Dor na barriga a lesões graves na pele, varíola dos macacos matou paciente em 22 dias

Artigo publicado um mês após primeira morte no Brasil detalha evolução da varíola dos macacos

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varíola dos macacos
Paciente teve primeiros sintomas em 7 de julho (Foto: Artigo Revista SBMT)

Um mês depois do registro da primeira morte causada pela varíola dos macacos no Brasil, em Minas Gerais, detalhes da evolução do quadro de saúde do homem de 41 anos foram publicados em artigo científico na revista da SBMT (Sociedade Brasileira de Medicina Tropical).

Segundo o médico infectologista Julio Croda, que compartilhou o artigo nas redes sociais nesta terça-feira (30), essa foi a primeira morte de paciente da doença nas Américas durante o surto, iniciado em maio na América do Norte e Europa.

De acordo com o artigo assinado pelos médicos Yargos Rodrigues Menezes e Alexandre Braga de Miranda, que atuam em Belo Horizonte e fizeram parte do corpo clínico que atendeu o paciente, os primeiros sintomas se manifestaram em 7 de julho.

O homem de 41 anos, que morava em Belo Horizonte, teve erupções na pele que iniciaram na barriga e também reclamou de dor na região do umbigo. Dois dias depois, o paciente teve diarreia, fraqueza e mal-estar. Até esse dia, o homem não apresentava febre.

Segundo os médicos, rapidamente as lesões na pele aumentaram e no dia 14 de julho o corpo do paciente estava tomado pelas erupções. Neste dia, o paciente foi transferido para o Hospital Eduardo de Menezes, referência em Belo Horizonte para tratamento de doenças infecciosas.

O relato científico detalha que o brasileiro não tinha histórico de viagem, mas que teve contato, em 30 de junho, com uma pessoa que esteve em viagem. Ainda segundo os médicos, o paciente era portador do vírus HIV desde 2005 e estava em tratamento regular desde 2021, com carga viral indetectável desde novembro do ano passado.

O paciente também tratava um linfoma de grandes células em metástase na coluna, crânio e fígado. O primeiro ciclo de quimioterapia foi iniciado em fevereiro de 2022.

A coleta de material para testar o paciente para varíola dos macacos ocorreu em 15 de julho e o resultado foi positivo.

O estado de saúde do paciente piorou, até que ele precisou de auxílio para respirar em 23 de julho. No dia seguinte, o homem teve inchaço no pênis e obstrução para urinar. Em 27 de julho, a capacidade respiratória do paciente piorou e ele precisou ser transferido para o CTI (Centro de Tratamento Intensivo). O homem não resistiu e morreu no dia seguinte, em 28 de julho.

A morte confirmada como em decorrência da varíola dos macacos ocorreu em 29 de julho, pelo Ministério da Saúde.

Detalhes na íntegra do artigo que está em inglês e detalha as condições do brasileiro vítima da doença podem ser conferidos neste link.

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20 dias após primeiros sintomas, homem tinha corpo tomado pelas lesões (Foto: Artigo Revista SBMT)

Varíola dos macacos em Mato Grosso do Sul

Na atualização de casos divulgada nesta terça-feira (30) pela SES-MS (Secretaria de Estado de Saúde), Mato Grosso do Sul tem 19 casos positivos da varíola dos macacos.

Ao todo, 69 são considerados suspeitos e aguardam resultado de exame laboratorial. Apenas em agosto, o Estado contou com 111 notificações da doença, maioria descartada após realização de exames.

Mato Grosso do Sul segue à espera do envio de vacinas e remédios antivirais prometidos pelo Ministério da Saúde para imunizar moradores e tratar pacientes. Ainda sem prazo para o recebimento ou informação sobre quantos lotes serão enviados, a Secretaria Estadual de Saúde critica a falta de definição sobre o público-alvo.

Enquanto não recebe orientações do Ministério da Saúde, a SES segue acompanhando a evolução da doença no Estado que, segundo o secretário estadual Flavio Britto, está “muito veloz”. No início do mês, comitê estadual foi criado para definir ações integradas de enfrentamento à doença.

Contágio da varíola dos macacos

Conforme as autoridades em saúde, as principais formas de contágio da doença são:

• do contato com roupas ou lençóis (como roupas de cama ou toalhas) usados por uma pessoa infectada; 

• do contato direto com lesões ou crostas de varíola de macaco; 

• da exposição próxima à tosse ou a espirro de um indivíduo com erupção cutânea de varíola. 

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