A questão da violência e maus-tratos contra crianças encontra um desafio muito grande quando acontece no âmbito da relação entre pais e filhos. Para muita gente é difícil avaliar até que ponto é legítimo interferir no que seria a forma dos pais educarem seus filhos.

Um caso em chamou muito a atenção. Os pais de uma criança de 2 anos acabaram na delegacia nessa quarta-feira (22), após uma denúncia de maus-tratos. O pai teria sido visto agredindo o menino e o fazendo pedir dinheiro a pessoas na saída de um mercado, no Bairro São Conrado.

A denúncia chegou aos militares por volta das 17 horas, contando sobre as agressões ao menino. Quando os policiais chegaram à residência do denunciado, encontraram muita desordem, mau cheiro e roupas espalhadas pelo quintal da casa. Quando indagado pelos militares, o homem disse que foi criado de uma forma dura nos anos 80, e seria assim que também criaria seu filho.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), maus-tratos são todas e quaisquer formas de lesão física ou psicológica, abuso sexual, negligência ou tratamento negligente, exploração comercial ou outro tipo de exploração com danos potenciais para saúde da . O Código Penal prevê em seu artigo 136  o crime de maus-tratos e considera como ilícita a da vida de crianças sob responsabilidade do agressor.

O que são maus-tratos?

Mas afinal, palmada é um tipo de maus-tratos? Quais os limites nesse contexto? A quem recorrer ao presenciar uma cena dessas? Qual a penalidade que pode incidir contra quem for flagrado em ato de maus-tratos?

“Em relação à palmada, os estudos teóricos somados ao entendimento da legislação, mostram que o abuso físico/violência pode ir desde de uma palmada até espancamento, pois a palmada pode não deixar marcas físicas, mas as marcas psíquicas e afetivas existirão em menor ou maior grau de prejuízo”, diz a psicóloga Ceres Mota, especialista em terapia cognitivo comportamental e Delegada Estadual da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas. “O que ocorre é que muitos pais aprenderam e passaram por essa prática e internalizam esse modelo e continuam repetindo”.

Na opinião dela, evitar que aconteçam os casos por meio de conscientização é melhor que a punição. “Na realidade a palmada ou dizer que depende da situação ou contexto a palmada é uma forma de correção, isso não é verdadeiro. O que acontece é que de imediato ela controla o comportamento da criança  com isso os pais são reforçados porque deu certo,  e continuam usando dessa prática, pois não sabem sobre outras práticas educativas saudável”.

Até que ponto podemos nos meter?

Ceres admite que essa é uma questão delicada. “Isso é complicado, o importante seria fazer campanhas para conscientização e ajudar esses pais também. Pois, eles não aprenderam estratégias de práticas educativas que favorecem o comportamento e o emocional e saúde mental das crianças”.