Hepatite misteriosa: transplante de fígado poderá salvar mais de 60 pacientes por ano em MS
Criação de serviço estadual de transplante de fígado depende de credenciamento do Ministério da Saúde
Aliny Mary Dias –
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Aumento de casos de hepatite aguda grave — a hepatite misteriosa — tem desafiado autoridades de saúde de todo o mundo desde que crianças começaram a ser acometidas com a doença, que ainda tem causa desconhecida. Em Mato Grosso do Sul, um caso segue sob investigação e é o primeiro provável do país. Uma das alternativas no tratamento e a única capaz de salvar a vida de pacientes em casos graves, o transplante de fígado pode se tornar realidade em Mato Grosso do Sul ainda este ano e beneficiar mais de 60 pessoas por ano.
Atualmente, os estados de Santa Catarina e São Paulo são referências em transplantes de fígado. Quando um paciente de Mato Grosso do Sul tem quadro grave, necessita de transplante e consegue o órgão, todo o processo de pré-transplante é iniciado em Campo Grande, mas a cirurgia precisa ser feita fora do Estado.
Com objetivo de ativar o serviço estadual, a prefeitura de Campo Grande, o Governo do Estado e Hospital Adventista do Pênfigo de Campo Grande trabalham para a criação de um Centro Especializado em Hepatologia. Credenciamento do Ministério da Saúde, por meio do Sistema Nacional de Transplantes, é o último passo para ativação do serviço.
Médico-cirurgião, especialista em transplante de fígado, responsável pelo ambulatório pré-transplante do Hospital do Pênfigo e coordenador do projeto, Gustavo Rapassi explica ao Jornal Midiamax que ações específicas na estrutura do hospital já foram feitas e estão em fase de finalização para que o credenciamento seja solicitado.
“Já temos o corpo clínico e em relação à estrutura temos feito muitas alterações direcionadas para isso e as coisas têm funcionado em uma progressão”.
Desde o início dos trabalhos no ano passado, o hospital funciona como ambulatório pré-transplante, com isso, sete pacientes de Mato Grosso do Sul já foram encaminhados para a cirurgia em outros estados. Três deles já foram transplantados e outros quatro permanecem na fila à espera de um fígado.
“Enquanto isso, nosso hospital recebe os pacientes transplantados para o pós-transplante e o acompanhamento desses pacientes ajuda o nosso hospital a entender as necessidades de mudanças necessárias para a realização do transplante na instituição”.
Transplante de fígado pode ser ativado até dezembro
Com o serviço implantado, segundo estimativa da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), 69 transplantes podem ser realizados em Mato Grosso do Sul por ano. O número de cirurgias, no entanto, depende de disponibilidade de órgãos. A expectativa é que o serviço seja ativado no Estado até dezembro deste ano.
Ainda segundo Gustavo Rapassi, em razão de não haver centro de transplante no Estado, não há uma fila única que contabilize quantos pacientes estão à espera de um transplante.
“Sempre tentamos outras medidas antes do transplante. Quando o paciente tem essa indicação, é quando a vida dele depende do procedimento. Ou ele recebe o novo órgão, ou pode vir a óbito”, explica o médico especialista em transplantes.
Secretário de Saúde de Mato Grosso do Sul, Flavio Britto disse ao Jornal Midiamax que a contratualização para a ativação do serviço, após credenciamento do Ministério da Saúde, será feita por meio da prefeitura de Campo Grande. “Não temos definição de quando será ativado esse serviço, estamos na fase de conversas com o hospital, mas é algo que continua na nossa pauta”, diz.
Apesar de não possuir o serviço de transplante, Campo Grande faz a captação de órgãos, como o fígado, que é repassado para unidades de outros estados, onde são feitas as cirurgias. Em outubro do ano passado, a Santa Casa realizou a primeira captação de fígado com equipe própria, o hospital também faz tratativas para ativar o serviço.
Hepatite misteriosa leva crianças a transplante
Médico hepatologista e pesquisador do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Hugo Perazzo, afirma que os casos de hepatite misteriosa registrados em maioria nas crianças menores de 5 anos chamam atenção pela gravidade da doença.
Segundo o especialista, 15% dos casos registrados em todo o mundo necessitam de internação em UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e 10% deles foram submetidos a transplante de fígado.
“É como se tivesse uma falência do fígado na sua função e quando isso acontece precisa ser substituído e por isso é necessário o transplante. Quando uma hepatite aguda tem uma evolução ruim esse deve ser o tratamento”, explica o médico.
A doença grave que atinge o fígado de crianças e adolescentes ainda tem origem desconhecida. Pesquisas lideradas por cientistas do Reino Unido e divulgadas nesta terça-feira (24) relacionam o surto de hepatite aguda com a Covid-19.
Os pesquisadores estudam se crianças e adolescentes com fragmentos do vírus da Covid-19, no sistema gastrointestinal, estão tendo uma resposta imunológica exagerada ao adenovírus 41. Portanto, segundo o que dizem os especialistas, não há relação do surto com eventual vacinação contra a Covid-19.
Como é feito o transplante de fígado
Conforme a ABTO, o transplante pode ser feito de duas formas, a partir de órgão de paciente morto e também de doador em vida.
Primeiramente, é necessário que a família do doador autorize a utilização do órgão. O ideal é que as pessoas, em vida, manifestem às suas famílias a vontade de doar seus órgãos, depois da morte. Este ato pode salvar vidas.
Outra opção é o transplante intervivos, uma modalidade em que permite a retirada de uma parte do fígado de pessoas perfeitamente sadias para doá-lo ao paciente com doença no fígado. É importante destacar que esse tipo de transplante, inicialmente, foi pensado para crianças, devido ao baixo número de doadores nos primeiros anos de vida. Confira aqui mais detalhes sobre o transplante.
Suspeita de hepatite? Saiba o que fazer
Pais e responsáveis devem estar atentos aos sinais de hepatite e procurar um hospital imediatamente caso estejam em dúvida. As crianças com sintomas de uma infecção gastrointestinal, incluindo vômitos e diarreia, devem ficar em casa e não retornar à escola ou creche até 48 horas após os sintomas terem parado.
Além disso, medidas comuns de higiene, como lavagem completa das mãos, ajudam a reduzir a propagação de muitas infecções comuns, incluindo o adenovírus.
Confira os sintomas da hepatite:
- Urina escura
- Fezes pálidas ou cinzas
- Coceira na pele
- Olhos e pele amarelados (icterícia)
- Dores musculares e nas articulações
- Temperatura alta
- Enjoo e náuseas
- Cansaço o tempo todo fora do normal
- Perda de apetite
- Dor de barriga
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