e valor da locação subir 15%.

O presidente da ABLA (Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis), Paulo Miguel Júnior, disse ao Jornal Midiamax que o valor do combustível acaba interferindo diretamente nos valores de locação e também na procura por veículos nos pátios das empresas.

“Efetivamente, todo o aumento no combustível reflete [na locação]. Quando o valor sobe, as pessoas evitam locar os veículos porque o gasto aumenta e quando falamos de motoristas de aplicativos, eles precisam rodar muito mais para poder pagar a locação, o combustível e ainda conseguir tirar a sua renda”, comentou com a reportagem.

Além de combustível, preço de locação também sobe e motoristas desistem de aplicativos
Foto: Henrique Arakaki, Midiamax

A associação ainda não tem disponível um recorte regional sobre os impactos nas locações, mas Paulo pontuou que em muitas regiões, assim como em Mato Grosso do Sul, muitos motoristas estão entregando os veículos por dificuldades em manter.

Gerente em uma locadora na Avenida Afonso Pena disse que, até o momento, a demanda tem sido estável, pois na mesma proporção que há devoluções, também ocorrem procuras, mas com o novo aumento no aluguel, as adesões podem ser impactadas. Além do preço do combustível interferir no valor da locação, a renovação da frota também reflete diretamente no reajuste, explicou gerente. 

“Hoje estamos reajustando de R$ 2 mil para R$ 2,3 mil a locação mensal para os motoristas. O que podemos fazer é manter o valor para aqueles que já alugam com a gente e repassar o novo preço para os novos contratantes”, explicou.

Em outra locadora localizada no Bairro Amambai, a locação partiu de R$ 1,9 mil para R$ 2,2 mil por 30 dias aos motoristas de aplicativo. “A manutenção, frota e o valor do combustível refletem no valor, com certeza”, pontua representante que preferiu não se identificar.

Baixa em 20% na frota da Capital

Paulo Pinheiro, da Applic-MS (Associação dos Parceiros de Aplicativos de Transporte de Passageiros e Motoristas Autônomos), afirmou que ao longo desses últimos dias, a categoria em Campo Grande tem sofrido com o aumento no combustível e no valor da locação dos carros.

Em reportagem desta terça-feira (23), taxistas e motoristas de aplicativos revelaram que começaram a desistir da profissão após alta da gasolina.

“A categoria tem sentido no bolso. A classe tem perdido todos os dias motoristas capacitados, pois não estão conseguindo sanar suas dívidas, muito menos estão levando algum dinheiro para os seus lares, pois o custo é muito alto”, disse o representante da associação, afirmando que na Capital, 20% dos motoristas devolveram os carros às locadoras por dificuldades em manter.

Arrecadação milionária

Uma das alternativas para continuar trabalhando, segundo o presidente da Applic-MS, é a adesão do etanol nas bombas. Porém, se o Governo do Estado cooperasse com os trabalhadores, os impostos sob a gasolina aliviaria o bolso dos motoristas. “As refinarias não ajudam e o Estado muito menos. O nosso estado cobra uma das taxas [ICMS] mais caras do Brasil na gasolina”, disse Paulo.

Em reportagem desta segunda-feira (22), o Midiamax mostrou que, somente em janeiro, o governo de Mato Grosso do Sul arrecadou R$ 266,8 milhões em ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre a venda de gasolina e outros combustíveis nos postos. O valor supera o levantado por São Paulo, Minas Gerais e outros 13 estados no mesmo período.

Questionado, o governador Reinaldo Azambuja disse que, se retirar recursos da arrecadação, ‘o Estado quebra’.  O governador mencionou que Mato Grosso do Sul baixou a alíquota do diesel de 17% pra 12%, bem como a do álcool. “Expliquei o por que. Mato Grosso do Sul é produtor de álcool, não de petróleo, e aumentamos o da gasolina. Hoje é vantajoso abastecer com álcool”, disse o chefe do Executivo estadual.

Conteúdos relacionados