Diariamente, profissionais deixam suas residências para visitar outras casas. Levando informação, combatendo doenças e auxiliando aqueles que necessitam. Esse trabalho de formiguinha e quase imperceptível na movimentada rotina das cidades é peça-chave na engrenagem que é o Sistema Único de Saúde (SUS). 

Tais profissionais, celebrados neste 4 de outubro, são os Agentes Comunitários de Saúde e os Agentes de Combate às Endemias. tem 2.159 destes profissionais que enfrentam o sol, chuva, frio, calor e demais percalços do caminho para chegar a casa de cada morador – até daqueles que não permitem a entrada na residência. 

“Uma grande dificuldade que temos são os moradores que não aceitam o agente, principalmente nas áreas mais nobres e nos condomínios. Dizem que não dependem do SUS, mas todo mundo precisa”, conta o agente comunitário de saúde José Antônio Rodrigues, 48. Ele explica ainda que o recurso enviado do Ministério para cada município para combate às endemias, por exemplo, depende do número de pessoas cadastradas no e-SUS, sistema usado pelos agentes municipais. 

Em Campo Grande, por exemplo, apenas 82,8% da população total está cadastrada atualmente. “O agente de saúde é um elo entre a comunidade e a unidade de saúde. Leva a unidade para dentro da casa. A cidade gasta muito com saúde hospitalar, sendo que as doenças poderiam ser prevenidas justamente com essa orientação”, afirma Antônio. 

Há 25 anos, Antônio dedica a vida à profissão e conta que neste tempo enfrentou várias batalhas, como o reconhecimento da profissão, a aprovação do piso salarial e a exigência de uma qualificação técnica. 

“Sempre estive à frente das lutas, idas a Brasília. Desde 2006, lutando pela aprovação do piso salarial, que foi um momento muito importante para mim. De vitória para toda a categoria”, diz ele sobre a Emenda à Constituição 120/2022 regulamentada em maio de 2022. 

Dia a dia na rua

Janicleia de Lima é Agente de Combate às Endemias há 17 anos em Campo Grande. Ela explica que sua profissão é responsável por informar a população sobre o Aedes aegypti, que transmite a dengue, a chikungunya, a zika e a febre-amarela urbana. O agente de endemias também pode atuar combatendo o mosquito.

“O agente é importante porque é ele que está no campo, que mapeia toda a região, identifica os problemas e passa para a coordenação. É em cima desse trabalho que é feito o fumacê, por exemplo”, explica ela sobre a importância das visitas realizadas de casa em casa pelos profissionais. 

Há 17 anos nas ruas de Campo Grande, Janicleia diz que já viu muita coisa, ajudou muita gente e tem histórias para contar. “É um trabalho que eu gosto de fazer porque estamos juntos com a comunidade. Um trabalho de ponta. É um trabalho de orientação, principalmente quando a gente se depara com situações insalubres, quando tem pessoas passando dificuldades e podemos orientar para que essa pessoa encontre melhorias”.