Funcionários recebem vale, mas Consórcio diz que não tem dinheiro para restante do salário

Consórcio também quer reunião com a Prefeitura para pedir mais dinheiro e manter valor da tarifa

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mpms consórcio guaicurus
(Foto: Henrique Arakaki/Midiamax)

O Consórcio Guaicurus pagou nesta terça-feira (28) o vale (adiantamento de 40% do salário do mês seguinte) aos funcionários. Ainda segundo a empresa, no entanto, não há dinheiro em caixa neste momento para quitar o restante do salário na semana que vem. “Por isso a necessidade de uma solução urgente para este problema”, disse André Borges, advogado do Consórcio.

O atraso no pagamento do vale foi o motivo pelo qual os motoristas cruzaram os braços na última terça-feira (21). O adiantamento é pago tradicionalmente no dia 20 de cada mês. Sem ônibus, a Capital viveu um dia de caos, com trabalhadores recorrendo a caronas, vans e corridas por aplicativo com valores muito acima do normal.

Consórcio pede R$ 5 milhões por mês para manter passe em R$ 4,40

O Consórcio Guaicurus pede repasse mensal de R$ 5 milhões da Prefeitura de Campo Grande para descartar o aumento do passe de ônibus, hoje em R$ 4,40. A informação partiu do advogado André Borges, que participaria de reunião, anteriormente marcada para as 14h desta segunda-feira (27), mas cancelada pelo Executivo municipal. Ainda conforme André, apesar da urgência, nova reunião ainda não foi marcada.

Vale ressaltar que o Consórcio Guaicurus foi beneficiado no início do ano com o ‘perdão’ de R$ 2,7 milhões referente ao ISS (Imposto Sobre Serviços) referente a todo o ano de 2021. Além disso, conseguiu a aprovação de aporte de R$ 12 milhões do município — referentes ao repasse mensal de R$ 1 milhão —, totalizando R$ 14,7 milhões para os cofres da empresa.

Assim, o Consórcio Guaicurus obtém por mês R$ 1 milhão repassado pelo município, somado às passagens utilizadas pelos passageiros da Capital. O valor, segundo a Prefeitura, representa a diferença que o município custeia para que a tarifa tenha o valor técnico de R$ 5,15. Além disso, o montante milionário também inclui o custeio total da gratuidade do transporte de alunos de escolas públicas e de idosos.

A reunião, que foi adiada, vai servir para a prefeitura dar uma resposta ao pedido do Consórcio Guaicurus, que pleiteia o repasse de R$ 5 milhões ou reajuste do passe de ônibus para R$ 6,16 (na tarifa técnica). De acordo com Borges, o conglomerado busca ouvir soluções por parte da prefeitura para que o alegado problema financeiro da empresa seja resolvido.

Julgamento pode anular contrato com Consórcio Guaicurus

A reunião entre Prefeitura de Campo Grande e Consócio Guaicurus pode ocorrer na mesma data do julgamento que pode anular a concessão do Consórcio Guaicurus, marcada para terça-feira (28). Desde 2012, o grupo de empresas explora o transporte coletivo da Capital com estimativa de faturar até R$ 3,4 bilhões até 2032, último ano de vigência da concessão.

Marcada para o próximo dia 28 de junho, a audiência de instrução e julgamento será presidida pelo juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos. O julgamento dá início ao desfecho de um processo de investigação iniciado em 2019 pelo MPMS (Ministério Público Estadual) e que chegou ao Judiciário em setembro de 2020, em forma de ação civil pública.